sábado, 20 de março de 2010

ORIGENS



O BARRACÃO DO SR. ANGINHO - CAPÍTULO 1

(Artigo - Serjão Missiaggia)

Abril é o mês de aniversário de nosso blog. Entre as postagens comemorativas que irão ao ar, esta é especial: é um retorno à pré-história do Pytomba, ou um mergulho no Túnel do Tempo, se preferirem. O sentimento não chega a ser nostalgia, mas sim a lembrança de um tempo em que aprendemos a ser felizes.

Hoje, 04 de fevereiro de 2010, estamos acabando de chegar de uma rodada de pizzas na casa de nosso amigo Silvio Heleno. Na oportunidade, tivemos o prazer de estar comemorando com ele seus “quarenta e dezesseis anos”.
Mas, antes de qualquer coisa, gostaria de abrir um pequeno parêntese para fazer uma exaltação toda especial àquelas maravilhosas pizzas que, por sinal, somente suas irmãs são capazes de fazer. Sempre digo que, iguais àquelas não há. Interessante também é sentir o prazer que a família tem em receber cada convidado. Confesso gostar muito e achar tudo o maior barato.
Mas, voltemos à casa do Silvio. Mais exatamente naquele espaço em que fica o velho Barracão:
Enquanto ali sentado em uma das mesas, saboreava aquelas delicias, ficava a viajar com a lembrança no tempo, recordando tantas e tantas passagens de infância, adolescência e até mesmo adulto que ali aconteceram. E garanto que não foram poucas!

E assim tudo começava: - SUVELENO TÁÍ?
Desta forma, diariamente ainda na infância, Renatinho e eu, religiosamente, chegávamos até a varanda de sua casa para chamá-lo. Logo éramos atendidos por alguém da família que, prontamente, nos mandava entrar e procurar pelo Silvio Heleno que, provavelmente, estaria (pra variar) não fazendo nada em algum lugar do Barracão. E assim, mais que depressa entrávamos, para que, juntos, também pudéssemos não fazer nada.
Já dentro do terreiro, outro mundo para nós se revelava e um leque de brincadeiras se abria.
Uma delas, e da qual jamais me esquecerei, eram nossas bem planejadas invasões. Para quem não sabe, em nosso dialeto, significava simplesmente, pular o muro e tomar emprestadas algumas frutinhas no território vizinho. Por sinal, tanto a primeira como a segunda invasão foram as que mais me marcaram. Ficaram conhecidas como “as famosas primeira e segunda invasão.”
Nunca iniciávamos um ataque sem, antes primeiramente, subirmos ao lavador e darmos nosso famoso grito de guerra: HÁ ALGUEM AÍ? A NOÍS AQUI Ó! O negócio era nos certificarmos de que realmente o lugar estaria deserto. Depois, era só pular o muro e, cagando de medo, recolher algumas frutas.

Muito comum também, e que sempre achávamos graça, era quando, ao procurarmos pelo Silvio simplesmente, o encontrávamos deitado no chão do Barracão onde, de barriga para cima, ficava dando “cusparada” para o alto. Coisa de doido, dizíamos, mas, se o negócio era deitar no chão, cuspir pro alto e não ficar fazendo nada, porque não fazer também? Virava um verdadeiro “cuspódromo”. Meu Deus, que nojo!
E presenciar a colheita de um jiló, e vê-lo instantaneamente ser devorado in natura quase por inteiro? Juro que via! Fato raro, mas alguém tinha este costume!

E como era mágico fazer a montagem daquele brinquedo “O PEQUENO CONSTRUTOR”, bem embaixo do lavador. Era o maior barato . Ali nos reuníamos e ficávamos horas e horas totalmente alienados do que ocorria lá fora no mundo. E nem víamos o tempo passar. Interessante que este mágico local se transformaria mais tarde em Chiqueiro. Coisas do velho Anginhusss.
E por falar em nosso saudoso Sr Anginho, diria que ele teria sido para mim uma daquelas pessoas de inteligência rara, super-dinâmica, trabalhadora e muito divertida. Vivia inventando algo diferente para fazer neste nosso santuário de brincadeiras. Quem não se lembra do famoso Expresso Picorone e sua frota de ônibus famosos (N-M e, posteriormente, o fantástico top de linha Ciferal da Merces Benz)? Quase sempre, enquanto ficavam estacionados no barracão, em manutenção, aproveitávamos e passávamos quase que o dia todo brincando dentre deles, fazendo incríveis viagens imaginárias por este mundo afora.
Pois este imenso espaço de terreira, também acolheu, certa vez, uma Máquina de Arroz, um Mercado, um Depósito de Mangas e até mesmo uma grande Criação de Porcos (exculê-exculê-exculê e lá ia o velho Anginhussss tratar de seus porquinhos). Até mesmo uma bela criação de coelhos chegou a existir no local, mas confesso não me lembrar se era de sua propriedade.

E foi nesta Máquina de Arroz que tive o prazer de conhecer o funcionário de nome Zé Justo. Um simpático senhor. Aquele mesmo que foi o sacristão da igreja católica por longos anos.
Acreditariam se dissesse que até a data de seu falecimento existia um amigo que literalmente tinha o “rabo preso” com ele? Tudo teria acontecido quando, no silêncio do almoço, após desligar as máquinas, o fiel e justo Zé começou a escutar, sutilmente, vindo do terreiro do Gongom, aquele famoso som: psiiiii. Segundo ele, só deu mesmo pra ver a ponta do rabo de uma eguinha balançando atrás do pé de Eugênia da arrepiante residência do sr. José Lobúglio.
Depois deste hilariante flagra, um de meus amigos confessou certa vez que, uma fruta de eugênia saborosa como aquela, jamais comeria novamente!
NA PRÓXIMA SEMANA, não percam: a Guerra, mais carros alegóricos das batalhas de confete e o inesquecível ecabol, diretamente do córrego para os campos desgramados.

5 comentários:

  1. Aí pessoal! Quem não se lembra do Papa- Graxa, Bunda de Chumbo, Rei das Pintas e do Tatíl?
    (bons tempos)

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  2. Bom lembrar do Sô Anjinho. Vamos tirar o chapéu pra ele. Tempos difíceis aqueles do Expresso Picoroni em que as estradas de chão nos obrigavam a fazer uma viagem em Juiz de fora em quase três horas. (Quando não chovia) Os ônibus tinham que estar sempre em boa manutenção e o motorista tinha que guiar no braço.

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  3. Foi muito bom participar daquele momento tão agradável. Foram horas de verdadeiras delícias e de uma acolhida gostosa de se sentir.

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  4. Falando em Expresso Picorone quem não se lembra daquele cheiro gostoso de maçã que vinha sempre dentro dos ônibus. Não havia uma pessoa que fosse a Juiz de fora que não trazia uma dessa na bagagem. Na época era uma fruta que não vendia em aqui em São João.
    Boas lembranças

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  5. Serginho.
    Suas crônicas são uma " viagem " a esses bons tempos.
    A minha lembrança do Sr.Anginho é a presença dele sempre nos almoços festivos na casa da Tia Dinda.
    A chegada dele e de D.Mariana era sempre uma festa.
    Abraço.
    Sônia.

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