quarta-feira, 30 de abril de 2014

RELEMBRANDO CAUSOS: Meu amigo o gambá


Numa das noites mais frias de 1988, ruídos estranhos na área de serviço de minha casa me fizeram levantar da cama assustado. Todos dormiam, enquanto eu, pensando em mil possibilidades, muito a contragosto, levantei-me e, enrolado num cobertor, fui verificar.

Caminhei silenciosamente até a janela, para então começar abri-la lentamente...  Desconfiado e receoso, enquanto ficava a olhar entre as gretas, a expectativa aumentava mais e mais. Até que... DE REPENTE, qual a minha inesperada surpresa? Um gambá! Isto mesmo, um gambá!
De uma prateleira da área de serviço, ficava a me encarar, enquanto num troca-troca de olhares, nenhum de nós dois se mexia. O negócio era esperar quem primeiro corria.

Minha esposa, não menos assustada e já em pé atrás de mim com uma vassoura, pedia que eu fosse lá fora pegá-lo. 
- É ruim! - disse eu - esse bicho está em extinção! Além do mais, todo animal silvestre, incluindo o gambá, é protegido pelo IBAMA. Acredito ser até mesmo uma “gamboa”, quem sabe até esperando filhotinho! O que devemos fazer, de imediato, é fechar tudo, deixar o bicho quieto lá fora, enquanto pensamos em alguma coisa.

E as pernas tremiam...  “De frio”.

Nesta altura do campeonato, meu filho já havia acordado e, todo entusiasmado, após aproximar-se de mim, foi logo tascando a mais indecorosa das ideias:
- Vai pai!... Vai pai!... Agarra ele depressa pra ser meu bichinho de estimação!!!  Insistentemente, pedia que eu fosse lá fora pegá-la, e pelo rabo, carinhosamente, o trouxesse para dentro de casa.
Minha filha, vendo a casa toda acesa, também levanta da cama assustada e começa perguntar:
-Pai! Esse bicho pega?  Passa por debaixo da porta?  É parente do rato? (Haja paciência nestas horas!)

Para variar, a única coisa que me restou naquele momento foi acionar, mais uma vez, dona ANASTÁCIA, senhora esta bastante esperta e que fazia companhia todas as noites pra minha mãe. Possuidora de um know-how fantástico, principalmente por ter morado vários anos no meio rural, era nossa guardiã e profunda conhecedora das causas peçonhentas.

De imediato, atendendo nosso SOS, foi logo chegando e, dando vassourada para tudo enquanto era lado, acertava tudo em sua frente, menos a coitada. Sem muito o que fazer, ficávamos assistindo ao show pela janela, e já numa tremenda dúvida pra quem estaríamos torcendo: ficávamos gritando olé, olé, toda vez que o bicho passava por debaixo da perna dela e se escondia.

Após um desses dribles, nosso intruso, subindo velozmente o galinheiro, passa pelo muro e no escuro, simplesmente desaparece. (CONTINUA)

Crônica: Serjão Missiaggia 
Foto: Flávio Cruvinel Brandão (disponível em https://www.flickr.com/photos/flaviocb/)

segunda-feira, 28 de abril de 2014

UMA NAVE CHAMADA PITOMBA BLOG


E não é que esta brincadeira maluca chamada PITOMBA BLOG está completando CINCO ANOS de existência? Interessante o fato de ver como o tempo passou assim tão rápido, pois parece que foi ontem mesmo quando, ao encontrar com o Marcos Marin em um supermercado e pedir o endereço eletrônico de seu irmão Jorge Marin (amigo que eu não tinha contato há mais de trinta anos), para que assim pudesse, através de um e-mail, transmitir a ele a ideia de iniciarmos um site para, através dele, contar um pouco das traquinadas do Pitomba.

Seria apenas um pontapé inicial para que, posteriormente, pudéssemos envolver mais pessoas, numa saudável confrontação de lembranças e ideias, juntamente com a visão de cada um no contexto geral da história.

E é desta forma que vamos seguindo em frente, procurando entre umas e outras coisas, narrar de maneira leve, descontraída e totalmente descompromissada com erros e acertos, as travessas aventuras vividas pelo grupo, tendo como único objetivo a tentativa de, através da página, passar um pouco de ALEGRIA e EMOÇÃO.


