sábado, 6 de junho de 2009

FESTIVAIS E FUTEBOL



O grupo, na década de 70, participou de vários festivais, sendo que músicas como Edith Pólvora e Cid Navalha, ambas do Márcio Velasco, levavam o povão ao delírio com suas letras irreverentes.
Numa apresentação na casa do Márcio, tivemos que seqüestrar o tablado da Dona Mariana Picorone. Só que, quando já íamos saindo, pé ante pé, secretamente com ele pelo portão, vimos que ela acompanhava tudo da varanda e nos disse com aquele vozeirão que só as mães têm na hora da raiva:
- AMANHÃ, BEM CEDINHO, EU O QUERO, AQUI DE VOLTA!
Como já era de se esperar, este tablado jamais voltaria e muitos de nós passaríamos meses e até anos entrando e saindo da casa de Silvio Heleno escondidos, às vezes disfarçados de carteiros.
Quase dois anos depois, quando imaginávamos que aquele fato já fazia parte de um passado distante, ao entrarmos pelo portão, ela nos pega desprevenidos e pergunta:
- E aí pessoal!!! E o meu tablado?!!! Nesta hora, foi gente saindo de fininho para todos os
lados. A ultima noticia que tivemos dele – do tablado - é de que teria se transformado num garboso portão na casa da Tia Irinéia, que também não sabia de nada.
Outro fato que aconteceu na casa do Márcio, foi quando a bacia que estávamos usando com água, para lavar os copos, durante a festa, estava também sendo compartilhada por um cachorro, bem embaixo da mesa, o que, apesar de denotar nossas preocupações ecológicas, não deixava de ser um atentado, e grande, às boas regras de higiene.
Também, foram muitas, às vezes, que pulávamos a janela do ginásio, para ensaiar na sede do Operário. Sempre sem as chaves, a única maneira que encontrávamos para entrar no clube era arremessando o magrelo do Dalminho por um buraco. Mais precisamente pela abertura de um vidro quebrado, que ficava na porta dos fundos. O mais legal era quando ele não conseguia abrir a porta, e ficava preso lá dentro. E íamos embora.
Os ensaios, quando ocorriam, sempre viravam verdadeiros bailes. Era constante e fiel a presença do nosso fã clube, uma galera, que nunca desgarrava do grupo.
O time de futebol do Pytomba era o que havia de mais engraçado. Quando queria ganhar uma partida, era só convidar o time dos Vicentinos para jogar. Ou o Pingão.
O torneio mais importante, e que por sinal saiu vencedor, foi o da Taça “Júlio Renê”. Esta taça, que foi patrocinada por nós mesmo, ficou escondida no estádio até que tivéssemos certeza que nós é que a ganharíamos. Quando ganhamos, saíamos em carro aberto, numa bela passeata pela cidade, acompanhada ao som de foguetes e dos olhares espantados do adversário, que tudo via sem nada entender o que estava acontecendo.
Num desses jogos, um recorde: Bellini aqueceu 85 minutos e, na hora que pintou sua oportunidade, recusou ferozmente a entrar em campo. Alegava que o gramado estava encharcado e iria sujar seu lindo uniforme branco.
Grandes clássicos e muitas estórias foram os jogos entre Pytomba e Pingão. Estes jogos, eram sempre narrados por Jorge Marin (Beiçola) que, com muito humor e inteligência, dava aquele show na locução.
Registramos aqui, nossa eterna saudade e respeito, ao amigo José Luiz da Jóia, que, com alegria e descontração, dirigia o time do Pingão, juntamente com Marquinho Dadalte.
A seguir, alguns nomes que tiveram a honra de vestir nosso manto sagrado, a camissa negra do Pytomba: Rômulo, Ademir, Norberto, Cuoca, Nem, Sílvio Heleno, Jorge Marin, Serjão, Dalminho, Zé Neli, Márcio, Renatinho, Geraldo Cantõe, Zezé Constantino, Paulinho, Coxinha, Pipita, Zé Márcio, Pedrinho Ventania, Celso, Clarê, Dantinho, Quintino, Eduardo e Pedrinho Verardo. Alguns destes atletas chegaram a jogar em grandes clubes do Brasil. Tudo era muito bem organizado. Tínhamos nossas próprias camisas, envelopes timbrados, carimbos e até um símbolo, que era o urso Zé Colmeia.
Alguns jornais da época, como a Voz de São João, Novidade e o Ideal fizeram grandes referências sobre o trabalho do grupo, sendo que, o Ideal de novembro de 76, que tinha como diretor e redator Nilson Magno Baptista, fez sua edição toda voltada integralmente ao conjunto.
Neste ano de 1976, o grupo recebeu novos componentes: Zé Neli na bateria, Bellini no vocal, Paulinho Manzo na programação visual e Jorge Marin nas composições e apresentações de textos. Serjão foi para a guitarra base e percussão e Sílvio Heleno passou para o teclado. Para a tristeza nossa e dos fãs, nesta época o Dalminho passou a residir em B.H.
Foi nesta ocasião, que o grupo começou a compor suas próprias canções e algumas instrumentais. Canções como Gen Nini, Rosa de Jericó, Flores Mortas, Verde e Tempo, (letras de Jorge Marin e músicas de Renê), fizeram muito sucesso, sendo que a música Canto Livre foi uma composição conjunta do grupo, alguns dizem até psicogravada, e foi sem dúvida o trabalho mais marcante.
Gravamos várias destas músicas (que, por sinal, serão divulgadas aqui no blog) e fizemos uma bela apresentação em gravação e fotografias na boate Kako dos Democráticos. Com muito bom gosto, e um delicioso coquetel.
(Texto - Serjão Missiaggia / Adaptação - Jorge Marin)

