sexta-feira, 30 de março de 2018

A CADA SEXTA-FEIRA DA PAIXÃO QUE PASSA


Pela manhã, me incomoda barbear em frente ao espelho. Talvez reflexo de outros tempos, em que, na sexta-feira da paixão, não nos era permitido nem barbear nem olhar no espelho.

Me assusta que, passados meros cinquenta anos, o mundo tenha mudado tanto. Na sexta-feira da paixão de 1968, como já disse, os homens estavam todos barbudos, já que a maioria passava a quaresma inteira sem barbear. Já na segunda-feira, todos os espelhos das casas eram cobertos com um pano roxo, assim como todas as imagens de santos que, garanto a vocês, eram muitas.

Ah, e não se podia varrer o chão também. Além de que os banhos eram mais rápidos naqueles tempos,  e fazia-se um voto de falar o mínimo possível em casa. Esses rituais eram adotados por todos sem pensar, de forma absolutamente natural e automática.

Vocês pensam que, nos anos 60s e mesmo 70s, alguém entrava num bar na semana santa e pedia uma cerveja, ou mesmo um filé a partir de quinta-feira?

Sei que muita gente vai dizer que isso era maravilhoso, que antigamente as pessoas eram mais respeitadoras, mais tementes a Deus e melhores. No entanto, isso não é verdade: éramos os mesmos mentirosos, egoístas, narcisistas e canalhas como nos dias atuais.

A diferença é que havia um plano divino e que nós seguíamos esse plano. Não se questionava aquela lógica: Deus mandava, pai mandava, patrão mandava, e nós obedecíamos.

Hoje, quando chega a semana santa, a ansiedade é grande: o que fazer? Churrasco? Viagem para a praia? Passeio às cidades históricas? E, no íntimo, mais permitidas aquelas questões que escondíamos: fazer ou não fazer jejum? Comer ou não comer carne?

O Cristo, objeto maior da celebração do dia santo, é representado, chorado e louvado. Mas também esquecido, ignorado e até criticado.

Somos pessoas que se deixam levar. Pelo rebanho ou pelo egoísmo. Pelo proselitismo, pela fé, pela angústia ou por nada disso.

Mais velhos a cada sexta-feira santa que passa, não estamos piores nem melhores. Mas que essa ideia de renascimento é muito boa, disso não tenho dúvida alguma.

Feliz páscoa a todos!

Crônica: Jorge Marin
Foto     : Serjão Missiaggia

quarta-feira, 28 de março de 2018

A SINUCA DO CIDA



Na verdade, nunca fui um jogador inveterado e muito menos expert no assunto, mas era parada obrigatória aos finais de noite, principalmente após o namoro, cinema, ou mesmo, simplesmente, pra assinar o ponto e poder ficar em pé em um de seus portais, vendo as meninas saírem do colégio.

Lembrei-me agora do mestre Sôbi quando dizia achar a maior graça das vezes em que passava em frente à sinuca e via aquele montão de rapazes em pé na porta com uma das pernas dobradas na parede como se fossem garças.

Um local que veio a marcar várias gerações e acumular por décadas momentos felizes e descontraídos.  Quem não se recorda do Jornal do Brasil que ficava à nossa espera no velho banco de madeira naquele pequeno quarto ao fundo? Bons papos aconteciam ali com o Sr. Cida, enquanto o jornal era esmiuçado com as principais notícias do dia.

Difícil também não se lembrar das noites de quarta e das tardes de domingo, quando aquele velho rádio a válvula, que, num volume bastante considerável, ficava transmitindo os jogos do campeonato carioca. Por sinal, Sr Cida, era um tricolor apaixonado.  

E, já que estamos comentando sobre o Sr Cida, um fato que sempre me chamava à atenção era das poucas vezes que ele saía desse quartinho. Isso sempre acontecia nos momentos de apagar o quadro negro para o recomeço de uma nova partida ou quando uma bola, após uma desastrosa tacada, rolava pelo chão ou até mesmo em direção à rua.

Assim, enquanto os jogos rolavam à solta no salão principal, a maioria de nós queria mesmo era ficar sentada em outro banco de madeira que ficava posicionado bem próximo à mesa de bilhar. Ali, boas prosas de fim de noite rolavam, enquanto íamos nos divertindo com cada jogada ou acirradas disputas.

