quinta-feira, 26 de agosto de 2010

NO CASAMENTO, QUEM É QUE PAGA O PATO?



Quarta é dia de futebol e, navegando em busca dos lances da partida, encontro um confronto que não é da área dos esportes: é o confronto, ferrenho, entre o jogador Alexandre Pato e Stephany Britto. Casados por alguns meses, o que está em disputa, neste momento, é o valor da pensão teoricamente “devida” pelo jogador à sua jovem ex-esposa. Uma juíza determinou o pagamento, em sentença já suspensa, do valor de 20% dos rendimentos do atleta, algo em torno de R$130 mil/mês. Respeitando naturalmente a decisão da justiça, e também as particularidades do casal, eu fico me perguntando o que, exatamente, Pato fez à sua ex-mulher, nos poucos meses em que estiveram casados, para ser obrigado a pagar uma soma tão elevada?
Alguns irão argumentar que o valor não é tão alto para quem ganha o tanto que o jogador arrecada nos seus múltiplos contratos dentro e fora de seu clube, o Milan. Outros dirão do direito romano, da defesa do matrimônio, usando para isto, uma parte do patrimônio. Ora, ora: o jogador realmente ganha muito dinheiro, mas conquistou esta renda exclusivamente com seu talento, sua competência e seu trabalho. E, quanto ao direito romano, alguns séculos nos separam da Lex Aquilia.
À esposa, segundo nos informa a imprensa, foi pedido o afastamento do trabalho de atriz que exercia, pelo marido, que preferia que a mesma permanece ao lado dele, na residência do casal, em Milão. Ao que parece, nenhuma objeção foi feita, tendo sido a solicitação acatada com muito gosto. Portanto, havia um acordo entre o casal, para que a esposa assumisse a tarefa tão (injustamente) criticada de dona de casa. Em caso do fim do laço conjugal, que ninguém esperava durar tão pouco, o que entendo ser justo é que o marido solicitante do “sacrifício”, passasse a pagar, temporariamente e até que a jovem se reintegrasse à profissão, o valor do salário suspenso. Mas, vejam: o valor do salário dela, e não o dele!
Será que o alto valor estipulado é algum tipo de punição por um suposto “mal comportamento”? É certo que houve um comportamento, por parte dele, não compatível com a expectativa dela. Isto sempre acontece nos casamentos. E há ainda a questão sexual, mas parece que esta, nos dias atuais, é considerada apenas pela Igreja Católica que, agora recentemente, pela mão do seu pastor máximo, Bento XVI, admitiu a presença dos recasados na igreja, desde que se abstenham de manter relações sexuais entre si.
Estes casos que se tornam públicos trazem alguma reflexão para nós, casados pobres, do interior: será que é possível, ou mesmo, será que algum dia vai ser possível, acontecer, dentro de nossos lares, a tão decantada “harmonia conjugal”? Antes que alguém saia dizendo: o meu é assim, o da minha avó era assim, etc., lembro que, para que haja uma perfeita harmonia, seria necessário que o marido agisse exatamente como a mulher espera que ele se comporte, e vice-versa. Será possível?
Em assuntos conjugais, todos se julgam experts: se a mulher não permite que o marido vá jogar futebol na quinta-feira com os amigos, todo mundo comenta: que absurdo, como pode ser assim tão incompreensiva, como ele suporta isso e outras críticas. Se o marido “censura” um decote da esposa, é a vez dos comentaristas de plantão se manifestarem: machista, é assim que começa a violência doméstica, você é boba em se submeter e aplausos de alguns.
O fato é que chegamos a duas conclusões: a primeira é que, em briga de marido e mulher, todo mundo quer meter a colher; é igual lata de leite condensado. E, em segundo lugar, não existe possibilidade de harmonia conjugal. Como é que funciona, se for para escrever um manual, a gente não sabe. Um escritor americano, Peter de Vries, afirmava que "o valor do casamento não está no fato de adultos produzirem crianças, mas de crianças produzirem adultos." Talvez seja por aí.
E, quanto ao papa, é o colunista José Simão, da Folha de São Paulo, que o justifica, dizendo: “o papa é contra o segundo casamento porque é solteiro. Se fosse casado, condenava também o primeiro.”

(Crônica: Jorge Marin)

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