sexta-feira, 3 de julho de 2009

HISTÓRIAS INACREDITÁVEIS NAS QUAIS NÓS MESMOS CUSTAMOS A ACREDITAR


A F Á B R I C A - R E L O A D E D
Roteiro original – Serjão Missiaggia / Adaptação – Jorge Marin
NO ÚLTIMO CAPÍTULO DA FÁBRICA encontramos nossos fabricantes de sustos Renezinho e Serjão, à noite, na porta da fábrica, preparando-se para aprontar para seus amigos Dalminho e Sílvio Heleno. Como bem se recordam, os dois passaram o dia inteiro trançando linhas para produzir efeitos especiais capazes de amedrontar as pobre “cobaias”.
Era chegado a hora.
Mal havia anoitecido, e lá estavam eles: Renê, Dalminho, Sílvio Heleno e Sérgio. Antes de entrar, ainda ficaram algum tempo no terreiro, encarando o prédio sinistro. O coração dos fabricantes de sustos batia ainda mais disparado que os das cobaias, talvez até com uma certa ponta de arrependimento. Ou mesmo um pressentimento de que alguma coisa não muito boa poderia acontecer.
Sílvio Heleno já não estava muito bem. Enquanto esperava a ordem de partida, brandia um pedaço de cano na mão, enquanto gritava bem alto para o interior da fábrica:
- Se acaso vocês forem homens, venham para o terreiro!
- Aqui fora, até eu! - resmungou Dalminho...
Emoções à parte e lá foram os desbravadores, ao encontro do sobrenatural...
Ao entrar, a escuridão era total. Não se via absolutamente nada, a não ser o desnutrido foco da lanterna e a brasa do cigarro do Dalminho.
Já na porta de entrada, uma linha estrategicamente posicionada, era puxada. A intenção era fazer com que a porta se fechasse e empurrasse, ainda mais, todos para dentro. (Foi o que aconteceu!). Todos engoliram em seco, O arrependimento já começava a tomar conta de alguns corações, uns por colocarem os amigos naquela roubada e os outros, por terem entrado naquela aventura. Mas, naquela altura do campeonato, sem rumo, naquela escuridão, ninguém se atreveria, de forma alguma, a retornar.
Neste momento, Serjão sentiu uma forte pressão no braço esquerdo, chegando, ele próprio, a se assustar, mas, virando a lanterninha para o lado, viu que era o Dalminho que, caminhando de olhos fechados, apertava, em desespero, o braço do amigo... enquanto dizia baixinho: “mãe, mãe, mãe!”
No último degrau da escadaria do terraço, foi deixado um tambor armado que, preparado com bastante sutileza, bastaria um singelo puxar de linha, para que descesse escada abaixo e viesse em direção â comitiva. Mas este momento ficou reservado para a volta, juntamente com janelas e portas, que bateriam dentro dos quartos.
Então, após passar pelo corredor principal, chegaram enfim ao grande salão.
Neste salão, um chinelo, com linhas amarradas e previamente preparadas, aguardava-os, pois, era só caminhar lentamente com ele, para começar arrastar algumas correntes, que estavam no final do corredor. GRITARIA GERAL!
No mesmo instante, uma outra linha era puxada, fazendo um ruído sinistro e assustador. Este ruído era devido ao trinco de uma porta, que se arrastava pelo chão. MAIS GRITOS DE HORROR!
Deste ponto em diante, a coisa realmente começava a pegar fogo, principalmente quando se dirigiam para uma pequena área externa do prédio onde existia um pequeno banheiro. A intenção era verificar alguns ruídos estranhos, que vinham daquele lugar.
Esta hora foi verdadeiramente desesperadora, pois este banheiro, de construção antiga, tinha sobre seu vaso, uma pequena corda, para dar descarga. Nem precisa dizer que nela foi colocada também uma linha, da cor da parede, só esperando ser puxada por quem de direito.
Quando focaram o vaso com a lanterna, foi realmente incrível, pois, debaixo dos narizes de todos, e a menos de dois metros, presenciariam o movimento da cordinha, acionando aquela descarga.
Aí, a correria foi geral, enlouquecida, desenfreada e para todos os lados. Uns davam cabeçada na parede e outros gritavam pela mãe. Foi como um grande estouro de boiada no escuro, pois nada se via e todos corriam sem rumo, à procura de uma saída.
Nesta hora, no meio do corre-corre, ao virar a lanterna para trás, Serjão presenciou uma cena ainda mais engraçada, pois o Renê, quase deitado, ficava desesperadamente abanando a mão no escuro, tentando em vão achar uma suposta linha que, naquele lugar, deveria estar esticada.
No corredor, janelas e portas batiam sem parar e, quando iam passando pelo pé da escada, eis que surge, do terraço, nada mais nada menos, do que aquele tamborzão.
E que barulhada! A coisa apareceu de repente, descendo pela escada abaixo, pulando na direção deles, igual a uma mula sem cabeça... GRITOS DE HORROR!
A intenção era justamente fazer com que o tambor impedisse a passagem de volta, obrigando assim, a um retorno forçado para o salão, o que realmente aconteceu, para desespero geral.
Encurralados, permaneceram uns trinta minutos, esperando coragem para fazer o caminho de volta.
Logo que a coisa serenou e os batimentos cardíacos se normalizaram, começaram enfim, a fazer o retorno e alcançar, finalmente, o tão sonhado terreiro.
Lá fora, mais aliviado, o Sílvio, mais uma vez, desafiou a suposta assombração, ainda com o pedaço de cano, gritando bem alto:
- SE VOCÊ FOR HOMEM, VEM AQUI FORA, AGORA!
Para sua surpresa, havia uma última armadilha: uma folha de zinco foi deixada estrategicamente bem em cima do telhado, que serviria para finalizar as manifestações.
Quando ele gritou, uma linha foi puxada, fazendo um grande barulho no telhado. Nesta hora, novo grito:
-TAMBÉM NÃO PRECISA SER ASSIM!
E agora: o que acontecerá? Os amigos terão coragem de voltar? A notícia se espalhará? Quem serão as novas cobaias?
E, fala sério: quem de nós, reagiria de forma diferente, numa situação como essa?
Não percam o terceiro capítulo da macarronesca novela A Fábrica, o Retorno.