Mesmo tendo sido ali por várias décadas um salão de jogos, perpetuou um imenso respeito, não somente pelo local, como também por seu proprietário.
Assim me narrou o mano Darcio:

“Infelizmente, o Cida era tricolor. Contudo, somente discutia futebol em alto nível. Não admitia gozações e nem gozava os adversários. Ele próprio fazia os consertos de sua casa, além de cuidar da manutenção das sinucas, trocando os panos verdes e as tabelas. Poucas pessoas seriam capazes destes serviços com tamanha precisão, principalmente no bilhar. Trocar as tabelas colocando as novas no ponto certo era coisa para especialistas. Suas sinucas eram fantásticas.

Ele não admitia apostas no salão, nem bebidas. De hora em hora fazia uma limpeza e o salão mais parecia uma sala de visitas. O BANHEIRO ERA IMPECAVELMENTE ASSEADO. Um hábito do Cida era lavar as mãos com sabonete e depois com álcool logo após receber dinheiro de quem encerrava o jogo.

Cida dizia que aquele casarão foi o primeiro a ser construído na parte baixa da cidade. Antes, todas as residências ficavam no morro, na região da Matriz, pois a baixada era pantanosa. Dizia que a casa nada mudara, recebendo apenas alguns reparos. Sua habilidade era muito aproveitada pela Igreja, já que era ele que preparava os pequenos altares que desfilavam nas procissões, principalmente nas Semanas Santas. Aliás, era muito católico.  

Quanto ao seu irmão, Seu Zé, era um autodidata, uma pessoa muito culta. Tendo apenas o primário, cuidou de toda a contabilidade da Fábrica de Calçados por anos, até sua aposentadoria. Lia muito, discutia literatura, história e política. Conhecia bem a Língua Portuguesa e bastante Matemática, principalmente aritmética. Tinha até um razoável conhecimento do Latim.

Além de excelentes pessoas, eram homens de coragem. Dentre meus amigos verdadeiros estavam os irmãos Palmieri.”

Crônica: Sérgio e Antônio Dárcio Missiaggia
Foto     : Facebook

segunda-feira, 26 de março de 2018

SE ESSA RUA FOSSE A MINHA


QUEM SE LEMBRA DE MOMENTO VIVIDOS AQUI???

Foto de hoje: Serjão Missiaggia
Trat.imagem: Jorge Marin

Pitomba BLOG Essa rua é a Nestor Henriques de Araújo, ela fica na Avenida ao lado do Tiro de Guerra.

TODA CASA TEM UM CASO


QUEM SABE ALGUM CASO DESSA CASA???

Foto de hoje: Serjão Missiaggia
Trat.imagem: Jorge Marin

Pitomba BLOG Essa casa fica na Avenida Carlos Alves. Quem sabe algum caso???

CASOS CASAS & mistério???


ONDE FICA ESSA FACHADA???

Foto de hoje: Serjão Missiaggia
Trat.imagem: Jorge Marin

Pitomba Página Na verdade, essa é a fachada da bela casa do Dr. Moysés Assafin, na Pracinha do Coronel.

sexta-feira, 23 de março de 2018

UM PAPO SOBRE MARIELLE... FRANCO!



Um leitor me questionou, no sábado passado, por que não comentei nada, na minha coluna da última sexta-feira, sobre o assassinato da vereadora carioca Marielle Franco. Tive que ter a humildade de reconhecer que não sabia absolutamente nada sobre a moça que, depois li no noticiário, foi morta no centro do Rio de Janeiro com quatro tiros na cabeça. A balística revelou que a munição utilizada no crime era de um lote vendido à PM em 2006, mas, segundo o Ministro da Segurança Raul Jungmann, roubado na sede dos correios da Paraíba, fato posteriormente negado pela diretoria dos correios.

Bom, mas duas coisas ficaram claras pra mim: a primeira é que a Marielle foi executada por uma equipe treinada para esse fim, e a segunda é que, nesse crime, ela é a VÍTIMA, junto com seu motorista.

Por que faço questão de afirmar essa obviedade? É porque, já no sábado passado, passei a receber um monte de mensagens, na página do Pitomba, no meu zap e por e-mail, de pessoas julgando (e até mesmo condenando) a vítima, que, naquela altura dos acontecimentos, já estava enterrada.

