Então, pra terminarmos com esta série de causos sobre o Pitomba, vamos
relembrar um pouquinho do famoso ENGOMA-CUECA. Mas calma, calma, que logo
entenderão o título desta croniqueta!
O ano era 1972 e, naquela época, existiam dois recintos para bailes na
exposição.
Um dos recintos era o galpão maior onde, aos cuidados de nosso saudoso
Waldeck Henriques, funcionava um grande restaurante. O conjunto Som Livre ali se
apresentava sendo que, naquele período, estaria estreando sua nova aparelhagem.
Na época, Dalminho, Márcio Velasco, Sílvio Heleno e eu fazíamos parte
também do conjunto Pop Som (antigo Cobrinhas) que, juntamente com nossa patroa
Nely, o guitarrista Antônio, os saudosos Zé e Oberon e nosso auxiliar Macu,
tocávamos então no outro recinto. Por sinal, esta mesclada inusitada de
componentes do Pitomba com o conjunto da Nely, veio a se transformar numa
alquimia perfeita. Não somente no enriquecimento musical como também num
interessante e lúdico desatino mental.
Mas, voltando ao ENGOMA-CUECA, este local era bem mais simples e
popular, porém incrivelmente divertido, onde o povão levantava poeira de tanto
pular, digo dançar. O referido cafofo, devido ao seu tamanho, era meio apertado
e, com a presença maciça do grande público, aí é que a coisa esquentava de vez.
Entrar ou sair era praticamente impossível. Isso pra não falar que somente uma
luz negra servia-nos de referência para se (tentar) deslocar lá dentro. Tentar
mexer então, nem pensar. Era um breu total. Coisa de doido! Eu mesmo, quando
retornava após uma breve saidinha, somente alcançava o palco após passar por um
atalho secreto que havíamos improvisado nos fundos. Quem entrava não saía e
quem saía não entrava.
Era um rala-rala de fazer gosto! Passar no meio do pessoal que estava
dançando era complicadíssimo. Um quase suicídio ou, no mínimo, perigoso. Muitas
pessoas chegaram a ficar agarradas no meio da pista de dança, pois não
conseguiam ir pra frente e muito menos pra trás. Pra aventurar passar neste
pequeno campo minado, além de esperto, teria que ser como carro na lama. O
negócio era engatar marcha nas quatro rodas e torcer pra que não se atolasse,
pois, se tal acontecesse, meu amigo... Bye bye!
E era ali, num pequeno palco de madeira, que passávamos a noite, felizes
da vida, fazendo aquele sonzão.
Creio que já deverão ter deduzido o porquê de ENGOMA-CUECA ou, pelo
menos, quem teria inventado este nome. Êta Nely!!!
Crônica e foto: Serjão Missiaggia
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