sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

CAUSOS INACREDITÁVEIS



NUMA SEXTA QUALQUER DO PASSADO - CAPÍTULO FINAL
(Roteiro original - Serjão Missiaggia / Adaptação - Jorge Marin)

Na semana passada, estávamos cantando na casa do Biel, nosso primo e, lá, encontramos o Tio Gabi. Sempre digo que o tio foi um marco na história da cultura sanjoanense, que se dividiu em antes do Gabi e depois do Gabi. Era contagiante seu entusiasmo nas causas que abraçava. Fazia tudo com desenvoltura e com amor sem igual. Divertido, inteligente e de uma oratória como poucos.
Pois foi o tio que nos levou, até a fazenda Santa Fé, na semana seguinte, para cantarmos pra um tal General do Exercito que lá estava pernoitando. Eles ficaram maravilhados, sendo que, dias depois, fomos convidados pelo tio Gabi, para cantar e fazer uma entrevista em seu programa, que acontecia todos os sábados na Rádio Difusora. Este dia foi, de certa forma, hilariante, pois, se não fosse a desenvoltura e desinibição de Pedrinho, aquela entrevista seria catastrófica. Ninguém dizia nada e a única coisa que lembro ter dito foi a de mandar um abraço para mãe e para meu pai, que estava meio doente.
Ficamos conhecidos por QUARTETO NEPOPÓ. Se não me engano, este nome foi carinhosamente dado pelo Tio Dante.
Nosso repertório era vasto e eclético, pois cantávamos, desde músicas de nossa própria autoria, até canções evangélicas, nacionais, internacionais e muitas outras.
Entre tantas, algumas nos marcaram mais: Asa Branca, A Casa do Sol Nascente, Barracão de Zinco, Segura na Mão de Deus, A Noite do Meu Bem, Teus Olhos e um solinho, feito por mim, que servia como introdução para acordar as pessoas.
Casas como as de Maria Célia, Neide Araújo, Bete e Cristina Itaborahy eram algumas que, vez ou outra, estávamos também cantando. Assim como para Guida, Josemi, Mica e outros parentes mais...
Muitos e muitos foram os lares que tiveram o privilégio de nos ouvir cantar e muitos foram os pedidos que, infelizmente, não puderam ser atendidos, devido ao tempo ou ao cansaço.
No final da serenata, e antes que fôssemos para casa, uma breve visita era feita ao forno de alguma padaria. Naquela hora da noite, a fome já começava a bater mais forte.
E como era gostoso aquele pãozinho quentinho, que mal havia saído do forno!!!! Os padeiros até nos conheciam e, vez ou outra, nos forneciam também uma manteiguinha.
A noite, literalmente, virava uma criança e nós, mais crianças ainda, nem víamos o tempo passar.
O único registro que ficou foi uma fita cassete gravada na igreja Matriz. Nosso amigo Jorge Marin, com seu excelente gravador Philips, foi o técnico de gravação, e esta fita se encontra perdida, vagando em algum lugar do planeta...
Com carinho e simplicidade, deixo registrada aqui, uma pequena passagem de nossas vidas.
Com certeza, algum fato poderá ter sido omitido. Ficará em aberto, se necessário, para futuros complementos.
Segue então, a última estrofe de uma de minhas letras, numa singela homenagem a todos que conosco, direta ou indiretamente, viveram estes momentos tão felizes.
“Ao Tio Dante... minha especial dedicatória e eterna saudade”.

Foi-se a noite enluarada,
Vi no tempo quase nada,
Foi amiga namorada,
Que calada me ouviu “cantar.”.
Sergio R. Missiaggia --- janeiro de 2005.

