sexta-feira, 21 de maio de 2010

ENFIM, A EXPOSIÇÃO 1972



Capítulo 3

Crônica - Serjão Missiaggia

Quanta novidade boa envolvida em diversão e alegria. E ainda havia muitos outros expositores: Fábrica de Saltos de Calçados (Glória), Confecção Tapuia, Confecção Dalcymar, Serralheria São José, Fábrica de Ladrilhos Knop, Confecções Ubatã Ltda, Metalúrgica Mont Serrat, Fábrica de Artefatos de Metal, Confecções Silmara, Confecções Singular, Madalena Bastos Ladeira (Flores), Confecções Paraíso do Bebê, Cia. Fábio Bastos.
Quem não se lembra das Maçãs do Amor, Selma - a Mulher Mostro, O touro Piloto do sr. Ubi e muito mais?
Tudo era muito simples e rústico, mas de incrível bom-gosto e criatividade. A matéria-prima empregada, principalmente nos acabamentos, quase sempre era em bambu.
E, por falar em Sr Ubi, nossa famosa fanfarra, após uma belíssima apresentação pelas ruas da cidade, onde veio estrear seu lindo macacão azul e branco, subiu desfilando, morro da Matriz acima, fazendo caracol em fila indiana até a Exposição. E por lá ficávamos. Raro alguém perder um minuto que fosse da festa. Ainda vestidos com o macacão, quase sempre ficávamos até o outro dia.
Já no ano seguinte, o ginásio organizou seu próprio estande. Montamos uma verdadeira sala de aula (carteiras, quadro-negro e tudo mais). Até nosso inesquecível esqueleto Juquinha fez parte da festa. Fizemos tudo com tanto carinho, que até algumas disputas chegaram acontecer, para que pudéssemos decidir quem iria pernoitar e ter o prazer de ficar de madrugada tomando conta do lugar.

Assim, de uma forma muito feliz e com muita sensibilidade, se expressou ZACH em sua coluna DECORAÇÃO INTERIOR. Numa nítida demonstração de tristeza, pelo sonho que havia terminado. Parecia estar, naquele momento, representando todo o sentimento de um povo:

“A EXPO/72 DA GARBOSA TERMINOU
Dia 22, pela manhã, lá estivemos. Os estábulos vazios, o campo sem poeira, sem máquinas. Os stands semi destruídos. Tábuas arrancadas sem nenhum cuidado, jogadas a esmo ameaçando nossos pés com pontas de prego.
A aparência era de vandalismo. Aproxima-se de nós um rapaz da rádio local e comenta sobre a festa de ontem - último dia da Expo. Pede nossa opinião. E, de repente, nos diz:
-‘Não gosto de ver isso. Desagrada-me ver destruir, seja o que for... Não me faz bem um espetáculo assim...’
Concordamos com ele. Realmente, o espetáculo da destruição é triste, mas é tão fácil, tão rápido...
Para construir leva-se tempo, perdem-se noites de sono, perde-se até a calma pelo cansaço.
Aqueles stands ali... Só os estandes para não ir tão longe, não remontar a muito. Aqueles estandes foram palco de trabalho, de esforço de muitos. Cada responsável ocupou uma grande equipe para montá-los. Pensou-se tanto, experimentou-se. Ideias foram jogadas fora, depois de ocupar as mentes, de cansá-las. Outras nasceram, foram destruídas, foram torcidas, sacrificadas.
Foram dias de trabalho, de discussões. Trabalho em equipe é difícil. Nem todos têm condição ou estão preparados para liderar ou ser um liderado... É a despreparação para a própria vida, a falta de entusiasmo. Daí vem o sofrimento, a não aceitação do outro.
E aquela manhã do dia 22, só o dia 22, só ele bastou... Tudo estava destruído. A gente olhava e via uns poucos empregados da prefeitura, comandados pelo Tonico Fontana, o incansável. Alguns poucos responsáveis pelas firmas expositoras e um ou dois auxiliares. Só isso de gente. Tão pouco.
Por quê? A obra era fácil. Não se precisam de muitos para destruir... E sentimos no ar a presença do “Grande Stand”, o editorial de um dos mini-especial de Voz de São João. Até ele, o invisível, poderia ser destruído se uns poucos o quisessem... Mas, pelo bem da Garbosa, da comunidade, ele precisa ser preservado. O “Grande Stand”, O ESPÍRITO DE UNIÃO E DE COOPERAÇÃO. Mesmo que, para sua manutenção, vaidades fossem feridas, lucros maiores fossem contidos, orgulhos fossem dominados. Um povo desunido é um povo fraco!
Não vamos todos nos unir no Cristo? A união nele exige sacrifícios, exige disponibilidade real, não meias medidas.
Destruir é fácil. ‘Construir, esse é o trabalho que requer mestres.’
Para seu cantinho de recordação, caro São-Joanense, leve uma pequenina peça que o faça lembrar a EXPO/72 da Garbosa. Isso enfeita sua estante com um sabor diferente, de um bairrismo doce e terno. E fará despertar em si um entusiasmo maior para com as coisas de sua terra.”