E, se hoje a nave continua viajando, é graças a cada um de vocês, leitores, seguidores e amigos, que, de maneira admirável, souberam abraçar e entender a verdadeira ESSÊNCIA de sua construção.    

Vamo que vamo! - Serjão Missiaggia

No momento em que eu recebi AQUELE e-mail do Serjão, num dia de abril de 2009, estava ouvindo a música Wish You Were Here do Pink Floyd, justamente naquela parte que diz:
- "Como eu queria que você estivesse aqui,
    somos apenas duas almas perdidas,
    nadando num aquário
    ano após ano
    correndo sobre o mesmo velho chão de sempre".

Percebi que as manifestações artísticas têm essa coisa de reunir pessoas, reapresentar realidades conhecidas, e criar novas. Pensei: enquanto tiver gente pra ouvir, amigo pra lembrar e assunto pra falar, I wish you all were here também!

Brigadu, gente! - Jorge Marin




sexta-feira, 25 de abril de 2014

PERDOO PORQUE TE ODEIO


Família reunida na Semana Santa e, em meio a tantos assuntos postos em dia, surge a questão do PERDÃO. Ah, eu perdoo, mas não esqueço – diz um. Ah, eu até esqueço, mas não perdoo jamais – diz a outra.

Eu, quietinho no meu canto (vejam se é possível, numa reunião de família de italianos!), cheguei a uma conclusão na qual jamais havia pensado antes: PERDÃO NÃO PRESTA! E justifiquei: para você PEDIR perdão, implica, em primeiro lugar, que você fez alguma coisa ruim para a pessoa a quem está pedindo, e, principalmente, que aquela pessoa tem alguma relevância na sua vida para você se sujeitar a pedir perdão.

Quando é você que resolve conceder o perdão, aí é que a coisa é pior: não só você, numa posição superior, resolve conceder àquele pobre mortal que te agrediu o direito de continuar convivendo com você, como o seu perdão adquire um gesto de magnanimidade, assim como a dizer: vejam como sou melhor que essa pobre criatura agressora!

Ah, mas se for assim então estamos fritos – diz uma cunhada, pois, como pedimos todos os dias a Deus “perdoe as nossas ofensas, assim como perdoamos a quem nos tem ofendido”, se não perdoamos, então Deus também nos perdoará.  E é aí é que está a coisa, concluo: nós não perdoamos justamente porque não somos Deus, e Deus perdoa justamente porque é Deus.

Confuso? Não, a coisa é muito clara: quando alguém nos agride, temos dois tipos de resposta possíveis: ou revidar a agressão ou esquecer. Lembro que, quando menino, me treinaram para que, numa compreensão literal do Evangelho, oferecesse a outra face. Numa discussão no primeiro ano do Ginásio do Sôbi, recebi um tapa na cara, dado por um colega mais forte. Imediatamente, ofereci a outra face. Mas o fiz com tal ódio, do agressor e de quem me ensinou aquele ato, que melhor seria ter dado um tiro no sujeito. Jamais esqueci.

Porém, esquecer eu já acho possível, e até mesmo plausível. Porque “perdoar” e guardar aquela agressão na prateleira da memória para, num momento oportuno, “jogar na cara” do agressor, é o mesmo que revidar. Repito: perdoar não presta!

Então, desculpem-me se estou sendo muito agressivo, mas, por favor, não me perdoem!


Crônica: Jorge Marin
Foto: Craig Sunter, disponível em https://www.flickr.com/photos/16210667@N02/.

quarta-feira, 23 de abril de 2014

A VOLTA DOS QUE NÃO FORAM


Semana passada, passeando pelas ruas de nossa Garbosa, tive a grata felicidade de trombar com uma pessoa da qual gosto muito e que, além de amigo, é nada mais nada menos, um de meus irmãos Pitombense. Raramente me encontro com o DALMINHO, mas confesso que as poucas vezes em que isso acontece é sempre muito legal.

Pra variar, o foco principal de nossa conversa, pasmem, não foi pescaria e sim recordar um pouco daqueles hilariantes momentos vividos pelo grupo e suas  memoráveis apresentações. Brinco sempre com ele, dizendo que teria sido o único a honrar o Pitomba pelo fato de continuar se dedicando à musica e que esta sua decisão fica, de certa maneira, a perpetuar cada um de nós.

