sexta-feira, 6 de novembro de 2009

CAUSOS INACREDITÁVEIS



CORAÇÃO DE ÉS TU, DANTE? - SEGUNDO CAPÍTULO
(Roteiro original - Serjão Missiaggia / Adaptação - Jorge Marin)

No último episódio, tenho certeza de que se recordam, pois tudo que se passou naquele querido Instituto Barroso trazemos bem guardado no lado esquerdo do peito, encontramos um grupo de colegas, “anjinhos” como o Sôbi costumava chamar, entregando-se a uma perigosa curiosidade. Naqueles tempos bicudos de censura brava, o fato de estar de posse de uma revistinha de sacanagem podia tornar a pessoa membro de algum grupo subversivo.
E por falar em membro, por azar e para piorar ainda mais aquela situação, exatamente, naquela página, estava o desenho de um enorme... Bem, deixa pra lá! Passemos a diante!
E o professor Bibi, não acreditando no que estava acontecendo, trincava os dentes de tanta raiva! Com o rosto avermelhado e aquele terno branco, parecia até uma bandeira do Mangueira! Mas a coisa era séria...
Ordenou, imediatamente, que todos os alunos das outras salas descessem e que ficasse apenas a nossa. Evacuou todo o ginásio e pediu que fôssemos, de três em três, para um interrogatório, a ser feito no salão do Juquinha. Lembram-se dele? Um simpático esqueleto, que por sinal, teria sido à única testemunha do fato.
Nosso querido mestre estava tão nervoso que achei que iria desmaiar.
Ao chegar minha vez, tive a companhia de Custódio e do Clarê. Este último satirizava sempre, fazendo o papel de uma bichona. Pessoa superdivertida que incorporava o personagem como ninguém.
Começou então, pelo Clarê:
- Como é, Clarê. Viu aquela revista? - perguntou, chegando a tremer de raiva.
Clarê, prudentemente, preferiu recolher o seu potencial bichônico, e firmemente, embora com uma cara-de-pau de fazer gosto, exclamou mansamente:
- Sr. Ubí! Eu vou ser muito sincero com o senhor: eu não vi! Não vi porque não sabia! Mas, se soubesse, não perderia por nada neste mundo!
Ti Bibi, um tanto surpreso com a resposta, mas, respaldado na sua experiência de escrivão, e vendo que, com o Clarê, não conseguiria nada, passou então para mim. Apesar de todo ódio implícito, seu tom era até suave:
- E você, Sergio. Viu a revista ou não viu?
- Sr Ubí! Eu vi de longe!
Aí ele se exaltou:
- Eu não quero saber se você viu de longe ou de perto. Eu quero saber: VOCÊ VIU OU NÃO VIU? Aí o tom de voz já era bem mais assustador.
- Eu vi de longe! - tornei a responder bem baixinho.
Depois de haver reafirmado, por umas cinco vezes, que só havia visto de longe, ele, enfim, desistiu de mim. Transtornado e furioso passou então para o Custódio.
Custódio, neste meio tempo, num canto da sala, de olhar fixo para uma das janelas, não mexia um só fio de cabelo. Confesso que, naquele momento, cheguei a ponto de temer pela sua integridade psicológica.
- COMO É, CUSTÓDIO? VOCÊ VIU OU NÃO VIU AQUELA REVISTA NOJENTA?
Custódio, de semblante apavorado, tremendo igual vara verde, após dar uma ultima olhada para o teto respondeu:
- Ahhhh... Seu Ubí! EU VI DE LONGE! O danado copiou a minha resposta.
Nesta hora, o professor Bibi só não esfregou a cabeça do Custódio na parede porque seu caráter íntegro jamais o permitiria fazê-lo. Mas que teve vontade, isto o seu olhar demonstrava claramente.
O tempo passava, o suor escorria pelos rostos, e uma palidez foi tomando conta de todos. O Juquinha parecia o mais corado ali naquele lugar.
O interrogatório continuou. Pouco a pouco, um a um foram sendo eliminados e liberados todos os possíveis inocentes. Na escola, já silenciosa e vazia, restaram apenas quatro vítimas: Custódio, Dante, Clarê e eu. Até então, éramos para o Bibi, os possíveis suspeitos. E eu ficava me perguntando: como é que isto pôde acontecer comigo? E o pior é que eu nem vi a danada da revista!!!
Neste macabro campeonato de medo, chegamos às semifinais. E agora? Quem dará o pontapé inicial? Tenho certeza que o Sôbi está doidinho pra fazer isto.
Não percam, na próxima semana, mais um aterrorizante capítulo, recheado de fugas espetaculares, duelos naquela portinhola de saloon da secretaria, e muito, muito aperto...

