sexta-feira, 27 de agosto de 2010

PERERECA EM PEQUERI



Capítulo Final - Cara a cara com a perereca

Por que será que os rapazes têm essa fixação por orifícios? Esta pergunta, mais do que uma questão filosófica, é como terminamos nosso episódio da semana passada: um bando de marmanjos, se acotovelando no fundo de um palco, para uma possível olhadela num banheiro feminino. Como diz o provérbio, a realidade nunca dá tanto quanto a imaginação promete. Mas, neste caso, a imaginação era muito fértil. Para evitar um conflito sangrento, que levantaria suspeitas ao público do baile (é gente, o baile não parou), foi feito um sorteio.
Fui o segundo no par ou impar, mas, para minha felicidade, aquele que seria o primeiro teve, naquele justo momento, que voltar para o palco. Então, muito a contra gosto assumi a primeira colocação. Mas teria, a pedido dos demais, a incumbência de ir narrando, passo a passo, tudo que via. Dessa forma, após subir num pequeno banquinho, lá fui eu, já com as pernas meio bambas, dar minha modesta espiadinha. E o baile, enquanto isso, corria solto! Haja coração!
De imediato, reparei que o local deveria ser uma sala anexa aos banheiros, pois o que mais se via era mulher retocando maquiagem, cabelo, abotoando calça e ajeitando sutiã.
Pelos meus cálculos, o buraco, coincidentemente, teria varado próximo à pia e um pouco abaixo do espelho. Até o momento, eu ia narrando, somente nariz, e muito nariz era minha principal visão.
Um tanto decepcionado, e já pensando em passar a vez ao próximo, eis que, repentinamente, me entra no recinto uma linda morena de olhos verdes. Aparentava pouco mais de vinte e cinco anos. Desta forma, sentindo nas entrelinhas que finalmente era chegado o meu grande momento, pedi que aguardassem um pouco mais! Foi difícil convencê-los, mas consegui!
E lá veio ela se aproximando. A expectativa foi geral e um imenso silêncio tomou conta de todos nós.
Ficando frente ao espelho, e já quase cara a cara comigo, após dar uma bela ajeitada no sutiã, ameaçou tirar a blusa. Nesta hora, não se ouvia um único gemido do nosso lado. Pensando bem... até que se ouvia!!!
Enquanto minhas pernas ainda mais tremiam, procurava, na medida do possível, ir narrando aos distintos parceiros, detalhe por detalhe, tudo aquilo que estava vendo.
Era um empurra empurra danado, pois todos queriam acompanhar, em tempo real, e da melhor maneira possível, minha narrativa. O negócio era ver, ou simplesmente imaginar, o que realmente estaria acontecendo do outro lado daquela porta.
Já no ápice daquele que seria o grande momento, quando a cena parecia que finalmente iria ser bondosa comigo, o inusitado mais uma vez acontece.
A linda morena, ao se aproximar perigosamente do buraco, simplesmente, num ato de extrema falta de educação com minha escondida pessoa, após sacar da boca uma bela dentadura, se é que podemos dizer que exista algum grau de beleza naquilo, ainda começaria, a menos de meio palmo do meu nariz, escová-la com os dedos.
- E lá se foi minha musa! - pensei! Por sinal, sem um dente sequer na boca. Isso pra não falar que um pequeno rastro de mau hálito ainda conseguiria ultrapassar aquele pequeno orifício.
Eu, enquanto isso, para não perder a pose, e muito menos sem deixar que a peteca caísse, continuei simplesmente a narrar pra galera, aquilo que na verdade não estava vendo. Ou seja, um strip completo. Foi torturante, mas acredito que fui capaz de enganá-los. A eles e a mim!!!
Neste meio tempo, o baile já estava quase terminando. Seria bem melhor que estivesse tocando! E como! Pelo menos não teria sido tão broxante!
Indispensável introduzir aqui algumas considerações odontológicas sobre a perereca. Um dentista, que nos prestou assessoria para esta história, informa que este é o nome popular da P.P.R. (Prótese Parcial Removível), colocada provisoriamente na boca da paciente que aguarda a oportunidade de fazer um implante. Ou seja, o caminho natural, segundo nosso profissional, é que a moça tire a perereca para que o dentista possa implantar o fixo, ou fazer o enxerto, segundo ele. Lembrou que é altamente recomendável que não se durma com a perereca na boca pois, ainda segundo o odontólogo, há um risco, pequeno, de engoli-la. Se bem que, conclui, os riscos são menores nos dias de hoje, pois as pererecas possuem um tamanho mais avantajado. Eu, hein?
Já na volta, e pra finalizar, devido a uma certa intolerância que alguém tinha a temperos e condimentos, tivemos que, por duas ou três vezes, parar na beira da estrada para que assim, pudéssemos abrir a Kombi. O negócio era evacuá-la o mais rápido possível (aliás, a sensação é de que ela já estava toda evacuada). Coitado do Zé. Só ele levava a culpa. Com o tarol no colo, vinha sempre cochilando sossegadamente, no banco da frente. Sempre entre a Nely e o motorista. Mas era constantemente acordado por ela. Furiosa, acusava o pobre irmão de estar fingindo dormir, no intuito de poder ficar praticando o tal indecoro flatulamentar.
Mas eu tenho absoluta certeza de que não era ele!!!

