sexta-feira, 20 de novembro de 2009

CAUSOS INACREDITÁVEIS



CORAÇÃO DE ÉS TU, DANTE? - CAPÍTULO FINAL
(Roteiro original - Serjão Missiaggia / Adaptação - Jorge Marin)

Na semana passada, o tom da voz foi tão ameaçador, e tão claro, que, tenho certeza, muita gene deve ter ficado alguns dias sem dormir:
- Entra pra cá, Sérgio. Tá pensando que vai aonde? Aproveita e chama o Clarê e o Custódio.
Não teve outro jeito. Tive mesmo que entrar, sem os dois fujões, é claro! Como eu os invejava.
Nesta hora, comecei observar que o Ti Bibi, estava com ares de que começara a acreditar na versão do Dantinho. Por sinal, nem chegou a reparar que eu havia entrado sozinho em sua sala.
Dantinho, sempre muito apavorado e branco, começou a entrar num estado de extremo nervosismo e choro. Por fim, o Sô Bi não sabia mais o que fazer. Até piadas começou a nos contar. Ofereceu-nos cafezinho e até algumas bolachas. Começamos, lógico, a rir de puro nervosismo.
Na verdade, comecei observar que a situação estava prestes a ficar meio sem controle. Sendo assim, ti Bibi pediu para que nós o esperássemos, pois iria acabar de fechar o ginásio e sair conosco.
E assim foi.
Com um de cada lado, e com os braços sobre nossos ombros, descemos o morro dando boas risadas. Já era quase uma da madrugada e ele ainda nos levaria até a esquina da pracinha do Coronel onde, por um bom tempo, continuamos proseando e jogando conversa fora.
Pra ser sincero, eu estava mesmo é me divertindo bastante. Na realidade, pelo menos desta vez, eu nada tinha a ver com aquela revistinha. Fui apenas um pobre, inocente e fiel leitor. É só perguntar ao Dantinho!
Magela, por sua vez, após ter sido descoberto, foi expulso. Retornou um mês depois, com a promessa de nunca mais levar ao ginásio estas revistas ou similares. No primeiro dia de seu retorno, ao chegar, foi logo jogando um papel dobrado sobre nossas carteiras. Ao abri-lo, deparamo-nos, simplesmente, com o desenho de um frade em trajes sumários, brincando com uma linda cabritinha. Era um caso perdido...
Quanto a mim, devido ao costume de, quase todas as sextas-feiras, ir direto para casa da tia no intuito de fazer serenata, passei despercebido pela dona Venina.
Enfim... Estudar mesmo, que era bom!


Sergio R. Missiaggia julho 2005


Na oportunidade, não poderia jamais deixar de prestar minha singela homenagem a este lugar que tanto aprendi amar. Quanta saudade boa e quantos frutos colhidos em razão de uma esmerada educação e disciplina.
Muitas saudades do Velho Mestre, diretor e conselheiro “Sôbi”.
Minha gratidão aos inesquecíveis professores, funcionários além de um forte abraço aos amigos: Zé Carlos, Paulinho e Betto Vampiro.
Fui apenas mais um, dentre tantos, que tiveram a honra de ter dado uma passadinha por lá. E, por que não também, mais uma história pra contar.


