terça-feira, 28 de abril de 2009

O PRINCÍPIO DO INÍCIO


Era uma vez, numa pacata cidade do interior de Minas Gerais...
Os habitantes de São João Nepomuceno, nos anos 70, não ficavam apenas em casa assistindo O Cafona (da líder de audiência TV Tupi) ou O Homem que Deve Morrer (da jovem TV Globo). As pessoas preferiam passear na Rua do Sarmento.
Além disso, havia o cinema: o Cine Brasil que, às vezes, arrastava multidões, principalmente nas quartas-feiras, quando ocorria a sessão do troco e todo mundo pagava meia. Naquele dia, estava passando A Quadrilha da Fronteira, com Lee Van Cleef.
A sinuca do Cida era parada obrigatória para todos os rapazes que fingiam estar se concentrando no jogo mas ficavam de olho nas meninas (chamavam-se cocotinhas) que passavam. Enquanto as cocotinhas pareciam interessadas nos rapazes, mas se encantavam mesmo com o ritual daquele jogo, na época só para homens.
Ao longe, o barulho do semáforo da linha férrea anunciava a passagem do trem em frente ao Bar Central.
A cidade, meio agitada, já preparava a organização de sua primeira Exposição Agropecuária e Industrial!
No murinho do Adil, muitas fofocas rolavam enquanto, entre uma paquera e outra, o tempo passava lentamente, como se não existisse.
No Bar do Bode, encontros e desencontros aconteciam enquanto, no auge do sucesso, Rubro Bar, Zoom Frutas e Botachopp faziam à cabeça e os passos da moçada.
As fábricas Sarmento, Dragão e Sylder, mais as de ferraduras, tampinhas, vassouras e outras, ditavam o progresso do município a todo vapor.
O Ginásio do Sr. Ubi era referência para todos, pois lá pulsavam os corações de uma juventude que sonhava, acordada, com um mundo mais justo e melhor. Idéias e energias eram canalizadas em competições esportivas e culturais, além da inesquecível fanfarra, sob a batuta do Beto Vampiro.
O novíssimo Clube Campestre era a nova opção de lazer oferecida pelo Clube Democráticos, enquanto, na sede, e junto com Trombeteiros e Operários, realizavam-se os inesquecíveis bailes de Carnaval, ocasião em que a Rua do Sarmento se enchia de foliões e curiosos, ávidos pelos desfiles das escolas de samba Esplendor do Morro, Avenida e Caxangá.
A cena urbana mesclava lojas (como: A Brasileira, Tipografia, O Guri, Americana, Casa Leite) e os bares Dia e Noite e Floriano, onde todos se cumprimentavam e tomavam um café, ou uma cerveja.
O futebol vivia de saudades: as torcidas de Mangueira, Botafogo e Operário, lembravam os clássicos inesquecíveis, e torciam pelos times do Rio: o Botafogo era a base da Seleção Brasileira, mas perdeu o título carioca, com um gol roubado no último minuto.
A Rádio Mundial AM era a onda do momento, e o grande sucesso eram as músicas internacionais. O LP (alguém se lembra do vinil?) Explosão Mundial era um grande hit com músicas como Summer Holliday, Imagine e You’ve Got a Friend.
Os grupos musicais, presentes em todos os bailes de formatura e debutantes, eram os Solfas, TNT e CBV, enquanto a prata da casa, os grupos locais, eram Os Cobrinhas e Som Livre, comandados, respectivamente, pela Neli Gonçalves e pelo Sebastião Cri-Cri.
O prefeito – Bolote – inaugurou as novas lâmpadas de vapor de mercúrio, que deixariam a cidade iluminada como nunca.
O padre Vicente abriu a Igreja para os jovens, e os violões animavam as missas, os encontros, as gincanas e as campanhas de Natal e inverno.
O grande barato era a luz negra e as bebidas da moda eram Gin Tônica, Cuba Libre, Campari, sem esquecer a Batida de limão e o Rabo de Galo.
Pois bem: foi neste cenário, ao mesmo tempo ingênuo e vibrante, conservador e psicodélico, mais precisamente em 1971, que um grupo de rapazes se uniu, imaginando estar um dia num grande palco, com suas músicas reconhecidas e cantadas por todos.
Ali começava a nascer, mais do que o simples sucesso – que é efêmero – um sonho que jamais iria morrer, pois este é o lema do grupo, O QUE SEMPRE FOI SEM NUNCA TER SIDO. Habemus Pytomba!
(Texto - Serjão Missiaggia / Adaptação - Jorge Marin)

11 comentários:

  1. Muito bom o trabalho iniciando este blog que,certamente, será de grande aceitaçao.
    Parabéns aos idealizadores. A idéia foi genial.
    Podem contar comigo, pronto para ajudar.
    silvio heleno

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  2. Parabéns pela iniciativa do blog. Em particular ao escritor. Gostamos demais e relembramos com alegria e risos os "baratos" daquela época.
    A história de São João, em um pedaço retratado nos emocionou bastante.
    Afinal, estávamos lá.
    Continuem "sendo, mesmo sem nunca ter sido".
    Saudade de todos,
    Hélcio e Mika.

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  3. Era meio garoto, mais lembro de como era boa essa época em São João.
    Realmente uma pena que tenha ficado tudo para trás.
    Quem sabe um show do Pitomba faria a gente reviver uma época maravilhosa.
    Vamos amadurecer essa idéia.
    Um show na praça do Coronel seria ótimo.
    Tenho certeza que a galera vai apoiar.
    Marcos Lobão.

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  4. Parabéns, êsse blog vai arrebentar... Arriba Pitomba...

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  5. Serjão, brincadeira essa sua memória, passa um filme na cabeça da gente, ao lermos tais histórias, exatamente como era. Acho que muitas lembranças boas ainda estão por vir. Muito bom, chega mesmo a dar saudades... Abraço...

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  6. Adorei!!!! Cada vez que leio a saudades é grande da minha velha São joão... Mas graças a Deus eu vivi neste tempo e o Pitomba estava lá.

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  7. ais uma vez nos deliciamos com as estórias do Pitomba. Demos muitas e boas risadas. Rimos de histórias que já conhecíamos, pois Serjão sempre as conta para nós. A do aniversário do Dantinho, por exemplo, Mika estava lá, assentada na calçada, preocupadíssima com o estado etílico , um tanto avançado do irmão. Há há há há...
    Continuem. Tá muito legal!
    Abraço a tofos.

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  8. Legal lembrar do Moacirsinho. Gente muito boa!
    Agora! Cadê o Pateta na foto?
    Pitomba sem o Patetão num dá!

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  9. Muito bom Sérgio.Adorei.O grupo Pitomba também faz parte de nossa história

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  10. Grupo Pitomba, nosso São João sempre muito vivo . O meu coração bate forte. Parabéns!

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  11. Ao ler o Principio do Inicio lembrei tambem das calças Boca de Sino.Bons tempos!
    Parabens pessoal!
    Tá muito legal o Blog

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