sexta-feira, 15 de junho de 2018

QUEM VAI TORCER PARA A SELEÇÃO BRASILEIRA???



Vendo esses primeiros jogos da Copa do Mundo, não há como evitar a referência à  Seleção Brasileira de Futebol. E aí, vai torcer pro Brasil? ─ perguntam. Mesmo com essa corrupção generalizada?

Confesso que nunca fui muito fã de misturar política e esporte. Mas tenho consciência que muitas vezes, ou quase sempre, êxitos (e até mesmo fracassos) de nossa seleção canarinho são explorados por homens públicos para venderem suas imagens e pontos de vista.

Assim aconteceu em 1970: quando eu tinha 12 anos, a nossa seleção ERA o Brasil. Não apenas este era o desejo dos militares que nos governavam, como também era o roteiro de TODAS as mídias, na época TVs, rádios, jornais e revistas. Assim, quando fizemos o quarto gol sobre a Itália no México, foi como se saíssemos das trevas para a luz. Quem viveu aquela época deve se lembrar de dois famosos slogans: “Ninguém segura este país” e “Brasil, ame-o ou deixe-o”. Era natural, portanto, que acreditássemos piamente naquelas coisas e até nos sentíssemos culpados de não torcer pelo Brasil.

Lendo as notícias da Copa atual, fiquei surpreso com uma pesquisa do jornal Folha de São Paulo no último dia 12, mostrando que 53% dos brasileiros NÃO têm interesse na copa do mundo. Coincidência ou não, uma pesquisa recente do mesmo jornal mostra que 72% dos brasileiros acham que houve uma piora na situação econômica do país.

Aí comecei a perceber uma coisa interessante: ao contrário do que sempre pensei, não foi nosso amor pela Seleção tricampeã que nos fez acreditar na propaganda de “milagre econômico” contratada pelo governo militar por milhões de cruzeiros, mas foi a nossa crença de que vivíamos realmente uma boa situação e que nossos dirigentes eram incorruptíveis (muita gente acredita nisso até hoje) é que nos transformaram na tal “pátria de chuteiras”.

Mas, o que fazer hoje? Como mostrou o jornal paulista, a sensação de fracasso econômico é generalizada (onde foram parar nossas riquezas?), o fracasso político então nem se fala (elites mandando e desmandando impunemente, corrupção sistemática e manutenção no poder a qualquer custo), fracasso jurídico (políticos sendo julgados de acordo com interesses pessoais daqueles que teoricamente deveriam ser nossa última reserva moral) e, para piorar, o fracasso dos pais de família em assegurar um lugar seguro para os seus pois o Estado que lhes deveria entregar segurança, educação e saúde não o faz, embora cobre uma alta carga tributária.

Dessa forma, não é de se assustar que o Brasil JÁ tenha atingido dois campeonatos: 1º lugar em pessoas com depressão da América Latina e 1º lugar MUNDIAL em pessoas com transtornos de ansiedade. Os dados são da Organização Mundial da Saúde.

Pelo menos, se não conseguirmos nos tornar uma nação de chuteiras, JÁ somos uma nação de Prozacs.
  
Crônica: Jorge Marin

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