Conversa vai conversa vem e, repentinamente, surge aquilo que seria a mais fatídica das ideias, ou seja, por que não arrumarmos uma PAREAJE pra fazer uma BARUIADA? Afinal de contas, o tempo é incrivelmente rápido e, como diz o velho ditado, VAMO QUE VAMO ENQUANTO AINDA TAMO.

Nesse momento, relâmpagos e trovões cruzaram o céu. Algo sobrenatural parecia querer nos dizer que alguma coisa maluca estaria na iminência de acontecer.  Teria sido, simplesmente, uma coincidência climatológica ou os deuses da música já estariam apreensivos antecipando a volta do incomum?

Pior é que a SAGA DA BATERIA continua a nos atormentar, pois, até mesmo antes desse encontro, já havíamos agendado no Blog uma postagem narrando justamete um desses episódios, ou seja, quando fomos visitar a Nely no hospital, no intuito de pedir a ela o referido instrumento. Por sinal, essa coisa de pedir BATERIA emprestada se tornou uma tortura que nos acompanha desde 1972.

Mas, voltando ao nosso encontro, coincidentemente, no outro dia, ao passar próximo à casa do não menos amigo irmão Pitombense Silvio Heleno, fui convidado a entrar. Enquanto num agradável bate-papo ao sabor de uma deliciosa broa de fubá, aproveitamos a oportunidade e fomos visitar o velho e místico BARRACÃO. Na oportunidade, chegamos até a projetar a possibilidade de fazer do local, novamente, o palco desse apoteótico acontecimento.

Já de antemão, para organizar aquela que seria a GRANDE VOLTA, foi eleita Silvana Picorone, fã número um do Pitomba, para apadrinhar e representar o grupo, além é claro, de chefiar a cozinha no grande evento. Então, toda e qualquer informação sobre logística, autógrafos, visitas ao camarim, fotos com os componentes, agendamentos de entrevistas e acompanhamento ou aquisição de making-of, é só procurá-la.

Sem mais delongas, seja o que Deus quiser.

Crônica: Serjão Missiaggia 
Foto: acervo do autor

segunda-feira, 21 de abril de 2014

CASOS CASAS & detalhes




Na rua da cidade tinha uma pedra
Tinham várias pedras nas ruas da cidade
Tinham pedras
Nas ruas da cidade tinham várias pedras.

Sanjoanenses
Nunca nos esqueceremos desse acontecimento
Na vida de nossas retinas tão decepcionadas.
Nunca nos esqueceremos que nas ruas da cidade
Temos uma pedra
Temos várias pedras nas ruas da cidade
Nas ruas da cidade temos pedras, várias pedras.

E que São Drummond nos proteja. Amém!

Fotos  : Serjão Missiaggia
Poesia: Jorge Marin

CASOS CASAS & mistério


ONDE FICA ESSA CASA ???

ACERTADORES DA SEMANA PASSADA: Sobre o "mistério" do Beco das Flores, a verdade é que nós também não sabíamos a resposta. Sendo assim, uma explicação foi a do Bortolatto: segundo ele, como a rua não tinha conexão com a Rua Brasília, era um pasto, onde o sr. Oto Siqueira criava cabritos, e além da grama, tinha muitas flores silvestres. Dentro do beco, havia um outro beco, onde ele cortava cabelo no Nico (eu também cortava o cabelo lá). A outra explicação vem, justamente, do filho do Nico, o Antônio José Calegaro, que esclarece que, em frente à casa dele havia uma árvore de hibisco em torno da qual a Dona Filinha colocava muitos vasos de flores. Daí o nome Beco das Flores!

sexta-feira, 18 de abril de 2014

SÃO JOÃO NEPOMUCENO À MODA DE GARCIA MÁRQUEZ


Muitos anos depois, diante do trânsito inexorável do século XXI, o mestre de cerimônias do Conjunto Pitomba havia de recordar aquela tarde remota em que seus pais o levaram para escapar da enchente. São João era na época uma vila com umas duas centenas de casas baixas com telhas de barro, construídas à margem de uma estrada de ferro que se precipitava entre o verdor dos pastos até o clangor dos ferros com o pontilhão quase em frente à rua onde o ex-delegado agora aposentado criava galinhas. O mundo era tão recente que muitos lugares da cidade careciam de nome e para mencioná-los se precisava apontar com o dedo e inventar. Todos os anos, pelo mês de março, alguns ciganos esfarrapados plantavam suas tendas no campo vazio do Mangueira e, com um grande alvoroço de apitos e tambores, davam a conhecer as novas pitonisas.