Semana passada (04 a 10 de outubro de 2009), coincidentemente dias antes de começar postar este causo, tive uma experiência no mínimo estranha.
Fui, pela primeira vez desde o seu fechamento, ao prédio de nosso saudoso ginásio “Do Sobi”, para fazer a devolução de uma calça que minha filha havia comprado. Como todos sabem, no local hoje, funciona uma grande e importante confecção de nossa cidade.
Assim, subindo vagarosamente as escadas, cheguei onde antes era a antiga secretaria. Por sinal, em nada me fez lembrar o antigo lugar.
Pedindo então à simpática funcionaria, para que pudesse dar uma rápida olhadinha na parte interna do prédio, fui prontamente atendido! Por sorte, sabia de antemão, que seu interior teria sido todo modificado.
E lá fomos nós, até chegarmos mais ou menos onde seria o final do antigo corredor de entrada. Pra ser mais exato: próximo ao local em que ficava aquela porta do tipo faroeste.
Então, após uma breve olhada, mentiria se dissesse não ter ficado feliz ao observar a fisionomia de dezenas de funcionários, que alegremente trabalhando, estavam ali ganhando o seu pão de cada dia.
Da mesma forma, mentiria também se dissesse não ter sido capaz de visualizar outra coisa, a não ser aquele inesquecível jardim central, ladeado pelas varandas internas, com seus imensos portais que davam acesso as salas de aula.
Para minha felicidade, meu inconsciente, talvez num ato de extrema rejeição, me foi capaz naquele momento, de compor um belo quadro, fazendo com que aquelas pessoas que ali estavam passassem a fazer parte de uma cena imaginária, junto com minha lembrança do passado.
E assim, feliz da vida, comecei a descer a famosa colina, carregando comigo a gostosa sensação de ter acabado de assistir a ultima aula.

Então é isso, pessoal! Se as lembranças sobreviveram, os Causos estão aí pra isso.

NA PRÓXIMA SEMANA: Violas e serestas em: NUMA SEXTA QUALQUER DO PASSADO...

22 comentários:

  1. Aproveito também este espaço para fazer uma referencia toda especial aquela Magnífica Fanfarra na qual, tive a honra de poder participar por cinco anos.
    Quanto orgulho em vestir aquele macacão! Hoje, posso dizer em alto e bom som, que fiz parte de uma verdadeira Banda.
    Ao nosso professor, maestro e técnico Beto Vampiro... Brigadão por tudo!
    Graças a você, o Pitomba também, certa vez, chegou a fazer um descontraído mine baile no galpão do colégio, lembra? Por sinal, transportar aquela aparelhagem numa velha Rural Willis emprestada foi bastante divertido. Também, graças a sua ousadia, tive a felicidade de ser escalado na ponta direta do time de futebol num jogo contra o colégio Augusto Glória. Diga-se de passagem, muita coragem sua! De qualquer forma o jogo foi 1x1 e nosso gol foi de quem?
    No mais, um forte abraço a você e aos inúmeros colegas, que cativei e que a mim cativaram, alem é claro, de muitas e muitas recordações.

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  2. Pois é,Serginho.
    É incrível como viajo com você para esses bons tempos.
    Saudade, muita saudade...
    Não vou perguntar nada pro Dantinho não.
    Você sabe que eu acredito em você.
    Estou esperando por "um poste no meu caminho", quero dizer , no seu caminho.
    Abraço.
    Soninha.

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  3. Muitas vezes após soar o sinal ainda ficávamos escondidas no banheiro.
    Sô Ubi ameaçava entrar lá dentro pra nos buscar caso não saíssemos. Mais só ameaçava!
    Era muito bom e divertido! Saudades de tudo!

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  4. Posso tranquilamente imaginar o aperto que vocês passaram. Mas no final eu já sabia que tudo ia dar certo. Sôbi era aquele paisão que so queria mesmo era nosso bem.
    Muito divertido esta historia
    Luciana

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  5. Boa mesmo foi quando, certa vez, nosso querido simpatizante das estrelas, ao chegar atrasado após um longo período de jejum sem ir ao colégio, sentou-se naturalmente em sua carteira.
    Já quase terminando a aula o professor lhe perguntou: - Tem certeza que é aqui mesmo que queria estar?
    Dando uma breve olhada em sua volta é que foi perceber que estava junto com as meninas do Curso Normal. Nem havia percebido que, há vários dias, sua turma havia mudado para outra sala.
    Este é o Blog!

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  6. Pegando uma carona num desses comentários, lembrei-me de quando, certa vez, o Serjão, me contou este caso que, veio acontecer com ele e com o Lelé no 3 ano ginasial:
    Nesta época, tinham a mania de ficar retirando os parafusos da carteira pra depois ficar equilibrando cada pedaço para que ela se mantivesse de pé.
    Num belo dia em que haviam acabado de retirar todos os parafusos e justamente daquela que estavam sentados, me entrou repentinamente na sala o Sôbi. Até aí tudo bem se não fosse pela aquela velha mania que ele tinha de pegar os meninos desprevenidos para fazer cócegas.
    Quando ele passou pelos dois e deu aquela cutucada foi pedaço pra tudo enquanto é lado. Simplesmente a carteira se desmanchou toda ficando apenas o assento e os dois bobos sentados.
    O Sobi não acreditando no que estava vendo acabou não se aquentando e morreu de rir.