10 comentários:

  1. Foi tudo exatamente assim. Não me aguentei de tanto rir
    ao ler e relembrar o episódio. Não fazem idéia da expressão do pessoal quando iluminávamos suas caras aterrorizadas!
    Só os eventos ocorridos durante o dia da preparação dentro da Fábrica já seriam suficientes
    para redigirmos uma outra história.
    Lembro-me que durante a montagem das armadilhas surgia em nossa mente uma antevisão dos acontecimentos e, de repente, caíamos no chão numa gargalhada incontrolável, daquelas que dá dor na barriga e
    custávamos a recuperar o fôlego para continuar,
    só não podíamos olhar um para o outro pois assim
    todo o descontrole voltaria à tona.
    Era bom demais!..
    Renê

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  2. Muito bom!
    Fico imaginando a cara de cada um de vocês naqueles instantes de loucura.
    Pessoal, continuo dizendo: -"vocês eram doidõis demais!... E eram mesmo! Vocês aprontavam no prédio da antiga fábrica de macarrão.
    Mika

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  3. Aguardo o terceiro capítulo com ansiedade.
    Mika

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  4. Essa da Fabrica Assombrada eu não conhecia mas é muito gosada.
    No tempo de ginasio escutei muitos comentarios a respeito de Bombas e de contatos com um Disco Voador.
    O blog tá D+
    Vicente

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  5. Meus caros, nem Spielberg seria capaz de criar tantos efeitos especiais, com certeza se entrar nêsse blog ficará humilhado. Zé do Caixão com certeza os contratariam para dirigirem seus filmes...Parabéns enigmáticos pitomacarroneiros...Very good...Um abraço...

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  6. Foram momentos inesquecíveis de nossas vidas. Apesar do sufôco gerado pelos efeitos especiais, nós gostavamos do mêdo que passavamos pois no fundo, sabiamos que algo estava acontecendo para que tantos efeitos acontecessem.
    Se achacemos que realmente eram fantasmas, nem lá perto chegariamos...
    shp

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  7. Este comentário foi removido pelo autor.

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  8. Alguem já viu uma bicicleta ao nivel do solo?
    Acho que nem Pelé!!!!
    Ou seria um escorregão? Balé? Acho que não!!!
    Só sei que é simplesmente fantastico!!!!!

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  9. Na epoca fiquei sabendo que teve gente que quase pulou de verdade o muro da Casa Leite quando viu o vulto no alto da escada..
    Quem teria sido???
    Com a palavra os autores
    zeze

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  10. Respondendo a pergunta feita logo acima digo que foi o Marcelo que, ao ouvir o estouro lá nos fundos da Fábrica, teve como primeiro impulso tentar pular o muro da Casa Leite. Ao perceber que iria ficar preso lá até o dia seguinte voltou e pulou a grade que fazia divisa com a rua se ferindo em uma de suas pontas. O resto você já sabe.

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