Matilde não devia ter mais do que vinte anos. A pele curtida pelo sol das viagens acrescentava-lhe outros tantos, mas os brincos e um batom da cor de açafrão realçavam-lhe o mistério e uma inesperada aliança com poderes desconhecidos. Um cigano corpulento, com a barba por fazer e mãos de pardal, que se apresentou com o nome de Aristóteles, falou de forma rude sobre a mulher misteriosa. Décima segunda encarnação das sacerdotisas do templo de Apolo, era capaz, segundo seu arauto, de observar nas linhas das mãos o futuro possível e o desejado, enquanto falava pelas bocas de suas antecessoras, dos passados vividos e também dos mal feitos, dos desfeitos e dos escondidos por baixo das dobras da memória lavada pela água benta.

O menino deitado na grama era o mesmo homem parado agora há pouco no cruzamento da Avenida Rio Branco com a Independência. Matilde, de roupas diáfanas e de um colorido roxo como aqueles panos da Semana Santa, levantou-se e incorporou, de uma só vez uma dezena de espíritos mágicos. “Vamos, menino. Ciganos roubam crianças e ferro pra fazer tacho”, dizia a madrinha. O sinal enfim abre, mas vem uma ambulância em disparado alvoroço. Lá atrás, na ponte de madeira, ouvia-se o tropel da charrete: era o Dr. Hercílio Ferreira, o Bolote.

Crônica: Jorge Marin
Foto: Diego Robayo, disponível em https://www.flickr.com/photos/diegorobayo/5391282502/in/set-72157625912707190/

quarta-feira, 16 de abril de 2014

FREIRAS EM PÂNICO 2: A SAGA DA BATERIA


Um tanto admirado com a naturalidade dessa foto, não tive como deixar de recordar alguns fatos que aconteceram no século passado com a turma do Pitomba, e com aquela que viria ser nossa futura madrinha.

Um desses fatos foi quando, certa vez, fomos “visitar” a Nely no hospital, para, entre umas e outras coisas, pedir a ela a BATERIA emprestada.
Essa visita inusitada deu-se em circunstância de uma das vezes em que o Pitomba se preparava pra fazer um baile no terraço da casa do primo Dantinho e, pra variar, estava sem o referido instrumento. Coincidentemente, naquele mesmo final de semana, todas as BATERIAS que poderiam ser nossas possíveis vitimas estavam sendo usadas por seus respectivos donos.

Na época, nossa amizade com a Nely estava ainda no comecinho, e sua BATERIA era a única que poderia estar disponível na cidade. Mas, como agravante, nossa futura madrinha havia se submetido recentemente a uma cirurgia e estava internada. Então, após uma breve reunião, resolvemos que, como única opção, teríamos que fazer um ataque, digo, uma “visita” a ela no hospital. E assim aconteceu...

Quando lá chegamos foi um Deus nos acuda. Éramos umas cinco ou a seis pessoas querendo entrar de uma só vez. Um pequeno tumulto se formou na portaria, mas, no final, todos acabariam entrando.

Já dentro do quarto, era gente sentada até debaixo da cama. O lanche da tarde desapareceu com tal rapidez, que não sobrou um único biscoito para a paciente e muito menos uma santa gota de suco! Isso pra não falar que, por muito pouco, não teríamos conseguido passar um violão pela janela. Verdade seja dita, melhoramos substancialmente o quadro clinico da paciente em função de tantas e boas risadas.

A visita/festa foi geral; só que, já quase terminando o horário de visitas, ninguém ainda havia se manifestado e encontrado coragem de fazer o pedido. Pede você... Pede você... E ninguém pedia nada.

Já conformados com aquela que seria uma investida mal sucedida, cabisbaixos e numa tristeza sem fim, começamos a nos retirar. Quando já íamos saindo, eis que ela nos chama novamente pra dentro do quarto e, com muita sensibilidade, mesmo sabendo de nossas segundas intenções, foi logo dizendo: “NUM GUENTO SEISNÃO!” A BATERIA tá lá no Operário! É só pedir a chave e apanhá-la!

