sexta-feira, 7 de agosto de 2009

HISTÓRIAS INACREDITÁVEIS NAS QUAIS NÓS MESMOS CUSTAMOS A ACREDITAR


A B O M B A - CAPÍTULO FINAL
(Roteiro original - Sérjão Missiaggia / Adaptação - Jorge Marin)
No capítulo anterior de A Bomba, um carro sai em disparada. O destino, ignorado e, a bordo, um irmão assustado e os três responsáveis pela primeira explosão de uma bomba de Melodias na História. Sem flagrante, nada aconteceu, e todos foram voltando para suas casas, para o ônibus, para a Assembléia de Deus e para o posto de gasolina.
Na segunda versão, poucos fatos aconteceram, mas um fato, ocorrido na armação da segunda, merece ser relembrado. Já era bem tarde da noite e, sob focos de luzes, numa mesa da oficina, era finalizada a montagem da segunda bomba. De repente, dois policiais apontaram o rosto na porta, analisaram o ambiente e todos que ali estavam. Polícia naquele tempo era uma coisa muita temida. Todos engoliram em seco, mas os PMs perguntaram, em tom de brincadeira:
- E aí, Professor Pardal! O que é que vocês estão inventando aí?
- É uma bomba! – respondeu Sílvio Heleno, curto e grosso.
Para surpresa de todos, os oficiais da lei disseram OK, fizeram meia-volta e foram embora. Saíram dando boas gargalhadas. Jamais poderiam imaginar que a segunda bomba estava logo ali, bem debaixo de seus narizes.
Esta bomba teve a mesma potência que a primeira, sendo que algumas poucas modificações foram introduzidas, para adaptá-la ao meio liquido.
Foi construída uma embalagem especial, que a tornaria protegida da água, e assim, pudesse ser colocada no fundo de um tanque qualquer, que viria a ser o lavador do Sr. Anginho Picorone, o mesmo mostrado na foto aí em cima.
Este teste foi um verdadeiro êxito, pois além de provocar algumas rachaduras no tanque, subiu água a mais de cinco metros!
Mais cedo do que o esperado, chegou o momento da terceira versão, na qual foram empregados toda a tecnologia, experiência e conhecimentos adquiridos anteriormente. Com uma notável potência de 36 Melodias, enquanto montada, era feita a criteriosa escolha do lugar da detonação.
Desta vez, ficou decidido que,mais uma vez, o local seria nos fundos do terreiro da casa do Sílvio Heleno, pois, como é sabido na condução deste tipo de experiência, o sigilo e a segurança são fundamentais e vêm sempre em primeiro lugar.
Para participar do evento, foi chamado um convidado especial, o Moacyr Ângelo Ferreira, o saudoso e inesquecível Godelo que, como sempre, topou a parada de ser, além de testemunha, o padrinho do modelo XB3/4 versão 03.
Assim, após o acondicionamento do artefato nos fundos do barracão, teve início a contagem regressiva. Até que, ao faltarem 8 segundos, a segurança falou mais alto e a contagem teve de ser interrompida. O motivo foi a perigosa distância em que o Godelo insistia em se manter da bomba. Queria ficar em pé, a pouco mais de 10 metros, praticamente um vestibular para kamicaze.
Depois de muita resistência, pois o Godelo alegava que a explosão não seria tudo aquilo que era imaginado, este resolveu finalmente se esconder atrás de um tambor velho, mas foi a vez do Renatinho ficar exatamente no lugar dele.
Foi reiniciada a contagem regressiva, e a detonação, afinal realizada!
“Cruis credo”, foi o grito de todos. Nunca se tinha visto coisa igual!
Subiu uma labareda de fogo quase da altura do barracão. A explosão foi tão grande que, lá do Ginásio São João, o Sr Ubi Barroso, mais alunos, professores e serventes conseguiram escutar.
Segundo o Beto Vampiro, alguém no colégio, naquele momento, chegou à janela e gritou:
- Só pode ser coisa do Silvio Heleno com o pessoal do Pitomba! - E não é que era mesmo?.
Naquele piso duro e compactado do terreiro, foi feito uma cratera de quase 20 centímetros. O fato mais interessante, que mais chamou a atenção de todos, foi quando, mesmo alguns segundos após a explosão, ainda eram ouvidos barulhos provocados pelos fragmentos da XB3/4 Versão 03 caindo no telhado.
Neste momento, ninguém se lembrou do Godelo. Eis que, de repente, surgindo de trás do tambor, ele, apavorado, foi logo dizendo a frase marcante:
- “CRIATURA, SE EU SOUBESSE QUE ESSE TREM FOSSE ASSIM, EU NUM TERIA NEM VINDO AQUI!” E, mais que depressa, foi saindo sorrateiramente do local. Mas, para completar seu desespero, foi abordado no meio do caminho, por uma senhora que vinha descendo o morro da Matriz e, extremamente assustada, perguntou-lhe se, por acaso, não saberia noticias de uma bomba que teria sido detonada no posto de gasolina. Fazendo-se de desentendido, e sem responder uma única palavra, o sábio Godilin foi rapidinho entrando em casa.
Segundo depoimentos de moradores e funcionários do Banco do Brasil, que funcionava na Avenida Zeca Henriques, todos saíram assustados para a rua, pois achavam que o prédio poderia estar desabando.
Enfim... Entre zero mortos e feridos, todos se salvaram. Mas o fato é que, por longos e longos meses, ainda se escutaria, pelas esquinas da cidade, comentários de mais uma das mais conhecidas façanhas daqueles rapazes. Desta vez, as pedras rolaram, mesmo!.
Abaixo, a letra de uma música comemorativa da aventura, de autoria do Sílvio Heleno e do Bellini, A Bomba da Paz (em Lá menor): “A bomba vai explodir ali, ali, ali/ Vai matar aquelas cabeças, que eu não quero ver, / Cabeças que me perturbam / não deixando eu viver.
A bomba vai salvar ali, deixando sumir, / A bomba vai salvar ali, fazendo sumir, / Coisas que incomodam que vêem para reprimir, / Fazendo fazer da vida, o amor brotar ali, / O amor brotar ali.
A bomba vai explodir ali, ali, ali, / O amor vai brotar daqui, daqui, ali, /A paz vai nascer ali, ali, ali, / Criança nova há de vir, para aqui, dali.”
(conforme manuscrito original de Sílvio Heleno, em 1980).