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  7. Serginho, eu prometi e vou te contar.
    Numa sexta-feira, turma muito agitada e eis que surge ele, no seu terno branco que sempre predizia que o humor não estava nada bom.
    Foi entrando na sala, já esbravejando_ " cópia prá todo mundo".
    Cheguei em casa e avisei pro papai e prá mamãe que não faria as cópias porque eu não tinha feito bagunça.
    Não perdi o meu fim de semana mas sabia que ia enfrentar uma segunda-feira difícil.
    Não deu outra.
    Na entrada, ainda no pátio, o Sô Bi dividiu a turma em duas filas.De um lado os que haviam feito as cópias e de outro os que não tinham feito.
    Mandou que os primeiros entrassem e se sentassem.
    Em seguida, nós e ficamos em pé diante da turma.
    Logo avisou que quem tinha feito as cópias ganharia 2 pontos na prova de Geografia.
    Então começou o interrogatório, querendo saber de um por um porque não tínhamos feito " benditas".
    Quando perguntado, o Jô respondeu que não havia feito porque não tinha feito bagunça.
    Sô Bi ficou furioso.
    Disse que não havia mandado só os alunos que fizeram bagunça fazer as cópias e que aquela não era resposta prá ele.
    E perguntou ao Jô o que ele achava que deveria fazer com ele.
    Jô muito educado e falando baixo respondeu que era para ele fazer o que ele quisesse.
    A resposta foi um Zero.
    Em seguida foi a vez do Bado(querido e saudoso)que respondeu exatamente igual ao Jô e por conseguinte enfureceu ainda mais o velho mestre e também levou um Zero.
    Aí chegou a minha vez.
    A essa altura, já tremia mais que tudo mas encarei a fera.
    E a senhorita, porque não fez as cópias?
    Porque não fiz bagunça mas como isso não é resposta pro senhor, não sei o que responder.
    E o que acha que devo fazer?
    _ Sô Bi, se o senhor deu 2 pontos prá quem fez, tira 2 de quem não fez.
    _ Vai sentar, vai sentar, vai sentar...Foi a última coisa que ouvi.
    Devo dizer que todos permanecemos com a mesma nota que havíamos tirado na prova e que a minha nota foi 8, nem mais nem menos 2.
    Saudades...

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  8. Serginho.
    Nesse exato momento me ocorreu a idéia de fazer um grande encontro no ano que vem com todos os ex-alunos do Sô Bi.
    Poderíamos voltar a ouvir o Pytombas, ouvir milhares de casos sem contar que mataríamos a saudades de grandes amigos.
    Vamos amadurecer a idéia???
    Abraço.
    Soninha.

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  9. Reza a lenda que o Sô Bi era botafoguense.
    Em dia seguinte de jogo do Botafogo em que tinha sido derrotado, alunos também botafoguenses chegavam pro velho mestre e diziam:
    _ O senhor viu, Sô Bi.Quantas bolas na trave?
    _ Burros, burros todos muito burros.
    Com um vão daqueles(aí ele dizia quanto um gol mede), aqueles idiotas chutam na trave.
    Com ele não tinha justificativa para derrota do Botafogo.

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  10. Essa do Sô Bi eu acho hilária.
    Ele dizia que as vacas do sítio dele eram mais inteligentes que os seus alunos e justificava:
    _No sítio,eu abro a porteira as vacas passam e quando eu fecho,elas param.
    Aqui no Ginásio,eu abro os portões vocês(os alunos) entram e quando eu fecho,vocês pulam.
    Parece piada mas deve ter muita gente que se lembra disso...