E foi aquela vibração no até então silencioso e ordeiro ambiente hospitalar. Quanta alegria! Seria a primeira vez que iríamos tocar em uma bateria profissional. Despedimo-nos mais que depressa, saindo em disparada escorregando pelas antigas passarelas do hospital.

Depois daquele dia, nossas visitas se tornariam uma constante, vindo até a causar novos transtornos na portaria. Mas, tudo isso fazia parte do show e esses fatos estão também devidamente catalogados no inicio do Blog.

Crônica: Serjão Missiaggia (agosto/2010)
Foto: Facebook SJ Online

segunda-feira, 14 de abril de 2014

CASOS CASAS & detalhes


Essa paisagem, da Avenida Carlos Alves, é de um dos lugares que mais recebe turistas em nossa cidade.

Resolvemos publicá-las porque a cidade se vê às voltas com uma discussão: a manutenção ou não do calçamento de pedras? Muitas pessoas encaram a retirada das pedras e a colocação do asfalto como uma forma de progresso.

Nós, que vimos publicando toda semana essas fotos maravilhosas da cidade, nos perguntamos: vale a pena enterrar essa beleza sob um manto asfáltico? Num ano crucial para a MOBILIDADE URBANA, é lícito pensar em soluções que atendam o trânsito de automóveis, sabidamente um meio de transporte que não está na agenda de nenhuma autoridade preocupada com sustentabilidade, meio ambiente e qualidade de vida?

Fotos: Serjão Missiaggia
Texto: Jorge Marin

CASOS CASAS & mistério ???


NA SEMANA PASSADA, muita gente reconheceu a casa da Avenida Carlos Alves. Além dos habituées Maninho Sanábio e Nilson Baptista, também acertaram: Bortolatto, Diego Silva, Eliane Fajardo, Patrícia Paula, Luiz Carlos Moura, Cida Abreu e Sebastião Luiz Costa.

POR ISSO, nesta semana, estamos lançando um desafio diferente. Vamos dizer onde é o local: é a Rua Coronel Augusto Pacheco de Rezende! Mas o desafio é: POR QUE AQUELE LOCAL É CHAMADO DE BECO DAS FLORES?

sexta-feira, 11 de abril de 2014

SOBRE O PAU QUE NASCE TORTO


- Agora estou confiante, doutor, porque parece que, depois desse aperto, ele vai mudar o comportamento – diz a mulher.

Não sei a que doutor ela dirige o seu discurso de esperança. Também não sei quem é ELE. Será o marido? Pai? Filho?

Seja quem for a queixosa, ou o destinatário do discurso, vou dizer uma coisa para vocês: ELE NÃO VAI MELHORAR!

Digo pela minha longa experiência em ouvir pessoas por todos esses anos, não necessariamente de forma profissional, mas pelo bom senso que vai aumentando junto com os cabelos brancos, e também pela paciência que vai diminuindo junto com a audição.

Hoje, sentado na pracinha, vendo as crianças irem eufóricas para a escola, percebo, tarde é verdade, mas ainda a tempo, um grande motor do SOFRIMENTO: a EXPECTATIVA.

Meu Deus, quanto se sofre, e quanto se tem cada vez mais sofrido porque a outra pessoa que vive conosco, ou as pessoas que vivem conosco, não se comportam exatamente da maneira que nós ACHAMOS que elas deveriam se comportar.

Outra coisa, que é ainda pior, não apenas sofremos porque os outros não são do jeito que gostaríamos que fossem, mas achamos que eles vão “melhorar” e, quando não "melhoram”, sofremos também por isto.

Não quero dizer que as pessoas não mudem.  Sim, elas mudam, mas mudam, naturalmente, porque amadurecem.  O que não quer dizer que evoluam como seres humanos. Na verdade, em relação às nossas expectativas, que são do tempo em que conhecemos a pessoa, as mudanças, na maioria das vezes, são para “pior”.

Finalmente, uma palavra sobre os alarmistas, que perguntam: então, devemos perder a esperança?  Aqui, cabe uma pausa para diferenciáramos estas duas palavras: ESPERANÇA e EXPECTATIVA.