Me preocupa o fato de tantas pessoas estarem tentando justificar o ocorrido e, o que é pior, imputando coisas terríveis à falecida. Uma das mensagens que recebi dizia que ela “não é essa santinha que estão falando” pois teria engravidado aos dezesseis anos. Bom, pra início de conversa, se ela iria completar 38 anos neste ano e a filha tem 19, matematicamente ela NÃO engravidou aos 16. Mas, supondo que sim, que tivesse engravidado aos 16, ou 15, ou menos, isso seria motivo para ser considerada culpada de alguma coisa ou merecedora de assassinato?

Postagens diziam que a morta fora casada com um traficante e outras que ela era casada com uma mulher. E tudo isso num tom condenatório como se pessoas nessas condições tivessem igualmente que ser eliminadas.

Aí começaram a chegar as mensagens cínicas: “ah, mas as pessoas estão morrendo o tempo todo no Rio. Qual a diferença entre a morte das pessoas que morrem e DESSA AÍ?”. A diferença, minha gente, é que, embora todas as vidas perdidas sejam preciosas, essa moça morreu, não por uma bala perdida, mas por uma rajada de baladas bem apontadas e bem direcionadas para a sua cabeça por causa das suas opiniões, convicções e trabalhos políticos.

E isso é uma coisa que NÃO PODE acontecer num estado de direito. Porque uma coisa é você não concordar com o seu vizinho, porque ele é petista, ou porque ele é coxinha, ou porque ele é homofóbico, ou porque é gay. Outra coisa é você achar que ele não tem o direito de ser qualquer uma dessas coisas e, pior, torcer pra que, sendo diferente do que você ACHA que é o certo, mereça morrer e, depois de morto, ainda condenado e execrado publicamente.

Importante é deixar claro que, dentro da balbúrdia e das relações conflituosas PRÓPRIAS da democracia, a dignidade da pessoa humana, a vida que recebemos e a harmonia da convivência DEVEM vir em primeiro lugar, bem à frente do ódio, da intolerância e da fofoca.

Crônica: Jorge Marin

quarta-feira, 21 de março de 2018

UMA VISITA AO AMIGO VELÁSQUEZ



Feliz ideia foi a minha quando, ao subir o morro da Igreja do Rosário pra captar algumas imagens pro Blog, ter resolvido dar uma paradinha na casa do amigo Pitombense Velásquez.

Pasmem, mas até algumas ideias musicais meio que matreiras começaram a rolar pra futuro. Isso sem falar das boas risadas que foram acontecendo enquanto íamos relembrando aqueles causos hilários e divertidos dos tempos de conjunto e da casa da Tia Irinéa.

Curtimos bastante algumas canções ao som do velho violão, e, mesmo estando com meu dedinho indicador um tanto desconfortável em razão de uma pequena artrose e da ausência de uma das cordas, ainda pude executar algumas músicas.

Conversa vai conversa vem, e num pisca de olhos, aquele imenso abismo entre o presente e passado surgiu. O tempo é incrivelmente rápido e já se passaram nada mais nada menos que generosos QUARENTA E CINCO ANOS das primeiras BARUIADAS do mitológico Grupo Pitomba.

Despedimo-nos, não sem antes já deixar uma próxima visita agendada.

Crônica e foto: Serjão Missiaggia

segunda-feira, 19 de março de 2018

A PRIMEIRA PROFESSORA



De repente, somos assaltados por notícias que jamais gostaríamos de ouvir: “sua professora morreu”. E a gente que se vire com isso.

Não sou uma pessoa que se abale ou se deixe abater, mas confesso que saber isso me deixou profundamente triste. Como se, de uma hora pra outra, ficasse desconectado do meu passado, e ficasse solto no espaço. E no tempo.

Quando cheguei ao Grupo Dona Judith Mendonça naquele ano de 1964, morria de medo do que podia me acontecer. Criado muito preso, dentro de casa, eu era um tipo de criança com toda a espécie de temores e inseguranças possíveis. Quando me disseram que minha professora era muito brava, quase saí correndo, e só não o fiz porque minha mãe já havia ido embora.