11 comentários:

  1. Existia na época uma preocupação dos moradores e usuários do prédio do antigo Banco do Brasil, que funcionava onde hoje é uma enorme loja de bicicletas e brinquedos, sobre a segurança de tal edifícil. Falava-se na época sobre a possibilidade de seu desmoronamento.
    Aqui também foi lembrado o nosso querido amigo Moacir,para nós o eterno "Gudilin",amigo e cúmplice do Pytomba, que participou de vários
    episódios que marcaram a existência do grupo. Me lembro que nesta última detonação foi gravado o barulho da explosão e a contagem regresisiva da detonação, que, aliás, foi elétrica. Só não entendi o porque da contagem regressiva ter começado pelo número 98. E foi por insistência do "Godelo". No capítulo anterior, à respeito do episódio das balas atiradas na fogueira, devo salientar que, puxando pela memória, não me pareceu arriscado sermos atingidos por elas. Esta fogueira foi feita bem mais abaixo do nível do chão, dentro do lavador de ônibus, cercada, pelos 4 lados, de paredes. Desta forma quero insentar todos nós, pytombenses, de uma possível falta de juízo aparente. Tudo que fazíamos era calculado, deixando sempre uma margem de segurança.
    Parabéns pela postagem que muito bem retratou o episódio.

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  2. Hari baba! Tick! Kabunnnnnnnnnnnnnnnnnnn!!! Nooooooooossaaaaa!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

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  3. Dorinha disse:
    Lembro-me como se hoje o tamanho e a repercussão que o barulho desta bomba provocou. Até certa apreensão ficou no ar por alguns dias. Confesso que agora acho muita graça de tudo.

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  4. Diga mais esta aí pessoal:
    E o caso dos Urubus, que moravam naquelas imensas arvores próximas ao barracão?
    Rege a lenda que depois do abalo sísmico nunca mais foram vistos, tendo até mudado para um lugar mais distante.
    Continuo me divertindo bastante com o blog!
    Vicente

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  5. Escuta aí Silvio:
    Este barracão do Pytomba jamais poderá ser demolido. O lugar tem historia pra caramba, e você é o responsável por este verdadeiro patrimônio cultural.
    Estaremos de olho
    Comitê pro Barracão (CPB)

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  6. E o velho Lavador também! To dentro! Comitê pro Barracão e Lavador (CPBL)

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  7. Em resposta ao nosso leitor diria que lamentavelmente, pelo menos, naquelas arvores, nunca mais os vi!
    Pelo barulho e o tamanho da labareda de fogo, que subiu repentinamente, acredito que, este outro lugar, do qual se refere, deverá ser bem mais longe que possamos imaginar!
    Só posso dizer que estavam no lugar certo na hora errada.

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  8. Confesso que tinha pena da Dona Mariana,olha que tinha fama de brava.Marialice

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  9. Gosto muito de vocês, mas quero todo mundo passando bem longe de meu terreiro.
    Estou me divertindo bastante com o Blog. Idéia genial!

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  10. Penso também como Marialice. Coitada da Dona Mariana!
    Imaginem aguentar tanta loucura.
    Serjão se fazia de santinho e escondia tudo dos meus pais.
    Nesta época, eu já não morava mais em São João;só ficava sabendo das confusões depois que tudo havia terminado. Serjão contava-me e eu ria até.
    Mika

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  11. Pelo visto este lavador, que era cercado por terra e mar, é muito mais seguro que imaginávamos.
    Que se cuide então, os pássaros, aviões, helicóptero e tudo mais que voa. (risos)
    Muito legal o blog de vocês

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