quarta-feira, 30 de maio de 2018

UM MOMENTO ESQUECIDO NO TEMPO: DONA XEPA


Pegando uma carona na 13ª edição do Nepopó Festivao que acontecerá de 31 maio a 3 de junho aqui na terrinha, e por ter acompanhado na Semana Santa a bela encenação da morte de Jesus Cristo pelo grupo de teatro Novos Horizontes (comandado por nosso amigo Ney Fabiano de Morais), lembrei-me de outro fenômeno teatral que, mesmo genuinamente sanjoanense e de beleza rara, acabou meio que esquecido no tempo.

Estou me referindo à peça de teatro DONA XEPA, que aconteceu em 1968, logo após às não menos sensacionais apresentações de PLUFT O FANTASMINHA e O BOI E O BURRO A CAMINHO DE BELEM, também encenadas pela mesma trupe. Foram momentos de pura magia e emoção, que ficarão guardados para sempre em nossas memórias. Não tenho dúvida de ter sido aí o embrião dessa FORTE VOCAÇÃO teatral que tem hoje nossa cidade.

Mesmo que o nosso foco hoje esteja sendo Dona Xepa, seria injusto de nossa parte não abrirmos um pequeno adendo pra citar nosso inesquecível e saudoso amigo José Luiz de Carvalho, que posteriormente, já na década de setenta, veio, com raro talento junto ao seu grupo de teatro, dar prosseguimento a esta bela saga.

Mas, voltando a Dona Xepa, assim me narrou o cunhado Hélcio Velasco por e-mail:

“Lembro-me de que, na época, eu estava no Tiro de Guerra e, nos dias que antecederam a estreia, nós havíamos feito faixas e pintado as ruas de propaganda da peça. Descendo do Estande de Tiros no jipe do Sargento, ele comentou:
─- Essa tal de dona Xepa nem chegou à cidade e já tá emporcalhando as ruas. O que vai ser quando ela chegar?

As propagandas eram algo mais ou menos assim: ‘DONA XEPA VEM AI’ ‘ELA ESTÁ CHEGANDO! AGUARDEM!’

O Sargento não sabia que se tratava de peça de teatro. Depois que estreou, ele chegou pra mim e cobrou de não ter lhe falado que trabalhava na peça, e que eu o havia deixado passar por ‘idiota’. Naquele dia, o jipe tava cheio de ’Cabos’. Todo mundo segurou o riso e ninguém dedurou. Curtimos muito com a cara dele, como desforra do que ele fazia com a gente. KKKK”

Dona Xepa, peça de Pedro Bloch, uma comédia dividida em três atos, teve como produtor Ramon Ferreira e Terezinha. Direção de Dona Glorinha Torres tendo, na cenografia, Elano Pinto e Aparecida. A sonoplastia ficou a cargo de Goinha (naquele tempo era um pequeno aparelho de som), e quem escolheu as músicas foi a própria Dona Glorinha Torres que, por sinal, ajudava em todos os ensaios. Tesoureiro Artur Ladeira.
Ramon escreveu a Pedro Bloch pedindo licença dos direitos autorais. Foram feitas três apresentações no antigo Cine Rádio, assistidas por aproximadamente 2.000 pessoas.

- Dona Xepa: mulher do povo, 50 anos e magnificamente interpretado por Maria das Graças Missiaggia (Mika);
- Rosália, filha de dona Xepa e namorada de Manfredo, interpretada por Maria Helena Gomes;
- Edson, filho da dona Xepa, 26 anos: Hélcio Velasco;
- Hilda, vizinha e namorada de Edson, 20 anos: Ana Maria Martins;
- Ângelo Fragalanza, um velho italiano, vizinho de Xepa, foi interpretado por um seminarista que estava em São João na época, e que acompanhava o grupo de jovens da Igreja Matriz, de nome Guimarães;
- Guiomar, uma pequena menina que entrava toda hora na casa de dona Xepa e pedia para telefonar, foi interpretada pela saudosa Selminha Sarmento Verardo;
- Camila, amiga de Xepa, melhor dizendo, sombra e eco, idade indefinida: Terezinha; 
- José, filho de Ângelo Fragalanza. 27 anos: Zé Heleno Barroso;
- Professor, um velhinho especializado em física, 60 anos: Jorge Laurindo;
- Manfredo, namorado de Rosália, diplomata em início de carreira, 32 anos, interpretado por Ramon.
Interessante lembrar que, na época, Pedro Bloch enviou um livro autografado para o Ramon.