Ter expectativa significa CRIAR UMA FANTASIA, uma ilusão, na qual a pessoa que é o outro na minha vida seja capaz de, e vá realizar TODOS os meus desejos.

Ter esperança é relacionar-se como ensinado pelo genial Geraldo Azevedo: “se você vier pro que der e vier comigo, eu te prometo o sol, SE hoje o sol sair; ou a chuva, SE a chuva cair”. Isto também SE você vier pro que der e vier comigo, tá?

Crônica: Jorge Marin
Foto: pintura acrílica de Ann Marie Bone, disponível em http://www.deviantart.com/art/Twist-429694922.

quarta-feira, 9 de abril de 2014

UM BARULHO NA VARANDA


Dia desses, ao entrar nos correios, me lembrei de uma coisa que marcou pra caramba minha infância. Acredito até que, não somente a minha, mas um monte de outras pessoas.

Eram as famosas correspondências que enviávamos aos diversos CONSULADOS E EMBAIXADAS em busca de informações e imagens de seus respectivos países. Por sinal, todas as cartas eram idênticas e, quase sempre,  escritas de próprio punho, onde trocávamos apenas o nome do país no envelope. Quase sempre chegávamos aos correios, carregando uma centena delas e por lá permanecíamos pacientemente, por  um bom tempo, até que acabássemos de selar uma a uma.

Interessante o prazer e a ansiedade que sentíamos em ficar aguardando por uma resposta, que, geralmente, aconteceria no prazo de duas ou três semanas. Mas valia a pena, pois sempre vinham acompanhados de lindas fotografias, selos, revistas etc. Era muito raro uma embaixada não responder, mas acontecia.

Como esquecer do barulho daqueles imensos envelopes que eram jogados pelos carteiros em nossa casa? Às vezes acontecia de chegar material de dois ou três países ao mesmo tempo e isso era facilmente percebido devido àquele  barulhão ao caírem na varanda. Uma MAGIA que, infelizmente, se perdeu no tempo, principalmente em circunstância de uma evolução tecnológica sem precedentes.

Semana passada, sentado confortavelmente frente ao meu computador, pude com apenas alguns toques no teclado, caminhar tranquilamente, através do Google Maps, pelas ruas de Pozzoleone, cidade natal de meus avós na Itália. Quanta facilidade e emoção, mas confesso ainda sentir saudade daquela ESPERA e do barulho dos ENVELOPES na varanda.

Crônica: Serjão Missiaggia.
Foto: disponível em http://www.infoescola.com/profissoes/carteiro/

segunda-feira, 7 de abril de 2014

CASOS CASAS & detalhes




Rua Doutor João Couto.  Por muitos anos, a única via de saída da cidade.

Por isso, para todos nós, que por um motivo ou por outro, tivemos que deixar a Garbosa, ainda dá um certo nó na garganta lembrar de quando o ônibus da Bassamar dava aquela viradinha ali na Praça Carlos Alves e tomava o rumo do Caxangá.

Tenho certeza que muitos se perguntam: ah, e se eu tivesse ficado?  O que teria acontecido? No entanto, como dizia Ghandi: "a felicidade é o caminho".  No caso, a Rua Dr. João Couto pode ter sido, assim como é para os seus felizes moradores, o começo da felicidade.

Porém, se todos que deixaram São João, tivessem a visão dessa última foto, não sei não.

Fotos: Serjão Missiaggia
Texto: Jorge Marin


CASOS CASAS & mistério ???


ONDE FICA ESSA CASA ???

ACERTADORES DA SEMANA PASSADA - Maninho Sanábio (sempre ele) foi o único a reconhecer a fachada ao lado da Casa dos Patinhos, na Rua Barão de São João.

sexta-feira, 4 de abril de 2014

"NAQUELE" TEMPO É QUE ERA BOM?


Aproximando-se a comemoração do quinto aniversário do Blog, uma pergunta é inevitável: “naquele” tempo é que era bom?

Constantemente, lemos comentários em nossas postagens e também no Facebook, expressando a saudade por um tempo que passou, um tempo supostamente “bom”, o que geralmente quer dizer: mais ingênuo, mais natural e, sei lá, até mais santo.

No entanto, é preciso que estejamos despertos para um fato: a nossa vida é AGORA, e todo sentimento em relação ao que se foi, às boas lembranças, e também às más, é pura PERDA DE TEMPO. 