11 comentários:

  1. Figura divertidíssima sempre foi o Claret.
    Certa vez agarrou no banheiro um aluno que havia chegado à cidade recentemente.
    Se fazendo de boneca passou o maior aperto no cara. Tudo sob risos e aplausos de uma galera que ficava escutando do lado de fora.
    Causo divertidissimoooooooo
    Paulinho

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  2. Aguardo ansioso o desfecho deste caso.
    Vocês não sabem, mas eu estava lá.
    Foi um sufoco.

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  3. Parabéns Serjão e Jorge ...Gostei muito e dei boas risadas.
    Está foto ao lado me tras boas lembrança, pois foram amizades que se tornaram eternas
    Fico também pensando: Qual ex aluno que não teve o privilegio de tirar uma foto na escadaria do Ginásio?

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  4. O caso desta revista foi muito comentado na época. Todos os alunos ficaram sabendo . Assunto em todas as rodas de estudante. Uns torcendo pra turma ser castigada, outros torcendo pra tudo acabar bem.
    Lembro-me bem deste fato, mas confesso que já não sei no que deu e estou ansioso para saber o resultado. Eu estudava em outra sala.

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  5. Suspense... suspense...
    Quem ficará como culpado? Será o Juquinha?
    Conseguirão enganar o Sr. Ubi?
    Serão suspensos?
    Acabarão todos de pé no pátio por três horas?
    Ou o Sr. Ubi acabaria dando boas gargalhadas
    com os meninos?
    AGUARDO O RESULTADO.

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  6. Ê Badecão, quem diria!!!
    Belos cabelos!!!

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  7. Rege a lenda que, certa vez, na sala de aula enquanto, ia dando as notas de prova, o Sr. Ubi, virou para um aluno e disse que sua nota começava com Z. De imediato e todo entusiasmado o aluno gritou lá do fundo da sala: Uns Zoito, sô Bi?

    Quanto ao Juquinha garanto sua inocencia!!! (risos)

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  8. Estou adorando esta historia do ginásio que me faz lembrar também de quando nosso saudoso mestre dizia:
    - Mulher é que nem carretel! Tem que ter linha!
    Luciana

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  9. Muito bom. O texto está cada vez melhor. Agradável, irônico, divertido, inteligente... Sem excessos. Parabéns.

    www.cesarbrandao.com.br

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  10. Muito boas histórias dos tempos de GINÁSIO que vivemos na áustera administração do Sô Bí. Foi realmente um grande pedaço que foi acrescentado em nossas vidas e nos traz belas lembranças e grandes proveitos.
    Parabéns aos amigos que estão redigindo estes textos, com graça e realidade. Abraços... shp

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  11. "SAN JAN" foi a única cidade do planêta onde se viu tantos CAUSOS em que um DIRETOR do colégio, no caso (Sobí)era o PROMOTOR e um CADÁVER (juquinha) seria a TESTEMUNHA. Eu também já fiquei frente à frente com o temido Sôbi tendo como testemunha "OCULAR" o Sr. Juquinha e posso afirmar conforme o Serjão, não foi moleza não, a barra era pesada!!!!

    Valeu, abraço !!!!

    Mazola

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