Então conclamamos todos vocês a prestigiarem este grande evento cultural na arte de representar: o 13º NEPOPÓ FESTIVAO, que acontecerá nos dias 31 de maio a 3 de junho, no Centro Cultural.

Foto. Ramon

segunda-feira, 28 de maio de 2018

SE ESSA RUA FOSSE A MINHA


JÁ ROLARAM MUITAS EMOÇÕES NESSA RUA. QUEM SE LEMBRA???

Foto de hoje: Serjão Missiaggia
Trat.imagem: Jorge Marin

Ana Emília Silva Vilela Rua do Tiro de Guerra. (Rua Nestor Henriques de Araújo)

TODA CASA TEM UM CASO


QUEM CONTA ALGUM CASO DESSA CASA???

Foto de hoje: Serjão Missiaggia
Trat.imagem: Jorge Marin

Dulcinea Ferreira Nesta casa morou o Sr Nelson ,pai da Lucia Cavalheiro .

CASOS CASAS & mistério???


QUE LUGAR É ESSE??? QUEM SABE???

Foto de hoje: Serjão Missiaggia
Trat.imagem: Jorge Marin

Maninho Sanábio Escola Augusto Glória

sexta-feira, 25 de maio de 2018

AS MULÉ PELADA DO CINEMA



O convite não poderia ser mais tentador num daqueles dias de 1973:
─ Vamos matar as últimas aulas e assistir filme de mulé pelada no Cine Brasil?
Do alto da maturidade dos nossos 15/16 anos, não deveria existir assunto mais interessante do que a tal da “mulé” pelada. E a fissura pela nudez feminina, além de hormonal, devia-se a um fato muito simples: não havia disponibilidade desse conteúdo cultural tão apreciado pelos jovens.

Nos chamados “anos de chumbo”, vigorava uma censura tão intensa que, simplesmente, não havia nenhum tipo de mídia com pessoas nuas. A revista Status, que sairia no ano seguinte, publicava nus de atrizes, porém, nas chamadas partes pudendas e nos seios era adicionada uma névoa para que nada do que queríamos ver fosse visto.

Assim, nos restava o cinema. Depois de um trabalho danado para passar arriscadamente pela secretaria, ainda tínhamos que usar toda nossa lábia para convencer a Dona Zenith a nos deixar entrar. Naquela noite, o filme era Se Dom Juan fosse mulher, com Brigitte Bardot. Não precisa nem dizer que a nossa guardiã da sétima arte não quis nem conversar conosco. Expulsou-nos de primeira, e ainda ameaçou contar pra nossas mães. Que vergonha!!! Tivemos que despistar, dar a volta no quarteirão, e ficar olhando ali na rua lateral, pela gretinha da porta.

O tempo passou e acabei me tornando um cinéfilo inveterado (será que para ver as mulés peladas?), indo, sem sucesso, em todas as sessões, até que, em 1978, o Cine Brasil anunciou Laranja Mecânica. Sabia, através de leituras, que havia uma cena de nu frontal no filme e pensei que, finalmente, iria poder assistir à tal mulé pelada na sua plenitude. Qual não foi a minha surpresa quando a atriz correu completamente nua para a frente da cena: apareceram, do nada, umas bolinhas pretas, bem em cima dos genitais da moça, que corria e pulava, e as bolinhas pulavam atrás, ou na frente dependendo do ângulo.

Quando, já adulto, morava em outra cidade e me preocupava com o início de uma carreira profissional promissora, fui convidado por um casal de amigos para, junto com outros casais, assistirmos ao primeiro filme brasileiro pornô, o que era um marco para o fim da censura no país. Na mesma época, 1983, tiveram início as videolocadoras, e o filme estava em videocassete. Após um jantar animado e alguns coquetéis, fomos até a sala de TV, onde, ainda tomando um cafezinho, começamos a assistir ao filme. Gente, vi, por fim, a mulé pelada. E não só pelada, mas fazendo cada estripulia que eu nem sabia que existia. Resultado: fiquei com tanta vergonha daquele povo intelectual, que, simulando um mal-estar, saí pouco antes da suruba final, posteriormente descrita por um amigo, e fiquei um bom tempo sem conversar com aquelas pessoas, embora, privadamente, alugasse um daqueles filminhos, até mesmo para aprimorar o meu conhecimento da matéria.

Em 1988, já ocupando um cargo de administração na minha empresa, e conversando animadamente com a Secretária Municipal de Cultura na videolocadora do cunhado dela, sou surpreendido pela atendente que, de forma gentil, porém EM ALTO E BOM SOM, anuncia:
─ Senhor Jorge, acabou de chegar As Rapadinhas 2. O senhor quer que reserve para o senhor?

