sexta-feira, 13 de agosto de 2010

NELY GONÇALVES: LENDA VIVA DA CULTURA SANJOANENSE



Capítulo 5 – Rock in Hospital (Capítulo Final)

E quando a Nely ficou internada vários dias no Hospital devido a uma cirurgia? Foi um Deus nos acuda. Na época, as irmãs (as freiras que atendiam como enfermeiras) só faltaram colocar cadeado na portaria para que não conseguíssemos visitá-la. Esta história já foi mencionada aqui no blog.

Visitávamos a Nely no hospital, não só para cumprir o nosso papel fraternal de amigos e afilhados, mas também, entre umas e outras coisas, pedir a ela a bateria emprestada.
Este fato veio acontecer numa das vezes em que o Pytomba se preparava para fazer um baile no terraço da casa do primo Dantinho e, pra variar, estávamos sem o referido instrumento. Coincidentemente, neste mesmo final de semana, todas as baterias que poderiam ser nossas possíveis vitimas, estavam sendo usadas por seus respectivos donos.
Nesta época, nossa amizade com a Nely estava ainda no comecinho, e sua bateria era a única que poderia estar disponível na cidade. Para piorar ainda mais a situação, nossa futura madrinha havia submetido recentemente a uma cirurgia e estava internada.
Então, após uma breve reunião, resolvemos que, como única opção, teríamos que fazer uma visita a ela no hospital. E assim foi.
Quando lá chegamos foi um Deus nos acuda. Éramos umas sete ou oito pessoas querendo entrar de uma só vez. Um pequeno tumulto se formou na portaria, mas, no final, todos acabariam entrando.
Já dentro do quarto, era gente sentada até debaixo da cama. O lanche da tarde desapareceu com tal rapidez, que não sobrou um único biscoito para a paciente. Isso para não falar que, por muito pouco, não teríamos conseguido passar um violão pela janela.
A visita, digo, a festa, foi geral, só que, já quase terminando o tempo, ninguém ainda havia encontrado coragem de fazer o pedido. Era um tal de: pede você... pede você... Só que ninguém pedia nada. Já conformados com aquela que seria uma investida mal sucedida, cabisbaixos e numa tristeza sem fim, já íamos saindo, quando eis que ela nos chama novamente pra dentro do quarto e, com muita sensibilidade, mesmo desconfiada de nossas segundas intenções, foi logo dizendo: “A bateria tá lá no Operário! É só pedir a chave e apanhá-la!” E foi aquela vibração, quebrando de vez, o até então silencioso e ordeiro ambiente hospitalar. Quanta alegria! Seria a primeira vez que iríamos tocar em uma bateria profissional.
Despedimo-nos mais que depressa, saindo em disparada pelos antigos corredores do hospital.
Depois deste dia, nossas visitas se tornariam uma constante, vindo até a causar novos contratempos na portaria do hospital. Mas tudo isso fazia parte do show e estes fatos estão também devidamente catalogados no inicio do Blog.

Nely foi, e continua sendo, tudo isso e muito mais: além de grande compositora, sambista, onde por diversas vezes elevou o nome da cidade em grandes festivais, continua uma pessoa humana sem igual.

Como diz o Márcio: “foi um tempo muito bom mesmo, que, infelizmente, essa galera de hoje nunca vai viver. A gente era meio ingênuo , meio inocente , sinceros, taxados de malucos e até mesmo "caçados" por "forças secretas" (o DROPS) mas éramos felizes. E hoje realmente somos de novo abençoados por Deus, por termos nossas famílias, termos mantido nossa amizade e as boas e hilárias lembranças daqueles tempos!”

Para finalizar, diria que, juntamente com o Pytomba, esta nossa passagem pelo conjunto Pop Som foi fantástica. Foram muitas as histórias incríveis e divertidas, que sempre aconteciam em cada porto que atracávamos. Também, foi nesta época que ganhei, pelas mãos da Nely, meu primeiro dinheiro como músico. Foi um momento supergratificante e inesquecível, pois, naquele momento, estava recebendo dividendos daquilo que mais gostava de fazer.
Dentre muitas outras passagens hilárias que aconteceram, deixarei pra contar apenas mais essa, pois, mesmo que quisesse, não haveria espaço suficiente para tantos casos.

Brigadão por tudo, Nely!

(Crônica – Serjão Missiaggia)

2 comentários:

  1. Verdade!
    Neli continua sendo tudo isso e muito mais!

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  2. Concordo muito quando se fala de como a Ney elevou o nome da cidade.
    Foram muitos sambas enredos, festivais de musicas que ela participou e quase sempre saindo vencedora. Alem de conjuntos de musica que marcaram época.

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BRIGADU, GENTE!

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