sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

CAUSOS INACREDITÁVEIS



O MITO - CAPÍTULO FINAL
(Roteiro original - Sérgio Missiaggia / Adaptação - Jorge Marin)

Na semana passada, em Rio Novo, um cenário de circo romano: Pimentinha, o gladiador, estava frente a frente com o goleiro do time local. Era como se o próprio imperador tivesse feito aquele gesto característico, com o polegar para baixo, ordenando a execução do sujeito. A torcida vaiava, mas sabia que não tinha mais jeito: ali estava o temido matador, importado diretamente do Rio de Janeiro. Até que um silêncio sepulcral se abateu sobre todo o estádio. Nuvens encobriram o céu. Era chegada a hora.
Contam os mais antigos que, momentos antes da cobrança da penalidade, ninguém se mexia e muito menos piscava um único olho. Todos estáticos e ansiosos aguardavam pelo petardo fulminante que, com certeza, logo viria. “Possivelmente um verdadeiro V-2”, diziam, referindo-se ao famoso míssil balístico alemão utilizado contra alvos britânicos e belgas, naqueles tempos de guerra.
Muitos torcedores e amigos do acuado, e não menos assustado goleiro, chegaram, até mesmo, a temer pela sua integridade física. Teve até membro de sua família que, após se posicionar despistadamente atrás do gol, ficava a suplicar-lhe insistentemente que simulasse uma contusão e se mandasse dali. E o mais rápido possível! Segundo laudos de arquivos, suas pernas tremiam mais que vara verde. (Antes e depois da cobrança).
Por fim, e merecidamente, se tornaria também ele, uma celebridade. Entrou na história por ter sido o único goleiro do mundo a defender uma penalidade sem mesmo precisar da bola.

Mas, voltando à fatalidade, digo... à penalidade, quem em sã consciência, ou mesmo o mais vidente dos videntes, poderia pressupor que este ser do outro planeta entraria andando em campo para, em segundos, sair carregado? E o que é pior: jogado nas costas igual a um saco de batatas. E, ainda mais triste: deixando para trás uma imensa nuvem de cal e sem pelo menos ter encostado uma única trava da chuteira na bola. (Há controvérsias!) Para os mais místicos, simplesmente: fenomenal, mágico, iluminado ou mesmo sobrenatural. Para outros, tudo não teria passado de uma discreta fatalidade. Para alguns poucos, entre os quais eu me incluo, diria: absolutamente fantástico! Isso pra não dizer: estupidamente engraçado! De qualquer forma, há sempre males que vem pra bem, pois foi a partir deste episódio, que São João Nepomuceno, berço natal do glorioso Heleno de Freitas, pôde, mais uma vez, entregar ao mundo mais um fenômeno.
Acho até que, na época, deveriam ter colocado na marca do pênalti uma placa alusiva ao grande feito. Seria com os seguintes dizeres e, de preferência, bem ao lado da suposta cratera:
“AQUI PISOU PIMENTA”.
Também acharia muito válido que se erguesse um enorme busto em alguma praça central da cidade, com alguns dizeres tipo assim:
“PIMENTINHA, JÁ NÃO MAIS SE ENCONTRA ENTRE NÓS, MAS O SEU LEGADO CONTINUA LÁ”. O buraco.
Pelo menos, o pobre coitado ficaria eternizado pelas gerações futuras!
Uma história como esta seria impensável nos dias de hoje, quando a mídia constroi a fama de jogadores (“enche a bola”, como se diz) para, em seguida, eles próprios se encarregarem de ter revelada sua mediocridade. Há casos também de verdadeiros artistas da bola que, negociados com clubes do exterior, acabam tremendo nas bases, muitas vezes justificadamente, sob uma nevasca de 10 graus negativos.
Isto é, uma causo como esse seria uma coisa corriqueira nos dias de hoje, mas, naquele tempo, época de honra e de palavra dada, tinha mais é que ficar mesmo, como ficou, nos anais da história do nosso balípodo municipal.

Pra terminar, diria que o tempo e o espaço não foram generosos comigo. Infelizmente, serei mais um daqueles a dizer: “Eu não estava lá”.

6 comentários:

  1. Segundo consta, momentos antes da cobrança, o grito de um sádico torcedor Sanjoanense ainda se fez ecoar: “Sapeca ele Pimenta!”
    Coitado do nosso herói! Possivelmente, esta frase, tenha sido a ultima coisa que teria escutado antes de cair espatifado no chão.

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  2. Possivelmente nosso “Mito” já naquela época, estaria tentado dar uma cavadinha, digo paradinha, antes de bater a penalidade. Quem sabe não teria sido ele um dos precursores deste famoso recurso?

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  3. Essa foi realmente muito boa!
    Quem diria que em questão de segundos nosso “Mito” passaria de Patada Atômica a Coice Descontrolado ou de Canhão para Estalinho fazedor de Buraco.KKKK
    Zeleno

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  4. E se este jogo estivesse sendo irradiado?
    - Vai Bater Pimentinha!
    -Correu chutou e É... É... É...
    - Cadê o Pimenta?

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  5. -"Intão o buraco foi mesmo grande? E Cumé qui ocê sabe? Ocê num tava lá!?..."
    _" Qui eu tava num tava... mas... só sei qui foi assim..."
    Tá aí mais um Chicó. O Chicó de São João.
    Gostei.
    Mika

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  6. Fico tentando imaginar, a fisionomia daquela imensa platéia, ao ver o tal Pimentinha sair carregado no ombro do massagista. Isso sem falar, da bola, que permanecia estática na marca do pênalti.
    Rege a lenda que espalhou cal pra tudo enquanto é lado. Uma imensa nuvem branca foi aos poucos dando lugar a uma cena hilariante, ou seja: “O Pimenta foi! A Bola ficou”

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