Crônica: Jorge Marin

quarta-feira, 23 de maio de 2018

CAPELINHA DE SÃO JOSÉ



MAIO DE 2018, QUAL NÃO TERIA SIDO MINHA AGRADAVEL SURPRESA QUANDO, AO SUBIR O BAIRRO SÃO JOSÉ PRA BATER ALGUMAS FOTOGRAFIAS, PERCEBER QUE ESTAVA SENDO INICIADA UMA INTERVENÇÃO NAQUELA COBERTURA METALICA QUE EXISTE AO LADO DA CAPELINHA. POR SINAL, PARABÉNS AOS ENVOLVIDOS, HAJA VISTA QUE ESTE PEQUENO PROCEDIMENTO SIMPLES E CRIATIVO ESTARÁ NOVAMENTE NOS DEVOLVENDO, EM SUA PLENITUDE, A IMAGEM DESTE NOSSO TÃO SIGNIFICATIVO CARTÃO POSTAL.  
                                        
Ficamos ainda mais felizes ao lembrar algumas postagens que publicamos aqui mesmo no Blog há alguns anos, falando do mesmo assunto. Confiram nos links: https://grupopitomba.blogspot.com.br/2013/08/nossas-capelinhas-do-sao-jose-coitada.html e https://grupopitomba.blogspot.com.br/2016/12/nossas-capelinhas.html.



Crônica e fotos: Serjão Missiaggia

segunda-feira, 21 de maio de 2018

BELEZAS DA TERRINHA


DE FRENTE PRO CÉU.

Foto de hoje: Serjão Missiaggia
Trat.imagem: Jorge Marin

TODA CASA TEM UM CASO


QUEM SABE ALGUM CASO DESSA CASA???

Foto de hoje: Serjão Missiaggia
Trat.imagem: Jorge Marin

Jacques Angelo Rigolon Essa é fácil até eu sei. rs casa do Geraldo e Júlio Rua Duque de Caxias

CASOS CASAS & mistério???


ONDE FICA ESSA JANELA???

Foto de hoje: Serjão Missiaggia
Trat.imagem: Jorge Marin

sexta-feira, 18 de maio de 2018

QUEM TEM MEDO DA CABELEIRA DO ZEZÉ???


Desde Sansão essa questão de cabelo representa um problemão. Quando a traiçoeira Dalila (na Bíblia, sempre tem uma mulher que ferra com o homem) descobriu que os cabelos eram a fonte da força do guerreiro hebreu, usou a sedução para cortar-lhe as madeixas e entregá-lo aos seus parentes filisteus.

O tempo passou até que, nos anos 60s, quando eu era menino, a questão do cabelo foi finalmente RESOLVIDA: homem cortava o cabelo bem curtinho, com as laterais acima das orelhas, e a mulher, única variação sexual então disponível, deixava os cabelos compridos. A coisa era tão prática que, para vocês terem uma ideia da facilidade dos tratamentos capilares, o meu cabelo era cortado pelo “seu” Aristides que mesclava seu ofício de barbeiro com o de castrador de porcos. Muito chique.

Tudo funcionou muito bem até que... no final daquela década, uns tais de Beatles começaram a deixar o cabelo crescer acima das orelhas e as costeletas longas. Mas a situação começou a ficar mais complicada para nós, homens tosados, quando os garotos (na época eram garotos mesmo) dos Rolling Stones começaram a deixar os cabelos na altura dos ombros!

Isso parecia uma heresia numa época em que uma das diferenças mais evidentes entre homens e mulheres era o comprimento dos cabelos. João Roberto Kelly, compositor carioca não perdoou e lascou a marchinha carnavalesca Cabeleira do Zezé (Será que ele é? Será que ele é?).

Aí vocês imaginam a confusão na minha cabeça. Eu estava começando a me interessar por meninas e, ao mesmo tempo, queria ser cantor de rock. Vejam o dilema: se eu deixasse o cabelo crescer, iria virar bicha e não poderia ficar com as meninas. Se eu cortasse o cabelo curtinho, não ia ser cantor.

No meu caso, a arte bateu mais forte e resolvi deixar o cabelo crescer até os ombros, mas, como previsto, não consegui arranjar nenhuma namorada, embora não notasse sinais claros de bichice a não ser uma vontade às vezes incontrolável de dançar igual aos Secos & Molhados que, mais tarde descobri, outros colegas também partilhavam.

