ANTERIORMENTE,
em Nossa Arca de Noé: estávamos na intimidade do nosso sacrossanto leito
nupcial, quando, do nada, isto é, do nada não, especificamente de debaixo da
cama, pulou uma criatura enlouquecida: aparentemente um gato com claustrofobia. Para salvar a integridade de minha família,
tive a brilhante ideia de erguer um lençol branco que me colocasse bem acima da
estatura do indigitado felino. Deduzi
que, se não o espantasse, pelo menos, ao impor respeito, ele não me arranharia.
Só
não imaginava, jamais, que aquele lençol branco, tipo fantasma, iria assustá-lo
tanto. E O BICHO VEIO, DIRETO, PRA CIMA
DE MIM!
Só
deu prá sentir a ventania quando, bem debaixo de minhas pernas, ele passou como
relâmpago!
Enquanto
o bichano descarregou toda sua energia de propulsão em direção ao meu quarto, instintivamente,
num ato de puro reflexo, fui com tudo tentando pular pra dentro do banheiro.
Minha querida esposa, com muita sensibilidade e iniciativa, já antecipando a manobra
do adversário, e a minha também, procurou entrar bem antes do que eu. PORÉM, sem
prévio aviso, ainda trancou a fechadura por dentro. Aí eu não tive outro jeito a não ser “sentar”
a testa na porta. E com lençol e tudo! Uma imperdoável falha de comunicação
que, no clímax da batalha, quase que acabou com a porta. E com minha cabeça
também! O casamento, no entanto,
permaneceu e permanece intacto, graças a Deus.
Enquanto
isso, o coitado, sentindo a pressão psicológica de minha fantasmagórica
perseguição, pulou mais que depressa pra cima do meu guarda-roupa.
Enrolado
em uma toalha, que acabara de levar consigo ao saltar próximo ao cabide, não
parava de arranhar tudo que via em sua frente. Imaginem um ET depois de tomar
uma caixa de fluoxetina com cachaça... é por aí.
Aí,
após respirar profundamente e analisar estrategicamente o posicionamento tático
deste pequeno parente da onça, não tive alternativa e, mesmo contra vontade,
tive que fazer uso de meu famoso PLANO B: minha mais poderosa e infalível arma
secreta. Ou seja: ACIONAR DONA ANASTÁCIA! Aquela que todos já conhecem: Nossa
guardiã das causas peçonhentas e afanosas.
Aí
meu amigo, tivemos que mostrar com altivez, quem manda mesmo no pedaço. Mais importante
do que saber se você é um homem ou um rato, é ter certeza de que você É O DONO
DA GATA. Por isso, tive o cuidado de trancá-la dentro do quarto com a fera e
tudo. Segurança nessas horas seria fundamental!
Mas,
verdade seja dita: mesmo em momentos tão anômalos como este, jamais abandonaria
minha consciência ecológica e meu amor pelos animais, mesmo ao fazer uso de
minha tão temível arma. Na realidade, tinha plena convicção de que o nosso
intruso é que iria dar de goleada. E foi
o que aconteceu, ou seja, de tanta confusão, pulou a janela e se mandou.
E
não é que, mesmo após vê-lo escapar ainda ficaríamos escutando o barulho dentro
do quarto? Minha arma secreta estava tão empolgada que nem havia percebido que
ele já havia fugido há tempos. Custei ainda um bom tempo para DESARMAR minha
arma ecológica.
SEMANA
QUE VEM tem O Camalligator e as Lepdópteras Bundudas. AGUARDEM.
Crônica:
Serjão Missiaggia
Foto: Zoran Milutinovic, disponível em http://www.deviantart.com/#/d5poix1 .
Foto: Zoran Milutinovic, disponível em http://www.deviantart.com/#/d5poix1 .
É Serjão, você não é o Roberto Carlos, mas também pode dizer: "São tantas emoções, bicho..."
ResponderExcluirÉ muita aventura animal para uma vida urbana!
Quanto se trata de aventura animal em vida urbana, a resposta do Serjão é uma só: ESSE CARA SOU EU!
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