sábado, 7 de agosto de 2010

NELY GONÇALVES: LENDA VIVA DA CULTURA SANJOANENSE



Capítulo 4 - Mar de Espanh, o remake

Certa vez, fomos convidados para tocar em Mar de Espanha. Eu, nesta época, estava apaixonado e no auge de uma paquera. Coincidentemente, nesta mesma noite, haveria um superbaile com o conjunto Solfas no Operário, e eu tinha informações precisas de que minha musa estaria lá.
Por outro lado, minha curiosidade em conhecer Mar de Espanha era imensa. Enquanto meu coração falava de um lado, pedindo pra não ir, a turma insistia do outro dizendo que eu não poderia faltar. Finalmente, após ouvir a voz da paixão musical, decidi partir para “Além Mar”.
Enquanto descíamos a escadaria do Operário, com nossos instrumentos, que mais pareciam uma mala de viagem, o conjunto Solfas subia com seus enormes duplex.
Certo ar de arrependimento começava a bater mais forte, e um pouco mais eu teria desistido. Mas a Kombi já estava ligada e só faltava minha presença para fechar a porta e por as rodas na estrada.
E desta forma aconteceu, e lá fomos nós.
Depois de quase duas horas de viagem, e chegando num ponto onde já começávamos a visualizar a cidade, ao darmos uma parada num entroncamento, perguntamos a um transeunte como chegaríamos ao nosso destino. Foi aí que comecei a deduzir que no centro da cidade é que não seria. Neste exato momento, acabava de se instalar meu primeiro arrependimento.
E quando o cidadão nos ensinou como faríamos pra chegar ao local?
- Vocês quebram a direita, depois quebram a esquerda, quebram de novo à direita e quebram no poste pra esquerda. Estava instalado meu segundo arrependimento. Uma quebrada a mais e teríamos chegado de volta a São João!
E assim, quebrando de direita em direita, fomos seguindo em frente, tipo assim, meio pra trás... visualizando a cidade se distanciar cada vez mais da gente, ou seja: ela para um lado e nós pro outro. Foi quando o Dalminho, nesta hora, se manifestou assustado:
- Gente! A cidade tá ficando pra lá! Entre risos e desconfiança, pintou meu terceiro arrependimento.
Nesta noite, havia chovido bastante e começamos a descer por uma rua escura e sem calçamento. A Kombi deslizava tanto que chegamos até a passar do lugar. Com muito custo, demos um retorno e conseguimos estacionar em frente ao suposto local. Digo ao suposto local, pois somente depois ao olhar o número da placa do imóvel, é que tivemos certeza que estávamos no lugar certo. Fomos descarregar:
Ao descer da Kombi, atolei de imediato meu sapato recém-engraxado no barro. E pra sair dali? Foi preciso improvisar uma tábua entre a Kombi e a entrada pois, do contrário, ninguém entrava, ninguém saía. E eu muito menos desatolava. Pensei em pegar uma carona e, imediatamente, voltar, mas, naquela altura do campeonato, o custo benefício seria bem maior se ficasse. Pintou aí meu quarto, quinto e sexto arrependimentos.
Ao adentrarmos no recinto, a visão foi catastrófica. Poucos acreditariam. Não tinha uma santa alma, a não ser o dono do estabelecimento que, com um rodo na mão, puxava água e barro de dentro do local. Meu Deus! Que que eu vim fazer aqui? Já angustiado, não parava de pensar um só minuto no baile com o Solfas, aqui em São João. E a ficha cairia de vez!
Final da história: fiquei tão decepcionado que, antes mesmo de ter chegado à metade do baile, desmontei a tumbadora, coloquei atrás da bateria, deitei em cima dela e dormi até o baile acabar.
Ao chegarmos de volta, e já no Operário, enquanto subíamos as escadas descarregando nossa aparelhagem, simultaneamente a nós, vinha também a equipe do Solfas, descendo com as suas.
Num ato de extremo masoquismo, ainda tive a infeliz iniciativa de perguntar como teria sido o baile. Responderam-me que teria sido um dos melhores que haviam feito por estas bandas. Bem feito pra mim!!!
NA PRÓXIMA SEMANA: Nely doente e o fim do sossego no Hospital São João.

(Crônica – Serjão Missiaggia)

No sábado passado, quando estávamos discutindo sobre a postagem desta semana, fomos surpreendidos, por um anúncio na TV, sobre a participação, no quadro Lata Velha do programa Caldeirão do Huck, de, nada mais, nada menos, do que o proprietário do local onde o causo de hoje aconteceu. Sim, aquele mesmo de rodo na mão. Aí, pintou aquela dúvida: contamos? Não contamos? Mas resolvi, por conta própria, relatar este fato para vocês, não apenas por se tratar de uma incrível coincidência, mas também para as pessoas que queiram conhecer a figuraça que é este cidadão de Mar de Espanha, hoje famoso e que, num momento iluminado, chamou o Pytomba para abrilhantar a noite mardeespanhense. É assim mesmo?

(Comentário – Jorge Marin)

5 comentários:

  1. DIZER O QUE DESTA AVENTURA MALUCA ?Rsssssssssssss
    O LEGAL QUE VOCES ERAM FELIZES E SABIAM!
    ABRAÇOS EM TODOS EM ESPECIAL A VOCE NELI!

    ResponderExcluir
  2. É isso aí, meu caro Jorge
    “Quando se está fazendo arte, parece que o mundo começa a conspirar a favor”.

    ResponderExcluir
  3. Era o Bar do Zezin Pipoqueiro!!!
    Essa foi D+
    Muita coincidencia!

    ResponderExcluir
  4. É Serjão ...A unica coisa que me marcou muito naquele baile com o conjunto Solfas foi o tamanho das caixas da aparelhagem e sua cor VerMeLhA. Muito diferente de tudo q a gente estava acostumada

    ResponderExcluir
  5. Ei gente acho que esta historia aconteceu também com "os Cobrinhas" tocamos la no bar do Zezinho Pipoqueiro.
    Daniel(baixo) Os Cobrinhas

    ResponderExcluir

BRIGADU, GENTE!

BRIGADU, GENTE!
VOLTEM SEMPRE, ESTAMOS ESPERANDO... NO MURINHO DO ADIL