Morrendo de medo daquela ambiguidade sexual, cortei os cabelos bem baixinhos, mas continuei sem namorada. Quarenta anos depois, surgiu na análise uma terrível explicação: eu era um tremendo vacilão.

Ao começar a ficar careca, passei a utilizar uma substância química celebrada pelos médicos como miraculosa para crescer cabelo, mas que trazia o risco tanto de causar o desinteresse sexual quanto a impotência. Ou seja, ou eu não teria vontade, ou, se tivesse, não iria rolar. Foi aí que eu pirei de vez com essa história de cabelo.

A última vez que usei cabelo até os ombros foi num desfile do Bloco do Barril. Maquiado de Ney Matogrosso, vestido de Dalila e cantando Cabeleira do Zezé. Foi libertador. Arrumei três namoradas.

Crônica: Jorge Marin
Foto     : acervo do autor

MÚSICAS QUE O PITOMBA ESCUTAVA


JÁ FOMOS ESSES CABELUDOS.

quarta-feira, 16 de maio de 2018

EXALTAÇÃO A SÃO JOÃO NEPOMUCENO



Hoje nossa cidade está completando mais um ano de vida. Na oportunidade, endossando cada palavra deste meu sentimento pela terrinha, espero apenas poder um dia voltar novamente a contemplá-la por ser, como era, tão CALMA E SERENA.
                  
                      Exaltação A São João Nepomuceno

Entre montanhas, num pedacinho de Minas Gerais,  
Pulsa o coração de um lindo povo, num lugar de natureza sem igual.          
Vibrante, acolhedor, de infinitos ideais na construção de um mundo novo,
Cidade tão feliz, calma, serena.... Jamais adormecida,
Na busca do amanhã, seu calor aquece nossa alma,
Sua paz conquista a nossa vida.

Tão belas suas manhãs, ainda mais belo o seu luar,
Seus rios cachoeiras, suas águas são nosso mar,
Garbosa tão querida, por Deus foi abençoada,
É mãe, é berço, é morada.... É amada.

Belas praças, arvoredos, jardins em flores... Construções,
Igrejas, capelas, sinos na colina, a fé que nos ensina a união que nos conduz.
Palco dos sorrisos, atores eternos... Carnavais,
De gente alegre verdadeira que luta,
Na busca incessante pelo pão de cada dia, que sua terra produz.

É o horizonte dos poetas,
O solo fértil em que se faz brotar,
Canções de tantos cantores,
Emoções de tantos amores,
Saudade de quem ao longe está.

São João Nepomuceno...
Tu és passado, presente, futuro,
És o mais puro sentimento de orgulho,
De teus filhos que em teus braços nasceram,
E os que a ti escolheram,
Fazendo de ti um abrigo.

Poesia e foto: Serjão Missiaggia.




segunda-feira, 14 de maio de 2018

SE ESSA RUA FOSSE A MINHA


QUEM SE LEMBRA DE BONS MOMENTOS VIVIDOS AQUI???

Foto de hoje: Serjão Missiaggia
Trat.imagem: Jorge Marin

Jacques Angelo Rigolon Muitos e maravilhosos nasci e fui criado e moro na Rua Capitão Brás( Rua do Totó).

TODA CASA TEM UM CASO


QUEM SABE ALGUM CASO DESSA BELA CASA???

Foto de hoje: Serjão Missiaggia
Trat.imagem: Jorge Marin

Pitomba BLOG NINGUÉM reconheceu a casa da Sueli Verardo, no final da Rua do Buraco, esquina com a Travessa Padre Condé.

CASOS CASAS & mistério???


ONDE FICA ESSE LUGAR???

Foto de hoje: Serjão Missiaggia
Trat.imagem: Jorge Marin

Dulcinea Ferreira Acho que é na subida do São José, a casa Verde parece ser do Sr Gabi.

sexta-feira, 11 de maio de 2018

MÃE SUJEITO OBJETO



A cena é comum nos lares: pai ajudando filho a fazer o “dever de casa”. Aliás, é uma coisa que me intriga profundamente. Estamos a todo vapor no século XXI. O disco já cedeu espaço à fita k-7 que foi substituída pelo CD, pelo DVD, pelo Blu-ray, de novo pelo vinil, e eu não sei o que mais. No entanto, a porcaria do dever de casa continua através dos séculos.

