sábado, 21 de agosto de 2010
PERERECA EM PEQUERI
Capítulo 1 – O orifício no escuro
Ô trem bão era tocar em Pequerí! Meu local predileto.
Certa vez, pra variar, alguns fatos, a meu ver, dignos de registro vieram a acontecer. Se bem que, remexendo um pouco mais a memória, eu não tenho tanta certeza de que os fatos a seguir aconteceram lá mesmo. Será que aconteceram em outro lugar? Ou será que, pela gravidade dos mesmos, eu acabei esquecendo algum detalhe comprometedor, ou recalcando, como diz o Jorge?
O que me lembro, com certeza, é que era uma cidadezinha muito simpática e agradável. Mas, êta lugarzinho para fazer frio!
Não! Na oportunidade não teria sido o Pytomba. Vejam a memória censurando! Se bem que, nesta época, integravam o conjunto da Nely (Popsom): o Sílvio Heleno, o Dalminho, o Márcio e eu. Ah! Já ia me esquecendo. Também o Macu.
Logo que começamos a descarregar nossa mega-aparelhagem, mais uma vez uma certa apreensão tomaria conta de todos nós, pois, estando o local totalmente vazio, éramos recebidos apenas pelo seu administrador. Nenhuma santa alma pra contar história. Parecia que estávamos numa cidade fantasma. Um cenário digno de Hotel Califórnia.
Coisa mais interessante acontecia lá: bastava apenas um pequeno toque na guitarra para que, em milésimos de segundos, o local fosse literalmente invadido por centenas de pessoas. Como se quase toda a população da cidade surgisse do nada, como verdadeiros ninjas.
Oberon, nesta noite, levou um baita choque no beiço, ao colocar a boca no microfone. Sem que conseguíssemos descobrir o defeito, tivemos, como única opção, de ir, a pleno baile, numa construção próxima ao clube, para pegar algumas tábuas de andaime emprestadas. O negócio era colocá-las no piso do palco, para que assim ficássemos imunes aos choques. Imaginem vocês quando, de repente, surge, no meio da pista de dança, o Oberon, com uma tábua de quase cinco metros na cabeça. E não é que o pessoal achou que poderia ser coreografia do conjunto? Muitas palmas e um monte de gente dançando alegremente, fazendo trenzinho atrás do nosso saudoso guitarrista.
O baile ia, até então, transcorrendo dentro da normalidade, e eu, neste momento, na tumbadora, esperava apenas que nosso inesquecível Zé desse o sinal, e assim, numa já combinada troca de instrumentos, revezássemos uma sequência de músicas.
Antes mesmo que isso acontecesse, e ainda na tumbadora, dei uma breve olhada para o fundo do palco, e senti que uma movimentação estranha acontecia. Um zunzum sinistro começava a deixar-me com a pulga atrás da “oreia”. No momento, pude observar que alguns componentes, antes descansando nas coxias, começaram repentinamente a se agitar sem parar. Desta forma, mais que depressa, larguei o instrumento e, num belo ato de solidariedade, fui para trás do palco, para saber o que tanto estariam articulando meus nobres amigos.
Alguém, que agora me foge à memória, teria simplesmente descoberto que o palco fazia parede de meia com o banheiro feminino. Até aí, nada demais, se não fosse pelo simples fato de, também, ser separado por uma velha porta, porta esta que, para nossa felicidade, já estava bem maltratada.
Então, numa breve reunião, resolvemos fazer, escondidos da Nely, o que todos já devem estar imaginando: “um buraco na porta”. Se bem que, acaso ela soubesse, seria bem capaz de ajudar-nos também a fazê-lo, moleca que sempre foi.
Assim, despistadamente, enquanto acontecia o intervalo, começamos então a preparar o ambiente para o grande “furo” de reportagem. Nosso objetivo era ficarmos o máximo possível ocultos, enquanto o orifício era feito. E quanta emoção naquela sedutora aventura recheada de hormônios!
Primeiramente, procuramos empurrar, para bem próximo do local, alguns vasos, que se encontravam nas laterais do palco. Fizemos o mesmo com aquelas imensas caixas de som do aparelho de voz.
O ambiente ficou perfeito. Ninguém, na pista de dança, seria capaz de nos ver.
Sendo assim, ao recomeçar o baile, enquanto alguns (poucos) optaram em ficar tocando, a maioria quis mesmo é ficar no furo do buraco.
Enfim, com a ajuda de uma chave de fenda, a velha porta, finalmente, seria vazada. Quanta emoção! Enquanto o baile, transcorria naturalmente, amontoávamos uns sobre os outros, querendo, a todo custo e ao mesmo tempo, poder encostar o nariz na porta e tacar logo o olho no bendito orifício.
O que acontecerá? Retornará o tão disputado buraco, o prazer procurado pelos nossos bravos artistas? Não percam, na próxima semana, a parte final, nua, crua e explícita, desta luxuriante aventura.
(Crônica – Serjão Missiaggia / Adaptação – Jorge Marin)
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Nosso grande e saudoso Oberon.
ResponderExcluirÉ de se imaginar ele entrando com uma tabua nos ombros em pleno baile.Rsrsrsrsrsrsrs
Teve uma vez que juntamos uma grande turma e alugamos a Kombi do Machadinho pra acompanhar o conjunto num baile em Pequerí. Foi muito divertido e se não estou enganada entre nós estariam Tõe, Clarê, Eucí, Dantinho, Bete, tia Irineia. Pena não me lembrar de todos.
ResponderExcluirChegamos logo depois que o conjunto ter descarregado os instrumentos e foi àquela surpresa. Dançamos pra caramba. Foi muito bom e inesquecível!