Dona Terezinha me tomou pela mão e, franzino, me conduziu pelo pátio até a sala da Dona Renê. Quando a porta se abriu e pude, finalmente, contemplá-la, foi como se um peso de dez toneladas fosse retirado das minhas costas: minha professora era jovem, bonita e com um sorrisão que deixava a gente tranquilo.

Ali, com a Dona Renê, comecei a aprender como viver com os outros. A interagir, a conversar com os colegas, o momento de falar, o momento de calar. Aos sete anos, eu nunca havia frequentado nenhuma escola ou mesmo jardim de infância.

Pois bem, vivi a tal vida que esperavam que eu vivesse, e ao retornar, trinta e cinco anos depois, fiquei meio “solto”, no início da aposentadoria. Meio sem rumo, fui aconselhado por amigos a ingressar no Facebook e, naquele ambiente, meio real meio imaginário, vou dar de cara logo com quem? Corri para contar pra minha esposa: fui reconhecido pela minha primeira professora!

E, por incrível que pareça, foi na rede social que aprendi a conhecê-la melhor. Enquanto os outros posam de bonzinhos, ela fazia questão de se mostrar tinhosa, positiva e verdadeira. Quando queria dizer uma verdade, até falava que não ia dizer, mas acabava dizendo.

Isso só ia fazendo com que minha admiração por ela crescesse. Editor do Pitomba Blog, eu a chamava de Dona do Largo e dedicava a ela todas as fotos tiradas perto da Matriz. E ela nunca me decepcionava: era sempre a primeira a curtir e comentar.

Hoje, publico essa foto dela, que, na época, achei muito engraçada. Sei que ela iria aprovar porque adorava dar risada, encontrar pessoas, e fazer zoeira no Facebook. Digitar aqui, sabendo que ela não vai curtir, nem comentar, nem compartilhar é muito triste. Tomara que exista um Face-céu de onde ela possa curtir, mesmo que seja com aquelas lagrimazinhas, o tanto da falta que ela está nos fazendo.

Crônica: Jorge Marin
Foto     : Facebook

sexta-feira, 16 de março de 2018

LADY BIRD: UM FILME PARA ADOLESCENTES... DE TODOS OS TEMPOS


Mulher, mais do que um bicho esquisito (como nos ensina Rita Lee), é um mistério que intriga, encanta, inspira e mexe com a vida de todos os homens, e mais ainda com a vida de todas as mulheres também. Por isso, me encantei de cara com Lady Bird, um filme que mostra as dores e delícias da vida de uma adolescente no ano 2002 (um ano palíndromo como ela define) na cidade de Sacramento.

Apesar de ser a capital do estado da Califórnia, Sacramento é assim meio parecida com Juiz de Fora, pelo tamanho, número de habitantes e, principalmente, pelo seu provincianismo. A heroína, se é que pode ser chamada assim, vive dizendo que não suporta viver naquela roça, da mesma forma que dizíamos de São João quando éramos estudantes, e depois de Juiz de Fora quando começávamos a frequentar a universidade.

No entanto, a diretora do colégio de freiras onde Christine (nome real de Lady Bird) estuda chega a elogiar a redação dela, dizendo: “eu não sabia que você ama tanto a sua cidade”. Quando Christine responde que ela apenas presta atenção, a freira responde: “atenção e amor não são a mesma coisa”?

O meu objetivo aqui não é propriamente fazer uma crítica do filme, mas dizer que, ao assistir, fiquei profundamente impressionado como nós, meninos e homens, conhecemos tão pouco do universo feminino. Sempre contamos os nossos feitos, as nossas conquistas e realizações, bebedeiras e bagunças tipo “somos fodões” e nem por um minuto paramos para pensar que as meninas e mulheres passam pelas mesmas emoções, alegrias, prazeres e horrores que nós passamos, e nem por um momento se julgam as tais.

Lady Bird se apaixona por um colega do teatro escolar, decepciona-se com ele, tem uma fidelidade canina à sua melhor amiga Julie, depois a esnoba com a patricinha Jenna, depois volta para a amiga, enquanto inicia sua vida sexual com o segundo ficante. Mas, quem espera alguma explosão de afetos nestas experiências, vai ficar decepcionado, pois a adolescência de Christine é tão sem graça como a da maioria de nós, embora façamos questão de afirmar todos os dias como eram maravilhosos “os bons tempos”.