Discutíamos, eu e meu filho, sobre uma frase que tinha a palavra “mãe” e a questão era saber que tipo de objeto era a mãe, se objeto direto ou indireto. Na hora, me deu na telha uma novidade:
─ Mãe é sujeito objeto!

Meu filho protestou. Não existe tal figura de sintaxe.

─ Na sintaxe, não sei ─ falei, mas mãe está sempre interagindo sobre o verbo... qualquer verbo: criar, amar, cuidar, alimentar, trabalhar. Enquanto isso, e ao mesmo tempo, mãe também é objeto, porque completa o sentido de um monte de verbos, como: preocupar, dar trabalho, ignorar, explorar e tantos outros.

Não, não estou querendo supervalorizar ou vitimizar as mães, mas que a coisa é tensa para o lado feminino lá isso é. Vejam só o caso da expulsão do paraíso: a mulher nada mais fez do que ajudar o seu parceiro a conhecer a diferença entre o bem e o mal. Pois bem, Deus não gostou e condenou o homem a trabalhar duro, e a mulher, “por ter atraído todos aqueles males sobre o marido”, a ter filhos “com dor e sofrimento”.

Muitas mulheres afirmam de pés juntos que prefeririam ter o castigo da serpente: rastejar pela terra e ser inimiga dos homens. Algumas até teimam em rastejar atrás de alguns homens, o que, vamos combinar, é ainda pior que os castigos anteriores.

─ Pai, vou contar pra mãe que você não está me ajudando no dever de casa ─ ameaça o filho. Mãe-castigo, mãe-autoridade. Aí é que não dou conta mesmo.

Neste domingo, que todas as mães possam sair das funções de subordinação e coordenação, e sejam apenas predicativos: belas, leves, tranquilas e poderosas!

Crônica: Jorge Marin

quarta-feira, 9 de maio de 2018

AINDA NOSSAS PRIMEIRAS EXPOSIÇÕES



Foi observando essa relíquia de fotografia, postada recentemente nas redes sociais por nosso amigo Marcelo Antonucci (Pitico), que iremos, assim como fazemos todos os anos aqui no Blog, recordar um pouquinho mais daquelas memoráveis primeiras Exposições da Terrinha.  

Tudo começou em maio de 1972, e foram momentos muito envolventes. A participação das pessoas havia se traduzido em algo fantástico. O calor da população irradiava de tal maneira que a cidade parecia estar se preparando para sediar os jogos olímpicos. Não havia um lugar, esquinas, colégios, clubes, fábricas, em que o assunto não fosse o mesmo, ou seja, a chegada do grande momento.

Na semana que antecedeu à primeira exposição, o local se tornou um imenso canteiro de obras e um verdadeiro ponto de encontros. Pessoas curiosas e felizes acompanhavam cada martelada. Era como se tudo estivesse sendo montado no terreiro da casa de cada um de nós.

Assim, a cada dia que passava, e se aproximava o tão esperado acontecimento, um entusiasmo contagiante e sem igual já se fazia presente. Não havia distinção, pois todos os setores da sociedade, num espírito fraterno e de cooperação, começavam a encarar o grande desafio. Interessante que, mesmo ainda jovem, esse fenômeno me chamou muito à atenção.

O povo, cada vez mais curioso e empolgado, ficava a observar aqueles frenéticos sobes e desces de pessoas e carros no morro da Matriz. Eram empresários da indústria, comércio, escolas, clubes, agropecuaristas e artesãos que, mesmo ainda faltando vários dias para o início da festa, já se faziam presentes. Era um momento muito especial e um motivo de extremo orgulho para todos os Sanjoanenses.

Saíamos muitas vezes do colégio e corríamos para lá. Durante o dia, ou mesmo durante a noite, velhos, jovens, crianças, alunos, professores, moradores vizinhos faziam do local uma praça de confraternização. Nada poderia sair errado. Parecia que, inconscientemente, estávamos ali assegurando que tudo aconteceria da melhor forma.

Enquanto isso, aquelas inesquecíveis barracas de sapé começavam a decorar o ambiente que, apesar da insegurança, não deixavam de ser superchiques e aconchegantes. Ali, uma imensa galeria estava sendo construída e diversos estandes seriam usados pelos expositores. 

A juventude, num entusiasmo ainda maior, se preparava da mesma forma, para a grande festa. As costureiras já começavam trabalhar a todo vapor, para que assim pudessem dar conta das centenas de encomendas, dentre as quais: blusas, cachecóis, meias e luvas de lã. Interessante ressaltar que este costume veio a se tornar uma constante, principalmente nas primeiras exposições.

