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Capítulo 8 - A Batalha da ESACA
ENFIM, A GUERRA! A gente ficava fazendo aquele bando de grupo de choque, grupo de combate, tiro e marchas e achava que nunca ia ter que usar nada daquilo. Mas nós, não. Estávamos tranquilos, na nossa guarda, e a guerra veio até nós. A porradaria rolava solta lá fora, atiraram uma pedra na porta do TG e o nosso colega, o bravo 39 estava estendido lá fora, no chão, o fuzil de um lada e a inseparável garrafa de café do outro.
- Gente, agora não dá pra segurar. Nós temos que sair, falei.
- Mas, como é que a gente vai fazer, 18? Só temos um mosquetão, aquele que tá lá fora, no chão, perto do 39, disse o 15. E, se formos desarmados, tem muita gente pra encarar!
Era mesmo uma multidão, gritando, xingando, dando “voadora”, embora a maioria queria mesmo era a farra, a bagunça, a cachaçada fazendo efeito.
Lembrei-me de uns bastões amarelos de madeira com os quais praticávamos ordem unida e falei pro 12:
- Pega aqueles bastões e vamos lá fora!
Ajeitamos as fardas e saímos. Lá na guarita, fomos até o soldado caído, mas este já havia se levantado, assustado com aquela confusão toda. Na verdade, ele tinha dormido e ainda estava meio zuado. Falei:
- Fica firme aí que nós vamos tentar dar um jeito nessa confusão!
Pode parecer brincadeira, mas, sob aquela pressão toda, levantamos a cabeça, aprumamos o corpo, e caminhamos, os três, assim bem separados um do outro e caminhamos com firmeza, rumo à briga. O medo era muito, mas sabíamos que aquela era a coisa certa a ser feita.
E aí uma coisa estranha aconteceu: diferente de hoje, onde nada é sagrado, e nada é respeitado, quando nos viram saindo da sede, os vizinhos foram chegando até as varandas e até seus portões, para nos apoiar. Uns reclamavam, outros até aplaudiam, mas o fato é que aquela farda tinha um peso, e isso ficou claro quando nos aproximamos. Os valentões foram se afastando, um a um, até restar dois atiradores que, nos vendo com aqueles cacetões na mão, também raparam fora.
Respiramos aliviados, e fomos voltando para a sede do tiro quando deparamo-nos com um espetáculo que pouca gente viu: o nosso sargento, totalmente descomposto. Estava meio barbudo, com o cabelo arrepiado para cima, com um pijamão amassado e, por cima, uma blusa de lã, além de estar calçado com meias e chinelos, mas não eram os do 39, com certeza.
Fiz a continência, me apresentei e relatei a confusão. Eu já tinha uma certa quedinha para a oratória e falei:
- Sargento, foi um pequeno distúrbio entre civis, mas tudo já está sob controle!
Ele ainda perguntou se havia algum atirador envolvido, mas, a esta altura, eu já nem me lembrava de nada, e ficou tudo por isso mesmo.
Voltamos para o quarto, o 12 assumiu o posto do 39, e fomos dormir, não sem antes recontar a aventura um monte de vezes.
Levantei bem cedinho e fui direto abrir os plásticos com as colchas que não podiam, EM HIPÓTESE ALGUMA, ser utilizadas pelos atiradores. Eram umas colchas chiques, semelhantes aos atuais cobertores fleece, porém de um material que parecia não sintético. Pedi à galera que me ajudasse a colocá-los na cama, com extremo cuidado. Tudo arrumadinho, fomos tomar café, e já começamos a discutir sobre a corrida de Fórmula 1 que ia acontecer dali a pouco, em Jarama na Espanha. Torcíamos pelo carro do Emerson Fittipaldi, mas não tínhamos muito esperança. E, naquele domingo, ainda tinha futebol (Botafogo x Fluminense) e nem sabíamos ainda como havia terminado a luta do Eder Jofre com o francês Michel Lefebvre que tinha sido na noite anterior. Vendo que o 39 ia se aproximando, o 15 empurrou levemente o pé da cama, coisa que sempre fazíamos pois, como o pé era solto, bastava empurrá-lo que a pessoa sentava e a cama caía. Foi aí que...
Vejam, na semana que vem, agora sim, “Feito nas Colcha” e o fim de um sonho de domingo. Ah, o Éder Jofre ganhou do francês, por nocaute, no terceiro assalto!
(Crônica: Jorge Marin)
Rege a lenda, que certa vez, o Tiro de Guerra, foi fazer uma caminhada até Roça Grande. No intuito de descansar, fizeram uma breve parada no trevo. Tudo teria sido muitíssimo rápido, pois serviria também, para que se treinasse a retirada e recolocação da mochila no mais curto espaço de tempo. E dessa forma foi!
ResponderExcluirPouco mais adiante observaram que havia desaparecido um elemento da tropa. Mesmo assim seguiram em frente.
So depois, quando já estavam retornando, é que foram deparar com o tal atirador, que ainda no trevo, tentava a todo custo recolocar a mochila nas costas.
Também de um amigo obtive o seguinte:
Servi com este atirador da mochila, que por sinal, veio a ser protagonista de outro fato muito engraçado, ou seja:
Depois de varias vezes ser chamado de tarado, aproximou-se de seu superior e disse:
- Não o admito que me chame de tarado! Sou Católico Apostólico Romano! Não admito mesmo!
E tem mais! Continuou ele:
- Andei conversando com meu pai e resolvi não servir mais!!!
abraços
Serjão