Vivemos, sim, bons momentos e lembrá-los de vez em quando, até com um incremento aventuresco como fazemos aqui no Blog, é muito prazeroso. Mas, carregar tal memória, ainda que boa, o tempo todo, é como sair na rua com um gravador de rolo numa mão e uma câmera betamax na outra.  Além de anacrônico, é profundamente cansativo e desconfortável.

Naquele “nosso” tempo, que muitos dizem “ê tempo bom”, ainda se morria de gripe e tuberculose.  Em 1964, temos relembrado o cinquentenário por estes dias, não podíamos nos reunir, nem ler o que quiséssemos e, se num filme aparecesse uma cena de nudez, esta era coberta por umas bolinhas pretas que corriam atrás dos genitais, alguém se lembra?

Sim, éramos felizes, mas, da mesma forma como ocorre hoje, a felicidade estava nas pequenas coisas: num beijo roubado, numa farra com amigos, num baile do Operário. Hoje pode ser na formatura de um neto, num baile da (eca!) terceira idade e, por que não, num beijo roubado também.  Afinal, temos boca, corpo e paixão!

A grande lição que aprendi com o computador foi um comando chamado ESVAZIAR A LIXEIRA.  É bom para a memória randômica, dele e nossa.  Melhora o desempenho, dele e nosso. E, igualmente para ambos, é extremamente saudável.

Crônica: Jorge Marin
Foto: Mosh Dem, disponível em http://www.deviantart.com/art/Empty-89214600

quarta-feira, 2 de abril de 2014

UM AMIGO CHAMADO EMMERSON NOGUEIRA


Dias atrás, tive a HONRA de receber através de meu irmão Pitombense Silvio Heleno, um exemplar do CD gravado por Emmerson Nogueira em seu Estúdio Versão Acústica, com músicas de sua autoria e de nosso não menos genial e saudoso amigo Paulinho Cri Cri.

Depois de ouvir com muito carinho cada canção, não teria como deixar de comentar e exaltar ainda mais aquilo que tanto já sabíamos, ou seja, as qualidades de nosso talentoso conterrâneo. O cara além de excelente músico, compositor, cantor e fã das travessuras do Pitomba, é um arranjador fantástico. Enquanto escutava não tive como evitar certa emoção ao lembrar o saudoso Cacau e é claro o próprio Cri Cri.

Falando no pai Cacau, pessoa esta finíssima, que, juntamente com o mano Juninho, tive a felicidade de conhecer ainda no início da carreira do Emmerson, hoje fico a imaginar do orgulho que teria se ainda estivesse entre nós, dessa fascinante e mágica ascensão musical do filhão.

(SINCERAMENTE ACREDITO QUE AS BELAS CANÇÕES E AS BOAS ENERGIAS TRANSCENDEM E ALCANÇAM LUGARES INIMAGINÁVEIS).

Lembro-me como se fosse hoje, das vezes em que eu passava pelo calçadão e ele, gentilmente, me chamava pra dar as notícias sobre os festivais da canção que estariam acontecendo. Difícil esquecer aquele seu prazer ao passar os resultados, e do brilho que irradiava de seu olhar a cada conquista da dupla Emmerson e Caquinho.   

Cara, e não é que fui privilegiado ao ser a primeira pessoa a escutar “FIM DE TODAS AS CANÇÕES”, música que acabara de sair quentinha do forno e que foi primeiríssima colocada no famoso festival Canta Minas? Modéstia à parte, confesso que hoje me sinto meio que profético quando, ao acabar de escutá-la, ainda na oficina, comentar sobre seu potencial e das muitas vitórias que com certeza viriam. Não deu outra. Apesar de um belo nome, era na realidade, o INÍCIO DE TODAS AS CANÇÕES.

Aproveito esta oportunidade para agradecer o significativo momento e dizer que esse seu exemplo de humildade, músico, profissional e AMIGO é mais do que motivo para nos deixar envaidecido.

Ao Futuro e ALÉM!

Crônica: Serjão Missiaggia
Foto: Face do Sílvio Heleno Picorone

BRIGADU, GENTE!

BRIGADU, GENTE!
VOLTEM SEMPRE, ESTAMOS ESPERANDO... NO MURINHO DO ADIL