7 comentários:

  1. Mil loucuras,agitaçoes,badalaçoes e tudo mais...
    Uma epoca aparentemente ingenua e que foi vivida tão intensamente por voces.
    Muito bacana o blog e obrigada por continuar nos divertir.
    Tambem já adicionei aos meus favoritos.

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  2. Era mesmo uma turma do barulho, o mais legal é que tudo era feito de cara limpa; um tempo em que a amizade vinha em primeiro lugar, depois vinha "namoro, escola, etc...". As namoradas morriam de raiva, mas sabiam entender. Parabéns a todos do Pitomba, creio que nenhum outro grupo marcou tanto...Abraço...

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  3. Esta festa na casa da tia Irineia nunca mais esqueci.Estava um barato.Lembro de voces tocando em cima do tal tablado sequetrado que por sinal ajudei carregar e hoje vejo que nunca mais voltou.
    Muito legal o blog

    wilson

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  4. êtia saudade boa! Abraço aos Pytombenses.

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  5. Olha galera! Estou morrendo de inveja de vcs... pq não vivi esta época tão maneira q o Pytomba agitava pra vale nossa garbosa.
    Estou adorando os textos e vou dizer mais: vcs deviam escrever um livro...sério mesmo... os contos são divertidissimos...rsrsrsrs
    OBS:
    1 - queria muito ouvir as músicas do grupo...tem elas gravadas?...
    2 - quem eram os fãs do Pytomba?
    3 - Vcs pagaram o prejuízo a Dona Mariana Picorone (tablado)...rsrsrsrs...muito bom...
    4 - Onde está a Taça Júlio Renê? kkkk...essa foi demais....
    5 - E que preparo físico tinha o Bellini, 85 minutos aquecendo...rsrsrsrsrsrss

    muito bom o blog, parabéns

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  6. Hoje surpreso recebi um e-mail de um colega, que entusiasmado, acompanhando o blogão, lá em Salvador, passou-me o seguinte:
    Nesta festa na casa da tia Irinéia, mesmo estando meio de fogo, dois fatos me marcaram muito:
    Um deles foi aquele monte de luzes coloridas espalhadas no pé de ameixa, que com o terreiro totalmente escuro, foi muito show!
    O outro, até bastante gozado, foi quando estava sentado na escada e comecei observar aquele tablado, que hora subia de um lado, hora descia do outro. Sempre dependendo do posicionamento, que naquele momento, a maioria dos componentes estaria em cima dele.
    Se alguém se movesse para uma das laterais, num interessante sincronismo, à bateria imediatamente, subia lá trás, e se a mesma pessoa se movesse, ou ainda pior, saía de cima dele repentinamente, a bateria arriava lá atrás. E assim, foi sucessivamente. Um sobe e desce danado até que a festa terminasse.

    Ainda bem que labirintite só veio me achar trinta anos depois!!!

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  7. Pegando uma carona no comentário do Marcio onde se referiu às inúmeras reuniões em que fazíamos em sua casa, diria que: a maioria delas, bem ao estilo Pytomba, ficou marcada para sempre em minha memória.
    Teve uma dessas reuniões que, ao começar no terraço, passou para varanda, seguiu para sala, chegou à cozinha para finalmente sentarmos na escada do terreiro.
    Pra variar, após tomarmos aquele inesquecível cafezinho, feito pela Helcí ou a tia Irinéia, e fumar aquele cigarro quase sempre filado do Marcio, terminaríamos mais uma reunião e sem nada decidir. Ou melhor:
    “Decidíamos que seria preciso agendar uma outra reunião”.

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