sexta-feira, 14 de maio de 2010

ENFIM, A EXPOSIÇÃO... 1972



Capítulo 1

Crônica - Serjão Missiaggia
Dias atrás, coincidentemente ao se aproximar a semana do município, tive a grata felicidade de ler em um jornal local uma noticia que nos dava conta de uma verba, disponibilizada para que se iniciasse a tão necessária obra de recapeamento asfáltico de nosso Parque de Exposições.
Aí não teve outro jeito: lá fui eu, deixar que aquelas boas lembranças começassem a pedir licença e se aflorassem em minha mente.
De imediato, deparei-me com a lembrança da figura de meu saudoso pai. Era uma tarde qualquer entre 1971 e 1972. Recordo-me bem quando ele, ao chegar para o almoço, fez o seguinte comentário:
- Acabei de descer, com o Gaby, lá do antigo campo do Mangueira! Estão preparando o local para se fazer uma espécie de Exposição em São João - concluiu.
E assim, todo entusiasmado, ficava a nos contar, em detalhes, tudo o que havia visto. Dentre muitas coisas que nos narrou, lembro-me apenas de que estariam construindo vários galpões. Como todo bom adolescente, de momento, pouco me liguei para aqueles fatos. Talvez apenas certa curiosidade. Nada mais.
Jamais poderia imaginar o quanto aquele lugar iria significar para a cidade. Quanta coisa boa em minha existência ali iria acontecer. Não só para mim, mas para um “monte” de outras pessoas.

Assim, a cada dia que passava, e se aproximava o tão esperado acontecimento, um entusiasmo contagiante e sem igual já se fazia presente. Não havia distinção, pois todos os setores da sociedade, num espírito fraterno e de cooperação, começavam encarar o grande desafio. Interessante que, mesmo ainda jovem este fenômeno, me chamou muito à atenção.
O povo, cada vez mais curioso e empolgado, ficava a observar aqueles frenéticos sobes e desces de pessoas e carros no morro da Matriz. Eram empresários da indústria, comércio, escolas, clubes, agropecuaristas e artesãos que, mesmo ainda faltando vários dias para o início da festa, já se faziam presentes. Era um momento muito especial e um motivo de extremo orgulho para todos os sanjoanenses.
Para terem uma ideia, transcrevo um trecho do jornal Voz de São João, datado de 14 de maio de 1972, onde, na oportunidade, a direção do ginásio se dirigia aos alunos da seguinte maneira através da coluna “Colégio São João em... forma”: “Meus caros alunos, inicia-se terça-feira a Exposição Agropecuária e Industrial de São João Nepomuceno. Bela iniciativa do governo municipal sob a ‘batuta’ do nosso Bolote, prefeito municipal, cuja intenção é elevar sempre mais o nome de São João Nepomuceno, a nossa querida Cidade Garbosa. Prestigiem com sua presença, pois vocês são indispensáveis.”
Ainda na mesma edição da Voz de São João, tive a felicidade de deparar-me com estes versos. Seu autor, Sidnei Batista (o China) foi uma pessoa maravilhosa da qual, mesmo que por um curto período de tempo, tive a honra de me relacionar e trocar ideias. A ele, meu eterno respeito e admiração.

VERSOS PRA FRENTE

Cara São João, hoje você está na sua,
Veja quanta gente bordejando pela rua,
Você quanto mais velha mais se remoça,
E minha gamação é tão excessiva,
Que se eu entrasse no tutu da esportiva,
Eu iria tentar tirar você da fossa.

Mas sua gente, São João, é muita vida,
Assim mesmo que eu perca a esportiva,
Sua fossa já era. É grande nosso apego.
E manja pros maus presságios não dê bola,
Tudo é como diz a antiga parola:
“Tão logo após o toró vem o sossego”
Será sua festa a mais bela da paróquia,

E sua exposição talvez coloque-a,
De bandeja, num invejável lugar.
E aqueles que vibram com sua murruca,
Haverão de ver, muito bem lelés da cuca,
Que você está botando pra quebrar.

E é bem legal essa nossa curtição,
Por sua festa, por sua exposição,
Nesta semana você vai acontecer.
E no fim de papo, após o serviço,
Você ainda há de dizer:- Ora isso
E um galho fácil de quebrar, podes crer.

(CHICOTE)

A juventude, num entusiasmo ainda maior, se preparava da mesma forma, para a grande festa.
As costureiras já começavam trabalhar a todo vapor, para que assim pudessem dar conta das centenas de encomendas, dentre as quais: blusas, cachecóis, meias e luvas de lã.
Interessante ressaltar que este costume veio a se tornar uma constante, principalmente, nas primeiras exposições.
O inverno era marca registrada que, já no início de abril, começava a dar seus primeiros sinais. Era um frio onde, raramente, havia mal tempo. Frente fria chegava para nos trazer frio e não chuva. Um céu totalmente aberto no qual uma linda cor avermelhada vinha compor, juntamente com muita serração, um cenário perfeito e acolhedor para o tão esperado evento. Algumas noites eram tão frias que, não raramente, subíamos envolvidos em cobertores. Tudo era muito romântico e motivo de alegria.
Como vocês sabem, a Expô continua na próxima semana.

7 comentários:

  1. Muito bacana lembrar esta grande figura Sanjoanenses que foi o China. Poeta, escritor alem de incrível pessoa humana.
    Feliz recordação de vocês.

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  2. Realmente foram momentos de muita alegria como foi tambem inesquecivel aquele televisor colorido funcionando no stand da tipografia.
    Bacana esta viagem a nossa primeira exposição.

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  3. Oi pessoal!!!
    Que saudades da nossa exposição>>>>>
    Voces não imaginam o que mais me chamou a atenção!!! Foi um stand de Perucas, isto mesmo perucaasss .E eram lindas !!!!rsrsrsrs

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  4. Lembro do meu pai Sr.Fernando da oficina, participando da expô com um estande montado por ele e pela Rosaura minha irmã. Era uma varanda com com janela e gradil de ferro, com mesa e cadeira, tudo que êle fabricava. Quanta saudade.Agradeço sempre por tudo que fez e sempre fará parte de nossa lembrança. Valeu Serjão.Abraços prá todos

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  5. Serjão,na primeira exposição a artista que se apresentou foi Miriam Batucada.Mas o pessoal não aplaudiu:foi preciso que o apresentador quase implorasse pelos aplausos.Que feio para o povo sãojoanense!

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  6. Lembro-me do Stand da Volkswagen(acho q e assim q se escreve),onde foi apresentado o primeiro Passat,o carro do momento,uma sensacao...Eu curtia a Exposicao ate o fim,so ia pra casa com a neblina baixa,a gente quase nao via nada,a neblina cobria o Parque de Diversoes,as barracas,tudo,nem o frio nos desanimava.Como era bom....

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  7. tens alguma informação de como surgui a fabrica de calçados dragão?! E quem foi Sr Anisio batista de gouves, um dos proprietarios da dragão em aprox 1945....
    Gostaria de receber informações, caso tenha.
    patricialavecchia@yahoo.com.br

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