Na verdade, o que me impressionou no filme foi exatamente isso: passamos a vida adulta e a velhice dizendo que a juventude foi a melhor fase das nossas vidas, que o que era bom não volta mais e outras frases parecidas. Quando o filme acaba – o Lady Bird – descobrimos que todos nós, meninas e meninos, nos divertimos muito, é verdade, mas passamos por apertos inconfessáveis, dores absurdas e dúvidas que, até hoje, persistem em nossas mentes.

Trata-se de um filme imperdível para todos nós que chegamos até aqui, tentando transformar nossas vidas em filmes, mas, em algum momento, deixamos de acreditar no enredo.

Crônica: Jorge Marin
Foto     : Merie Wallace, disponível em https://www.nytimes.com/interactive/2018/01/12/briefing/12weeklynewsquiz.html

quarta-feira, 14 de março de 2018

NOSSO RELÓGIO SOLAR



Lamentavelmente, semanas atrás recebemos a triste noticia da morte de nosso amigo pitombense Paulinho Manzo. Tive o prazer de conhecê-lo em 1974, quando cursávamos o Científico. Pessoa inteligentíssima e muito divertida, mudou-se de São João e eu não o via há mais de quarenta anos.
Diante dessa triste realidade, achei que seria oportuno, repetirmos em sua homenagem, um trecho deste texto postado aqui mesmo no Blog em 2013.
                                         
                                            NOSSO RELÓGIO SOLAR

Dias atrás, ao ler o importante ALERTA feito por um amigo sobre o perigo que estaria trazendo às nossas crianças, o ponteiro do RELÓGIO SOLAR que há quase QUARENTA ANOS se encontra localizado ali na Praça da Bandeira, lembrei-me de um episódio familiar que aconteceu comigo ainda no século passado.

Era uma tarde de sábado do mês de maio de 1996, quando fui com a família gastar alguns trocados na exposição. Subimos euforicamente o morro da Matriz pegando aquela carona básica em nossa própria viação canela.  As crianças, mais ou menos com seus três e sete anos respectivamente, iam a nossa frente brincando e nos dando aquela canseira tão típica da infância.

Ao passarmos na Praça da Bandeira, paramos pra descansar e, como havia muitas crianças brincando no local, resolvemos deixar que as nossas interagissem e ficassem também ali se divertindo por instantes. Momentos depois começamos a observar que algo no jardim estava causando certo impacto e deslumbramento na galerinha. Era uma rodinha de cinco ou seis crianças que ali, um tanto curiosas, ficavam apenas observando, até com certo respeito, a tal coisa.   

Foi quando minha filha, com seus sete aninhos, me chamou. Queria que eu explicasse a ela e aos demais coleguinhas que coisa mais esquisita era aquilo sobre o gramado. Confesso que fiquei meio confuso, pois, ao perceber que se tratava daquele RELÓGIO SOLAR, sabia de antemão que não era muito entendido desses assuntos. Como faria então para explicar para aquelas crianças, de maneira prática, que aquilo seria apenas um método simples dos povos antigos para medir o tempo e que as horas seriam visualizadas dependendo de como a luz solar estivesse incidindo sobre aquele ponteiro? Sabia apenas que não poderia deixar minha peteca cair e muito menos desapontar a curiosidade de minha filhota. Dessa forma comecei a dar algumas tímidas explicações.

Numa linguagem infantil, assim como era meu conhecimento do assunto, iniciei falando de sua CONSTRUÇÃO e um pouco de seus CONSTRUTORES.  De que ali ao lado (apontei qual casa seria) existia um lugar chamado OBSERVATÓRIO de nome COPÉRNICO e que, naquele local, havia instrumentos chamados de LUNETAS, instrumentos esses que nos permitiam ver bem de pertinho a LUA e as ESTRELAS, inclusive aqueles buraquinhos da lua e um lindo anel colorido que existe em volta de um planeta chamado Saturno. Disse a eles que até um completo laboratório fotográfico (coisa rara pra época) lá existia. Todo esse equipamento era controlado por um amigo meu: o Paulinho, cujo pai, o professor Paulo Manzo era uma pessoa respeitadíssima em todo o Brasil pela sua experiência e vasto conhecimento em ASTROLOGIA.