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ALGUNS DETALHES PERDIDOS

Ainda hoje, passando pela cozinha de minha casa, tive a grata felicidade em perceber minha atenção despertada por um minúsculo fato, que simplesmente era o de um aroma de leite fervido, que exalava do velho fogão.
Momento raro de observação que me levou, naquele instante, a questionar sobre tantas coisas puras que nos passam despercebidas e que nossa já calejada sensibilidade não notam mais.
É interessante que algumas observações, para determinadas pessoas, possam ser fúteis e até cômicas, mas quão maravilhoso e significante é saber contemplar e cativar pequeninas coisas!
O velho abraço apertado, o ato rotineiro de um simples aperto de mão, fascínio ao respirar o ar puro de uma manhã de céu azul envolvida em cerração, bate-papo na varanda, um olhar nos olhos ou mesmo ser um pouco daquela criança das pipas e dos inocentes casos de assombração.
Enfim, uma infinidade de sentimentos e pormenores do cotidiano, que o futuro sufocou, mas que, ainda enraizados, resistem fielmente.
Submergem, às vezes, por necessidade ou sobrevivência. Mas é certo que, tanto a pressa que o tempo nos impõe, como competição às vezes desenfreada, jamais serão capazes de inibi-los.
Indiferentes para alguns, sublimes e indispensáveis para outros, mas, com certeza, nos ajudam, e muito, a aproximarmo-nos da verdadeira felicidade.

A vida, além de bela, tem, como essência maior, a extrema facilidade de ocultar toda sua beleza e mistérios em infinitos detalhes e atos excepcionalmente singelos.
Sergio R. Missiaggia
São João Nepomuceno - maio 96

6 comentários:

  1. Feliz lembrança de vocês ao se referirem ao Sr Gaby que entre tantas coisas foi o coordenador da festa do centenário da cidade. Na oportunidade foram muitas as solenidades organizadas por ele. Grande figura.

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  2. Como é bom recordar com você, meu irmão,tantos fatos escondidos na memória e sentimentos no coração... Tio Gaby, tio Dante, primo Biel, Dantinho, Pedrinho, Guida, Josemi e tantos amigos citados- desta vez até da grande amiga Neide Araújo você se lembrou. Viagem maravilhosa no tempo. Beijos

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  3. É a mais pura verdade e ainda vou mais adiante:
    Acho até que, poderíamos também, incluir estes belos momentos de serenatas em mais um pequeno “Detalhe Perdido”
    Heleno

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  4. Você sentiu falta de mim, Serginho.
    Mas cá estou para lhe dizer mais uma vez que você nos traz à memória momentos inesquecíveis.
    Sr.Gabi, grande Sr. Gabi...
    Com frequência nos reuníamos na Fazenda Santa Fé para um churrasco, amiga que somos do Marcelo.
    Por volta de 6 da tarde chegava ele para verificar se tudo estava em ordem.Fazia um delicioso café e servia em pequenas xícaras como manda a boa educação.Não ficava por lá mais que meia hora e logo ia embora com D.Déa.E era sempre uma grande alegria quando eles chegavam.
    Saudades, muitas saudades...

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  5. Também na lá na avenida, enquanto fazíamos uma bela serenata, caiu repentinamente aquele “dilúvio”.
    Mais que depressa improvisamos algumas capas de papelão e continuamos tranquilamente a cantar. Quando a chuva deu uma trégua ficamos felizes da vida, pois por incrível que pareça percebemos que, ninguém naquela oportunidade, havia se molhado. Pena não poder dizer o mesmo dos violões, pois quando os colocamos sobre os ombros é que vimos que estavam completamente cheios d’água. Depois ao colocá-los no sol, no intuito de secá-los, simplesmente empenaram. Só conseguimos salvar dois deles! Mesmo assim valeu apena! E como!



    Pior foi quando, um de meus parceiros da noite, quase caiu dentro do córrego com violão e tudo.
    Este fato veio acontecer numa casa próxima a antiga Pestalozzi quando, na oportunidade, o pai da menina, após abrir a janela repentinamente e numa fúria sem fim ameaçou sair à rua e dar cacete em todo mundo. De antemão, já sabendo da fama do individuo, nem perto cheguei. Procurei apenas ficar olhando de longe.
    Nesta hora, escondido no parapeito da ponte, chorava de tanto rir.
    Só deu pra ver quando, este meu amigo, após passar por mim, igual um foguete e sem mesmo me perceber, só foi conseguir frear seu susto quando já estava bem próximo ao posto de gasolina.
    Que foi hilário foi!!!

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  6. Hoje é um dia muito especial para nós. Como é bom recordar saudades tão gostosas!!!! Tenho muiiiito carinho , orgulho e tudo mais por vc Serjao...Te amo muito....Beijinhos

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