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  11. Essa do Sô Bi eu acho hilária.
    O Sô Bi constumava comparar os alunos com as vacas do seu sítio.
    Dizia ele:minhas vacas são mais inteligentes do que vocês.Quando eu abro a porteira, elas passam e quando fecho,elas param.
    Aqui no ginásio quando eu abro os portões vocês entram e quando eu fecho, vocês pulam...
    Parece piada mas deve ter muita gente que se lembra disso...

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  12. E aí Pytombeiros!
    E a turma que pulava a janela pra ensaiar? Essa ninguém conta?
    Juro que já vi!

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  13. Adorei toda a história, mas sua visita ao ginásio, irmão... me emocionou!
    Só alguém sensível, muito sensível seria capaz de descrever aquele momento do modo como você descreveu. Sensibilidade pura e isto não é pra qualquer um não, viu?
    Fiquei de fato emocionada.
    Beijos.

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  14. Querido irmão,
    Adorei sua história; ri muito. Mas a descrição de sua visita ao Ginásio foi emocionante. Só alguém com muita sensibilidade seria capaz de descrever aquele momento da forma como você o fez. Pura sensibilidade. Fiquei de fato emocionada.
    Aguardando novos casos.
    Beijos

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  15. Este foi meu primeiro e mais profundo pensamento.
    O deixei registrado em 1972, num dos quadros do ginásio.
    Na oportunidade, nosso mestre deu boas gargalhadas.
    Hoje, trinta e sete anos se passaram e ao analisar cuidadosamente o conteúdo, deste fantástico e genial pensamento, é que pude sentir nas entrelinhas, uma já discreta e disfarçada rejeição aos estudos:

    UM LÁPIS... UMA BORRACHA.
    O LÁPIS ESCREVE... A BORRACHA APAGA.

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  16. Uma rejeição que eu acho que não se confirmou na sua totalidade,Serginho.
    Haja vista a maneira sensível,inteligente e gostosa com que você escreve os seus textos.
    Penso que você achava que não podia mas você está vendo que pode. E muito...
    Abraço.
    Sônia.

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  17. Bato palmas pra você, irmão!
    Como disse a Sônia, você pode e muito. Você é um escritor nato.
    Onde anda o Dantinho? Há muito não o vejo. Beijos pra ele.

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  18. Saudade é bom mas doi!!!
    As emoçoes são fortes mas ficamos felizes porque as vivemos!
    Valeu pessoal!

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  19. MUITA SAUDADES DE TUDO.
    E COMO ERAMOS FELIZES!( Juquinha, Salão Nobre, aquela sombra gostosa do bambusal no horario de recreio,Fanfarra, jogos, viajens, os colegas,etc etc...
    Maria Amelia

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  20. Por indicação de uma amiga tive a grata surpresa ao deparar-me com o blog de vocês. E como é bom recordarmos de coisas boas de nossa juventude!
    Colégio do SÔ BI quanta saudade. Certa vez eu estava namorando do lado de fora e o Beto com muita educação nos chamou para uma conversa de pé de ouvido. No final tudo ficou numa boa. Hoje fico só observando como faz falta essa disciplina que vivemos.
    Rita de Cássia

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  21. Parabens pelo blog.
    Enquanto corria cada postagem como não deixar de fazer um comentario sobre o Ginasio do Sbi.
    Fiz parte da fanfarra. E que fanfarra. De tanta expectativa cheguei a perder o sono em muitas noites que antecedia 16 de maio e 7 de setembro.
    Recordar coisas boas é viver.

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  22. RECORDAR COISAS DO TEMPO DE GINASIO EMOCIONA QUALQUER ALUNO QUE TENHA ESTUDADO LA.SENTIMOS FALTA DAQUELA DISCIPLINA,DAS BRINCADEIRAS, DOS APERTOS, DAFANFARRA, DAQUELA MATADA DE AULA SAINDO NA pADRE CONDE.E TANTAS OUTRAS LEMBRANÇAS
    ABRAÇOS GUILHERME

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BRIGADU, GENTE!

BRIGADU, GENTE!
VOLTEM SEMPRE, ESTAMOS ESPERANDO... NO MURINHO DO ADIL