Assim também descreveu Bambino, em sua coluna na Voz de São João:
“O que impressiona e exalta o nosso contentamento é de como o São-Joanense participa e demonstra sua valiosa boa vontade, quando convocado para as árduas tarefas de interesse coletivo, como foi na 1ª Exposição; tudo se processou com a infalível prata da casa e o habitual desprendimento, colocando a cidade à disposição do hóspede, que se torna sensível aos interesses da Garbosa, numa manifestação simpática pela causa.”

Algumas notas interessantes extraídas do Mini-especial Voz de São João:
“- Lamentamos o ocorrido hoje à tarde na Cooperativa dos produtores de leite desta cidade. Principio de incêndio em uma das caldeiras. Felizmente foi debelado a tempo e tudo voltou ao normal.
- Muito tem nos ajudado na redação o telefone instalado no stand da casa Leite & Cia.Ltda. Graças a ele temos nos comunicado rapidamente para colher dados sobre pormenores da Expo.
- Hoje uma mulher, Selma, está virando monstro aqui na Expo. Cuidado minha gente!
- Achalay Q. Ingrata Acuatica. Nome de gente? Não, de vaca, e da que mais tem chamado a atenção de todos, pois rende por dia, na fazenda, 45 litros. Uma verdadeira cooperativa. Holandesa, origem pura, preta e branca, veio da Argentina. Sua idade é 86 meses. E puseram o sobrenome na pobre coitada de Ingrata... Vai ser ingrata pra lá...

NA PRÓXIMA SEXTA – o que, tenho certeza, permanece na mente de todos que estiveram naquela Expô – o ENGOMA-CUECA.

8 comentários:

  1. Achei interessantíssimo e até engraçado quando foi comentado sobre o telefone no stand da Casa Leite que era usado pelos demais. E como as coisas evoluíram não?
    Muito bom relembrar esta época que alem de alegre tinha também suas dificuldades.

    ResponderExcluir
  2. Achei interessantíssimo e até engraçado quando foi comentado sobre o telefone no stand da Casa Leite que era usado pelos demais. E como as coisas evoluíram não?
    Muito bom relembrar esta época que alem de alegre tinha também suas dificuldades.

    ResponderExcluir
  3. Concordo com vocês ao comentar sobre o stand do ginásio. Foi muito legal a participação dos professores, alunos, funcionários para que tudo ficasse bem feito. E ficou! Chegava à noite a lá estávamos nós curtindo nosso stand.
    Parabéns pelo blog e obrigada pelas boas recordações

    ResponderExcluir
  4. Recordo bem deste incêndio na cooperativa. Agente havia acabado de chegar à exposição e uma imensa nuvem de fumaça começou subir no céu. Muitos desceram da exposição para ajudar apagar o fogo. Foi um corre corre danado.

    ResponderExcluir
  5. Puxa! Quanta saudade! O stand era o luxo, sempre com a participação dos alunos, isso nos dava uma foça tremenda. E o frio? A serração molhava nossas blusas, mas não desistiamos, pois sempre faltava um pouquinho. A fanfarra em fila indiana foi lindo! Saudades, saudadess meu caro!

    ResponderExcluir
  6. Fiquei varias vezes na fila da CCPL só para pegar seus deliciosos leitinhos com sabor de fruta. Juntávamos a turma e fazíamos aquela festa, pois tudo era novidade

    ResponderExcluir
  7. Realmente acontecia aos sábado de encerramento um fato pitoresco ou seja quando ia aproximando umas onze horas da noite e aquela multidão que estava na Expo descia toda ela e se concentrava na pracinha do coronel a espera do baile.
    Era gente e carros que não acabavam mais e tudo transcorria de uma maneira super ordeira e se transformava em momentos de muita alegria e desconcentração.
    Obrigada por me fazerem lembrar tudo isso.

    ResponderExcluir
  8. Realmente são lembranças maravilhosas, que passam e vão ficando no esquecimento.Obrigado por nos dar este prazer.Trabalhei no stand de flores da minha mãe nesta época

    ResponderExcluir

BRIGADU, GENTE!

BRIGADU, GENTE!
VOLTEM SEMPRE, ESTAMOS ESPERANDO... NO MURINHO DO ADIL