sexta-feira, 28 de dezembro de 2012

NOSSA ARCA DE NOÉ 3


ANTERIORMENTE, em Nossa Arca de Noé: estávamos na intimidade do nosso sacrossanto leito nupcial, quando, do nada, isto é, do nada não, especificamente de debaixo da cama, pulou uma criatura enlouquecida: aparentemente um gato com claustrofobia.  Para salvar a integridade de minha família, tive a brilhante ideia de erguer um lençol branco que me colocasse bem acima da estatura do indigitado felino.  Deduzi que, se não o espantasse, pelo menos, ao impor respeito, ele não me arranharia.
Só não imaginava, jamais, que aquele lençol branco, tipo fantasma, iria assustá-lo tanto.  E O BICHO VEIO, DIRETO, PRA CIMA DE MIM!
Só deu prá sentir a ventania quando, bem debaixo de minhas pernas, ele passou como relâmpago!
Enquanto o bichano descarregou toda sua energia de propulsão em direção ao meu quarto, instintivamente, num ato de puro reflexo, fui com tudo tentando pular pra dentro do banheiro. Minha querida esposa, com muita sensibilidade e iniciativa, já antecipando a manobra do adversário, e a minha também, procurou entrar bem antes do que eu. PORÉM, sem prévio aviso, ainda trancou a fechadura por dentro.  Aí eu não tive outro jeito a não ser “sentar” a testa na porta. E com lençol e tudo! Uma imperdoável falha de comunicação que, no clímax da batalha, quase que acabou com a porta. E com minha cabeça também!  O casamento, no entanto, permaneceu e permanece intacto, graças a Deus.
Enquanto isso, o coitado, sentindo a pressão psicológica de minha fantasmagórica perseguição, pulou mais que depressa pra cima do meu guarda-roupa.
Enrolado em uma toalha, que acabara de levar consigo ao saltar próximo ao cabide, não parava de arranhar tudo que via em sua frente. Imaginem um ET depois de tomar uma caixa de fluoxetina com cachaça... é por aí.
Aí, após respirar profundamente e analisar estrategicamente o posicionamento tático deste pequeno parente da onça, não tive alternativa e, mesmo contra vontade, tive que fazer uso de meu famoso PLANO B: minha mais poderosa e infalível arma secreta. Ou seja: ACIONAR DONA ANASTÁCIA! Aquela que todos já conhecem: Nossa guardiã das causas peçonhentas e afanosas.
Aí meu amigo, tivemos que mostrar com altivez, quem manda mesmo no pedaço. Mais importante do que saber se você é um homem ou um rato, é ter certeza de que você É O DONO DA GATA. Por isso, tive o cuidado de trancá-la dentro do quarto com a fera e tudo. Segurança nessas horas seria fundamental!
Mas, verdade seja dita: mesmo em momentos tão anômalos como este, jamais abandonaria minha consciência ecológica e meu amor pelos animais, mesmo ao fazer uso de minha tão temível arma. Na realidade, tinha plena convicção de que o nosso intruso é que iria dar de goleada.  E foi o que aconteceu, ou seja, de tanta confusão, pulou a janela e se mandou.
E não é que, mesmo após vê-lo escapar ainda ficaríamos escutando o barulho dentro do quarto? Minha arma secreta estava tão empolgada que nem havia percebido que ele já havia fugido há tempos. Custei ainda um bom tempo para DESARMAR minha arma ecológica.
SEMANA QUE VEM tem O Camalligator e as Lepdópteras Bundudas. AGUARDEM.

Crônica: Serjão Missiaggia
Foto: Zoran Milutinovic, disponível em http://www.deviantart.com/#/d5poix1 .

2 comentários:

  1. É Serjão, você não é o Roberto Carlos, mas também pode dizer: "São tantas emoções, bicho..."
    É muita aventura animal para uma vida urbana!

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  2. Quanto se trata de aventura animal em vida urbana, a resposta do Serjão é uma só: ESSE CARA SOU EU!

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