Passeando com a patroa (lembram do termo?) no dia 23 pelas ruas de Juiz de Fora só para curtir... Presentes já comprados, filho na casa da madrinha, vamos nos conceder o direito de sentar na praça, comer um cachorro-quente, conversar com os vizinhos e poder criticar a decoração das lojas.
Ledo
engano. (Aqui, vamos abrir um parêntese:
esta palavra “ledo”, embora denunciadora de idade, também é bem legal!). Como dizia, ledo engano, pois, na praça, nas
lojas, em frente às casas e no bairro todo, reina o caos: carros de som
executando o último funk. Não é que eu
não goste de funk; na verdade, eu odeio funk! Além da “música” alta, motoristas
e motoqueiros discutem e chamam para a briga: “desce aqui, se você for mulher!”. Sim, amigos, na verdade são duas moças
ameaçando fazer aquilo que, antigamente, nós, moços, chamávamos de “cair na
porrada”. Nas lojas, filas e
reclamações, assim como nos restaurantes e nas lanchonetes. Pedimos ao Tio para embalar nossos hot-dogs e
vamos pra casa. Lá, pelo menos, podemos
lanchar ao som do Credence...
Fico
pensando: faço “de um tudo”, como diziam nossos pais, para não ser
saudosista. Acho que a memória é uma das
piores fontes de infelicidade. E
explico: ou nos lembramos de coisas muito boas que já acabaram, ou nos
lembramos de coisas que deixamos de fazer, e que, às vezes, ainda pensamos que são
boas, mas não há como fazê-las porque não somos mais quem éramos, e nem as
coisas são como eram.
Mas,
nestes dias de Natal, uma daquelas coisas não me sai da cabeça: o PAPAI NOEL DA
TIPOGRAFIA! Minha primeira vez com o
Papai Noel foi na Tipografia e acho que, admirando aquela figura meio mágica
meio santa, atrás do vidro e sempre se movimentando em algum brinquedo, foi que
aprendi a ARTE DE FANTASIAR. Coincidentemente,
minha mulher vem correndo me mostrar uma frase do Niemeyer: “a gente precisa
sentir que a vida é importante, que é preciso haver fantasia para poder viver
um pouco melhor”.
Será
que minha vida tem sido melhor por causa
do Papai Noel da Tipografia? – penso. Sem
cair no sofisma saudosista, o que posso afirmar, com certeza, é que tínhamos
uns natais fantásticos: simples, até pobres.
Mas o nível de fantasia era imenso! Descíamos e subíamos a Rua do
Sarmento, dávamos uma olhada naquele forte apache exposto na Casa Leite, víamos
as pessoas passarem tranquilas, meninos vendiam picolé Sibéria, mas o melhor
estava por vir: como estaria o Papai Noel da Tipografia? Às vezes, pedalando uma bicicleta, outras
balançando numa cadeira, com um olhar distante...
Será
que ele leu minha carta? – perguntávamos.
E, na manhã do dia 25 de dezembro, procurávamos, entre os presentes, que
não eram muitos, um vestígio daquela figura que só conhecíamos de nome, e da
vitrine da Tipografia. E, naquela paz,
éramos felizes, muito felizes...
Crônica:
Jorge Marin
Foto: Facebook do amigo Everson Rezende
Amigo Jorge,imagine as minhas lembranças do Papai Noel da tipografia da firma Rocha&Cia.,eu que passei a maior parte da infância morando ali em frente e vendo o bom velhinho ano após ano em situações diferentes : todos os presentes que eu ganhava tinha certeza de que ele entregava pessoalmente em minha casa e,depois,ia lá agradecer,pois só o retiravam da vitrine dias depois.
ResponderExcluirNilson, a gente sempre diz, na Psicanálise, que os traços estruturais da pessoa vêm de muito tempo. E é verdade: a atitude de atravessar a rua e ir agradecer ao Papai Noel é a sua cara! Abração.
ResponderExcluirMas o bom velhinho sempre existirá,
ResponderExcluirSemeando o faz de conta e a esperança,
É só acreditar e deixar pulsar seu lado de criança.
Muito bom.. quanto mais leio as cronicas... mais saudades sinto...
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