quarta-feira, 14 de outubro de 2009

OS FILMES QUE EU VI NO CINE BRASIL


A CASA DA NOITE ETERNA

O Dalminho me lembrou de um filme que eu tenho certeza de que assustou muita gente nos anos 70. É a história de uma casa dita mal-assombrada, que recebe um grupo de estudiosos de paranormalidade aptos a investigar os supostos fantasmas.
A chave do sucesso do filme é o roteiro, escrito por Richard Matheson, que, além de escrever para a TV, é considerado um dos melhores escritores de literatura fantástica da segunda metade do século 20. Em seu currículo, existem muitos contos e romances que acabaram fazendo sucesso nas telas, como o famoso “Encurralado”, “O incrível homem que encolheu”, “Em algum lugar do passado” (com Cristopher Reeve, num de seus raros papéis sem ser o Super-Homem), e dezenas de episódios da série “Além da imaginação”. Matheson foi também um dos principais roteiristas do cultuado Roger Corman, o Zé do Caixão dos Estados Unidos.
Esta história de casa mal-assombrada, “A casa da noite eterna”, foi escrita pelo próprio Richard Matheson, que depois a roteirizou para o cinema. Mas, antes de falar sobre o filme, deem uma olhadinha no trailer aí em cima e leiam algumas frases marcantes do filme.

Chris Barrett: “Esta é a pior de todas as casas mal-assombradas. Houve duas tentativas de investigá-la. Foi um desastre, oito pessoas morreram. Fischer foi o único que sobreviveu. E quando se arrastou para fora era um caos mental.”

Ann Barrett: "O que fez ele para deixar essa casa tão malévola, Sr. Fischer?"
Ben Fischer: “Vício de drogas, alcoolismo, sadismo, bestialidade, mutilação, assassinato, vampirismo, necrofilia, canibalismo, para não mencionar uma porção de perversões sexuais. Mas eu... devo prosseguir?”
Ann Barrett: “E como isso terminou?”
Ben Fischer: “Se isso tivesse terminado nós não estaríamos aqui.”

(É importante ressaltar aqui que todas aquelas coisas das quais o Ben falou, hoje comuns, nas festas rave, por exemplo, eram meio escabrosas na época)

A história é a seguinte: um milionário à beira da morte, Rudolph Deutsch (Roland Culver), oferece ao físico Chris Barret (Clive Revill) cem mil libras para investigar a mansão do falecido Emeric Belasco (Michael Gough), um perverso. Na velha casa, vários investigadores de fenômenos paranormais e de ocultismo tinham sido assassinatos ou enlouqueceram. Deutsch acredita que a Mansão Belasco – também chamada de “a casa do inferno”, do título original em inglês, é o único local no mundo no qual a sobrevivência após a morte pode ser provada, isto graças ao conjunto de perversões executadas pelo antigo dono.
Barret chega à mansão junto com sua esposa Ann (Gayle Hunnicut), da jovem médium Florence Tanner (Pamela Franklin) e do único sobrevivente de uma experiência anterior na casa ocorrida vinte anos antes, Ben Fischer (Roddy McDowall), que afirma categoricamente:
- “Eu fui o único que conseguiu sair vivo e são em 1953. E eu vou ser o único a conseguir sair vivo e são também desta vez.”
A partir daí tem início, uma série de estranhos e assustadores fenômenos sobrenaturais. Para quem gosta do horror que beira o trash, “A Casa” é um show, com uma trilha sonora eletrônica cheia de ruídos estranhos, além de uma cenografia bem característica do que entendíamos por um bom filme de terror naquela época. A fotografia apresenta tomadas estranhíssimas, abusando de closes bizarros e de tons sombrios na medida exata. As interpretações não são histéricas, mas bastante comedidas e até, por que não dizer, convincentes.
Todo este conjunto faz com que seja um filme não recomendável para se assistir à noite e a sós. Parece que é a gente que está entrando na casa e ouvindo o velho Emeric gritar no gramofone:
- “Bem-vindos a minha casa. Estou contente porque vieram. Estou certo que vão achar sua estada aqui muito esclarecedora. Pensem em mim como seu anfitrião invisível. E acreditem, durante sua estada aqui estarei com vocês em espírito. Possam vocês achar a resposta que procuram. Ela está aqui, eu lhes juro. E agora... auf Wiedersehen, adeus!...”
Pois não é que, lá em cima, na parte superior do Cine Brasil, ao ouvir o grito do físico, desafiando o morto, o Dalminho, o Renê e o Serjão repetiram, como se tivessem ensaiado:
- “Belásquez!!!”
Conta a lenda que o Márcio Velasco estava lá embaixo, com uma gatinha e, ouvindo o que seria doravante o seu grito de guerra, levantou-se e foi embora.
Mas até hoje, mesmo nos momentos de grande alegria e júbilo, o grito ainda soa meio macabro, e dá um certo arrepio na espinha, principalmente quando é o Sílvio Heleno que grita:
- BELÁSQUEZ!

(Texto de Jorge Marin)
Foto: Frame do filme, disponível em: http://blogs.estadao.com.br/carlos-orsi/2010/10/15/duas-vezes-richard-matheson/

3 comentários:

  1. Jorge,

    Verei o trailer amanhã, e durante o dia. Agora, meia-noite, medroso ao extremo, eu ficaria a madrugada toda (já que somente consigo dormir quase amanhecendo) sempre a ouvir o fatasmafone, aqui na casa da noite eterna. E não me lembro de ter visto esse filme; mas seu texto ficou muito bom (e me lembrei daquele chocolate que levei pra você, quando macrobiótico, lá no cine Festival... Lembra-se?...). Que filme estávamos vendo?...

    Parabéns e meu abraço,

    Brandão
    www.cesarbrandao.com.br

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  2. Amigo Brandão,

    Bom ter você, que é um cinéfilo inveterado, comentando nossos posts. O caso do Cine Festival foi o seguinte: eu estava lá (assistindo Amarcord de Fellini) e você, que não sabia da minha presença, entrou para comer um chocolate Prestígio escondido, porque você era macrobiótico. Ao ser surpreendido em flagrante delito de alimentação não-natural, você disse que tinha trazido o chocolate pra mim.

    Abração,

    jorgemarin

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  3. Ói eu aqui travêis !!!!!
    Fiquei IMPRESSIONADO, não com o filme, até porque também não me lembro de tê-lo visto, mas sim pela aguçadissima memória do Dalminho, meu colega de sala do tempo do extinto mas famoso( e nós fizemos parte desta fama, e que faammmmaa)
    "Gynasium" do "Sô Ubí", no qual a única coisa que o nosso " crooner" se lembrava mesmo era de namorar, desenhar motos e FINGIR que tocava guitarra .Por isto, digo estar achando o máximo ele se lembrar do filme, nomes dos atores e os nomes dos personagens.
    Valeu Dalminho, um abraço extensivo à turma!
    Mazola

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