O inverno era marca registrada que, já no início de abril, começava a dar seus primeiros sinais. Era um frio onde raramente havia mau tempo. Frente fria chegava para nos trazer frio e não chuva. Um céu totalmente aberto, no qual a linda cor avermelhada de suas tardes vinha compor, com as madrugadas envolvidas em cerração, um cenário perfeito e acolhedor para o tão esperado evento. Algumas noites eram tão frias que, não raramente, subíamos envolvidos em cobertores. Tudo era muito romântico e motivo de alegria.  Lindas jovens, com seus trajes típicos, foram escolhidas para trabalhar na recepção aos visitantes. Foi um tremendo sucesso!

Os boxes eram muito bem organizados, e decorados com bom gosto e entusiasmo. 
Um delicioso café (Santa Cecília) era distribuído a todos aqueles que marcavam presença enquanto a Voz de São João, através de uma de suas impressoras instalada no próprio recinto da exposição, imprimia o mini-Voz, jornalzinho este que era distribuído gratuitamente. 

Muitas firmas se fizeram presentes, entre elas: Fábrica de Vassouras Soares, Tipografia e Papelaria Moderna de Rocha & Cia, Cerâmica São Joanense, Confecções Cláudia, Calçados Sylder, Fábrica de Ferraduras Manzo, Marcenaria Brasil, Confecções Marlu, Fábrica de Calçados Dragão, Casa Leite, Serralheria Bertolini, Supergasbrás (Paulo Gomes da Fonseca), Entalhes em Madeira (Paulo Manzo), Máquinas Guarnieri, CCPL e outros. Esta última nos brindava sempre com seus deliciosos leitinhos. Uma fila imensa se formava ao longo do parque para que se conseguisse saborear um desses.

Também alguns estandes nos marcariam mais, como foi o caso de Rocha & Cia. Neste, eram mostradas as cores da vida, no belíssimo televisor Philco. A barraquinha do Lions Clube também fez muito sucesso.

Quanta novidade boa envolvida em diversão e alegria! E ainda havia muitos outros expositores: Fábrica de Saltos de Calçados (Glória), Confecção Tapuia, Confecção Dalcymar, Serralheria São José, Fábrica de Ladrilhos Knop, Confecções Ubatã Ltda., Metalúrgica Mont Serrat, Fábrica de Artefatos de Metal, Confecções Silmara, Confecções Singular, Madalena Bastos Ladeira (Flores), Confecções Paraíso do Bebê, Cia. Fábio Bastos.

Quem não se lembra das Maçãs do Amor, Selma - a Mulher Monstro, o touro Piloto do Sr. Ubi e muito mais?

E, por falar em Sr. Ubi, nossa famosa fanfarra, após uma belíssima apresentação pelas ruas da cidade, aonde veio estrear seu lindo macacão azul e branco, subiu desfilando no morro da Matriz, fazendo caracol em fila indiana até a Exposição. E por lá ficávamos. Raro alguém perder um minuto que fosse da festa. Ainda vestidos com o macacão, quase sempre ficávamos até o outro dia.

Já no ano seguinte, o ginásio, sob a batuta de nosso eterno comandante Beto Vampiro, organizou seu próprio estande. Montamos uma verdadeira sala de aula (carteiras, quadro-negro e tudo mais). Até nosso inesquecível esqueleto Juquinha fez parte da festa. Fizemos tudo com tanto carinho, que até algumas disputas chegaram a acontecer, para que pudéssemos decidir quem iria pernoitar e ter o prazer de ficar de madrugada tomando conta do lugar.

Naquela primeira Expô foram construídos dois recintos para baile, sendo que um desses era o galpão maior onde, aos cuidados de nosso saudoso Deck Henriques, funcionava um grande restaurante. O conjunto Som Livre ali se apresentava sendo que, naquele ano, estaria estreando sua nova aparelhagem.

Tocávamos em outro recinto que, mesmo sendo mais simples, ficava superlotado e divertidíssimo. Por sinal, o tal local, de tão apertado, foi apelidado por nossa madrinha Nely Gonçalves de “ENGOMA CUECA”.
  
Termino aqui um pequeno histórico daquelas que foram nossas primeiras Exposições. Uma festa criada para o povo, onde a ideia principal era justamente a plenitude de acessibilidade e diversão a todos.

Crônica: Serjão Missiaggia
Foto     : Facebook do Marcelo Antonucci

BRIGADU, GENTE!

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VOLTEM SEMPRE, ESTAMOS ESPERANDO... NO MURINHO DO ADIL