(Crônica: Serjão Missiaggia / Adaptação: Jorge Marin)

5 comentários:

  1. Oia o bigodon do Belasques!!!!

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  2. SENSACIONALLLLLLLLLLLLLLLL
    Essa de dar “pum” em viagem era coisa muito comum no meio musical. Geralmente aqueles lanches que eram servidos de madrugada tinham muito tempero. Os gases mortais eram liberados em doses homeopáticas durante o baile para depois fazerem aquele estrago na viagem.
    So mesmo parando no meio da estrada e abrindo todas as portas da Kombi.

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  3. Teve uma vez que juntamos uma grande turma e alugamos a Kombi do Machadinho pra acompanhar o conjunto num baile a Pequerí. Foi uma aventura inesquecível. Chegamos quase juntos com o conjunto e foi aquela surpresa. Bons tempos!

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  4. Nosso contrabaixista Marcio, sempre foi uma pessoa muito alegre e gozadora. Divertíamos-nos muito com ele devido ao seu peculiar bom astral e senso de humor.
    Nesta época, já com seus dezoito anos, de certo modo, juntamente com a Nely, se sentia um pouco responsável pelos demais integrantes do conjunto.
    E foi numa de nossas idas a cidade de Pequerí que ele veio aprontar mais uma das suas.
    Tudo aconteceu quando, momentos antes do baile, ele nos acompanhou a um boteco, para que pudéssemos dar uma “esquentada na goela”. Nely, nesta hora, estava ajudando a fazer a montagem de palco e nem percebeu que havíamos dado uma fugidinha.
    Assim, ao entrarmos no recinto, o balconista, mais que depressa, foi chegando até nós e logo perguntando- “O que a rapaziada deseja?” E um a um, fomos fazendo nosso pedido, por sinal o mesmo: “Um conhaquezinho!”
    Quando chegou à vez do Marcio ele simplesmente, olhando para o balconista e já com um severo ar de reprovação, após acender seu famoso cachimbo e dando uma suave encostada no balcão, de imediato respondeu:- “Um cafezinho, por favor!”
    Só sei que, neste referido cafofo, não havia nada que fizesse lembrar café. E estava lotado de “bebum” Não teve uma santa alma, naquele momento, que não ficou olhando admirado, para nosso “guardião” Belasques.
    Até uma partida de sinuca que, estava acontecendo bem ao lado do balcão, foi interrompida enquanto o cafezinho era servido.

    Essa de dar “pum” em viagem era coisa muito comum no meio musical. Geralmente aqueles lanches que eram servidos de madrugada tinham muito tempero. Os gases mortais eram liberados em doses homeopáticas durante o baile para depois fazerem aquele estrago na viagem.
    So mesmo parando no meio da estrada e abrindo todas as portas da Kombi.

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  5. Numa dessas viagens a Pequerí alguém teve a infeliz idéia de inventar algo diferente para que os componentes do conjunto pudessem apresentar mais presença de palco.
    Colocaram-me uma roupa branca super esquisita (ficou terrível)
    Aproveitamos a presença do Dantinho que, nesta noite, teria chegado lá de carona e esticamos tanto o cabelão dele que, juntamente com um cobertor, que lhe foi jogado nas costas ficou parecendo um ET Voador. O colocamos no palco como se fosse do conjunto e fingindo que estava fazendo Back Vocal, foi um tremendo sucesso! Enfiamos um saco no Antonio (verdadeiro espantalho) enquanto ficávamos pedindo a ele que não parasse de mexer:
    - Mexe Antônio! Precisamos melhorar a coreografia do conjunto! E ele simplesmente virava de um lado pro outro que nem aquele Robô de Perdidos no Espaço. Foi muito engraçado. Só não me recordo agora o que teria sido bolado pro resto da turma

    Serjão.

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