quarta-feira, 7 de outubro de 2009

PYTOMBA NA OREIA


HELLO, CRAZY PEOPLE!!!

Como prometido na semana passada, o assunto é Big Boy. Era com o grito de guerra aí de cima que ele entrava no ar todas as tardes pela Rádio Mundial do Rio de Janeiro. Pode parecer incrível, mas o Rio (e não só o Rio) parava para curtir o programa. O papo do Big Boy era um papo diferente: ele criou sua própria linguagem e o público adorava aquele tipo de energia.
Nascido Newton Alvarenga Duarte, era conhecido pelos colegas de trabalho, pelo público e pelos ex-alunos (ele foi professor). Levou para o rádio o seu jeito irreverente e inovador, mas também a empatia com o público jovem. Quem viveu sua adolescência e juventude nos anos 70, lembra dos programas da Rádio Mundial 860 AM. Quem teve oportunidade de participar de seus famosos “Bailes da Pesada”, deve se lembrar até hoje.
Nascido em São Paulo, em 1º de junho de 1943, foi apaixonado por música desde a infância, quando começou colecionar discos. A coleção chegou a 20 mil discos. Frequentador assíduo da Rádio Tamoio, do Rio de Janeiro, para garimpar novidades do mundo rock, acabou realizando seu sonho de apresentar um programa, quando foi convidado para substituir um programador que entrara em férias. Deixou, na mesma hora, as aulas de Geografia e tornou-se imediatamente radialista.
Mais tarde, foi convidado a participar de uma reformulação da Rádio Mundial AM, que acabou se tornando a emissora de maior audiência entre o público jovem do Rio de Janeiro. O professor Newton tornou-se, então, o Big Boy, o DJ, e criou o estilo que, até os dias de hoje, influenciou os locutores de rádios FM. Apresentava as músicas, falava dos músicos, das novidades e extravasava a sua condição de fã, o que o aproximava dos seus ouvintes.
Big Boy é o que se chama hoje “profissional multimídia” porque, além de programador e radialista, era também apresentador de TV e mantinha-se antenado com todos os segmentos e movimentos da música contemporânea da época. Além de manter dois programas diários na Rádio Mundial (Big Boy Show e Ritmos de Boate), um na Rádio Excelsior de São Paulo e um semanal especializado em Beatles (o Cavern Club), também atuava como colunista em diversos jornais e revistas, produtor musical e DJ dos Bailes da Pesada, onde iniciou o que viria a ser, no futuro, os bailes funk. Na televisão, antes de existir a MTV, apresentou os primeiros vídeo clips de que se tem notícia, durante sua participação diária no jornal Hoje, da TV Globo. Em outro programa de TV – Papo Pop, na TV Record de São Paulo, lançou grupos brasileiros de vanguarda. Com o projeto Eldo Pop, foi o precursor das transmissões em FM no Brasil, com um programa recheado de rock progressivo. Chegou a ser ator de TV numa novela cômica da Globo em 1970 – Linguinha – onde, ao lado de Chico Anysio, fazia o papel dele mesmo ... Big Boy!
Aquela coleção de discos da adolescência nunca parou. Viajava constantemente a outros países, onde enriqueceu seu acervo, buscando raridades como discos piratas, os “bootlegs” de tiragem limitadíssima. Hoje, a discoteca de Big Boy constitui-se num acervo cultural inestimável, pois trata-se de um registro vivo da evolução da música nos anos 70, além da síntese do trabalho de um dos mais importantes profissionais da crítica musical e, certamente, o mais criativo.
Infelizmente, este maluco beleza nos deixou aos 33 anos de idade, em 7 de março de 1977, vítima de um ataque de asma, num quarto de hotel em São Paulo.
Quem quiser ter uma ideia do trabalho da fera, pode procurar alguns de seus LPs na Internet: Baile da Pesada (1970), Big Baile (1971), Baile da Cueca (1972) e The Big Boy Show (1974). Há também um documentário curto sobre a vida do Big Boy: The Big Boy Show, em duas partes de 10 minutos e pouco cada uma, disponíveis em:
http://www.youtube.com/watch?v=0t6FhgHDMas
http://www.youtube.com/watch?v=5qq_z4ClEzI&feature=related .

(Texto de Renê e Jorge Marin, sobre biografia existente na Wikipedia)

7 comentários:

  1. Esse era o cara.Bem lembrado mesmo.

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  2. Matei a minha curiosidade com este texto. Obrigado. Abraço.

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  3. De fato os programas dele na Mun dial eram muito bons. Eu particularmente adorava.Abraço.

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  4. Falar sobre o Big Boy me dá saudade daquele tempo que
    agente ia pro campestre pra nadar. Ficávamos deitados
    naquelas cadeiras de madeira escutando a Mundial e
    tomando uma geladinha com a turma. Tempo bom.

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  5. O cara realmente era da pesada. Muito bom.

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  6. Hello, crazy people!!!... Muito Bom, Jorge e René!...

    Na época eu trabalhava durante o dia e estudava a noite, e não dava para ouvir Big Boy. Mas aos sábados, ligava meu radinho transglobo philco no Cavern Club, e me deliciava com músicas e informações sobre Beatles.

    Ah!... Também aos sábados, à tarde, na Rádio Jornal do Brasil AM, havia “Sessenta Minutos de Música Contemporânea” (muito bom, onde apareciam as novidades do rock); e lá pelas onze da noite, todos os dias da semana, também havia na rádio JB o programa “Noturno”, apresentado por Eliakim Araújo (esse mesmo da televisão de hoje), e onde tocava basicamente blues e jazz.

    Enfim, muita informação cultural nos anos de 1970 vinham através da rádio am (tempos difíceis, aqueles!... Mas, também, bons tempos na companhia do rádio AM).

    Parabéns pelo texto, ótimas informações, e boas recordações para quem vivenciou aqueles momentos.

    E grande abraço,

    Brandão
    www.cesarbrandao.com.br

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  7. Sylvio disse...
    Pytomba também é cultura!

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