Comentei sobre um COMETA de nome difícil, o Kohoutek, que teria sido fotografado do OBSERVATÓRIO em 1974 e saído em muitos jornais do Brasil. Segundo consta, foi talvez o único OBSERVATÓRIO a conseguir uma boa foto, pois, ao contrário do restante do país que ficou inteiramente nublado, aqui o céu permaneceu aberto durante um bom tempo.

HOJE FICO PENSANDO QUANTOS DE NOSSOS JOVENS NEM AO MENOS CHEGARAM A SABER, QUE UM DIA EXISTIU TÃO SIGUINIFICATIVO E BEM ESTRUTURADO OBSERVATÉRIO AQUI NA TERRINHA, CONSIDERADO POR MUITOS COMO UM DOS MELHORES DO BRASIL.

Os meninos cresceram e novas gerações vieram. Seria injusto deixarmos que agora justamente o TEMPO viesse apagar este importante  pedaço de nossa HISTÓRIA.

Crônica e foto: Serjão Missiaggia

segunda-feira, 12 de março de 2018

SE ESSA RUA FOSSE A MINHA


QUEM SE LEMBRA DE UM MOMENTO VIVIDO AQUI???

Foto de hoje: Serjão Missiaggia
Trat.imagem: Jorge Marin

Tânia Bezerra Ihhhjh como.vivi.nessa rua! Casa de meus avós. Rua Barão de São João. Rua dos patinhos

TODA CASA TEM UM CASO


A CASA É ESSA. QUEM CONTA UM CASO???

Foto de hoje: Serjão Missiaggia
Trat.imagem: Jorge Marin

Rita De Cássia Campos Casa onde morou dona Marlene e Agostinho Tozzato ao lado da Marcilene...

CASOS CASAS & mistério??? (PARA MAIORES... DE 50)


QUEM RECONHECE ESSE LOCAL???

Foto de hoje: Facebook
Trat.imagem: Jorge Marin

sexta-feira, 9 de março de 2018

ADÃO E ÉTICA



Dizem por aí que “feliz foi Adão que não teve sogra nem caminhão”. Mas, se a gente pensa bem, o motivo da felicidade de Adão não tem muito a ver nem com a sogra e nem com o caminhão.

A felicidade de Adão, pra quem ainda não sacou, devia-se à ausência de outra pessoa que pudesse lhe impor algum tipo de limite. Não existe aquele outro adágio que “a minha liberdade termina onde começa a do outro”?

Pois é, como não tinha outro, Adão andava pelado, arrotava alto, jogava casca de banana no chão, além de outras porqueiras que nem vou relatar aqui porque sempre vai ter alguém pra argumentar: "ah, mas ele foi feito à imagem e semelhança de Deus”. Pois é, mas isso é uma coisa que NÓS é que falamos, ou seja, que parecemos com Deus. Não se esqueçam que, devido a um comentário desse, Lúcifer se lascou todinho.

Voltando à metáfora adâmica, é possível que os primeiros seres humanos fossem desse jeito, ou seja, naturais, assim como um gato, ou um ornitorrinco ou até mesmo uma ameba. Todos esses animais, aí incluído nosso ancestral Adão, simplesmente viviam, mas não tinham um sentido para as suas vidas, seus atos eram automáticos: acordar, caçar, comer, digerir, dormir e procurar ficar o mais distante possível dos seus predadores.

Quando Deus lhe fez uma companheira, Adão não sabia que ali, naquele momento, acabava a sua liberdade irrestrita (porque ele não deveria fazer algumas coisas que pudessem deixar Eva triste), assim como ela, por sua vez, também teria que respeitar as particularidades de Adão.

Mas, vejam só, ao criar o primeiro relacionamento, Deus introduziu dois conceitos que seriam muito caros (até hoje) ao homem: a tristeza e a felicidade. A partir daquela CONvivência, Adão percebeu que ele não mais poderia ser feliz sozinho, fazer o que quisesse, porque a felicidade do CASAL era um bem mais importante a ser atingido.

Milhões de anos depois, vem um ser à sua porta, trazendo uma potente caixa de som, ou no carro ou com aquela alcinha tipo mala, e, em plena noite de sábado, resolve despejar aquela coluna de decibéis amplificados pelo seu cérebro a dentro. E, questionado, ainda diz que tem o direito de se divertir e que a rua é pública.

Fico pensando: o que leva uma pessoa a pensar que tem o direito de sair do lado de lá do paraíso e vir aqui para o SEU paraíso, aquele lugar onde, segundo o artigo 5º da Constituição, são INVIOLÁVEIS a intimidade e a vida privada do cidadão, para te obrigar a ouvir uma música que você não quer, num volume que te machuca, com um conteúdo que te constrange?

Essa questão é muitas vezes negligenciada por nós “porque sempre foi assim”, “porque não vai dar em nada” ou talvez porque, na verdade, sejamos apenas conformistas e medrosos, escondidinhos atrás das nossas telas do Facebook.

Mas quem conhece o significado da palavra “cidadania” sabe que a felicidade é um bem coletivo que visa a melhora da qualidade de vida de TODA a sociedade. Ela não é dada, é conquistada. E faz todo sentido. Exceto, talvez, para Adão, os gatos e as amebas.

Crônica: Jorge Marin
Foto     : disponível em http://solodemaria.com.br/anjos-do-silencio/

quarta-feira, 7 de março de 2018

EXCESSOS SONOROS URBANOS



Nossa intenção seria terminarmos de vez com este desagradável assunto, mas, diante das recentes notícias nos dando conta da MUNICIPALIZAÇÃO DO TRÂNSITO, resolvemos falar um pouco mais sobre esta questão. Por sinal, quando postado pela última vez aqui no Blog, muitas pessoas interessadas vieram se manifestar, principalmente através de e-mails. Teve até um amigo que, ao encontrar-me na rua, veio cobrar de não ter falado sobre aquelas motocicletas com cano de descarga alterado que ficam “voando” pela cidade, juntamente com ALGUNS profissionais das entregas, que vão se transformando em verdadeiros KAMIKAZES NOTURNOS.

Nesse mesmo encontro, conversa vai conversa vem, e outro amigo se aproxima comentando sobre os carros de propagandas. Segundo ele, alguns desses veículos, muitos até vindos de cidades vizinhas, já teriam – E MUITO! - ultrapassado os limites de som, sendo que às vezes os altíssimos decibéis se misturam tanto que acabamos não entendendo absolutamente nada o que cada um quer nos dizer.

Não podemos esquecer que som em excesso também é POLUIÇÃO e, segundo os especialistas, dependendo da potência, chegam até a afetar o sistema nervoso central. Sinceramente, sou da opinião de que uma propaganda mais SUAVE aos nossos ouvidos, aliada a uma BOA QUALIDADE sonora, atingiria substancialmente seus objetivos, além é claro, de deixar o ambiente mais LEVE, comunicável e acolhedor. 

Enquanto aquela rodinha de bate-papo só foi aumentando, chega outro amigo, inesperadamente, falando sobre os carros com som automotivos. Nesse momento, diante de um consenso geral, se fez ecoar a primeira pergunta no ar: Por que muitas vezes somos obrigados a escutar aquilo que não queremos? E o que é pior, na altura que não queremos, sendo que, na maioria das vezes, quando já estamos recolhidos em nossas casas pra descansar ou dormir? Não podemos esquecer que muitas dessas residências são moradias de crianças, idosos e até mesmo enfermos. Será que o velho ditado SUA LIBERDADE TERMINA ONDE COMEÇA A DO PRÓXIMO já virou coisa do passado?

Pessoalmente, não temos absolutamente nada contra aqueles que insistem e gostam de viajar em exagerados decibéis, pensamos apenas que cada um deveria ficar RESTRITO ao seu quadrado e, se possível, em locais pré- determinados e próximos apenas aos simpatizantes. Na verdade, estamos falando apenas dos EXCESSOS, onde quase sempre não há LIMITES e tudo parece ter se tornado NATURAL.

Sem querer generalizar, reconheço que a maioria desses fatos, muito dos quais podendo até ser caracterizadoS como PERTURBAÇÃO DA LEI E DA ORDEM, é oriunda de alguns que, simplesmente, ignoram a existência de outros ao seu lado. Alguns profissionais do som ou mesmo proprietários de carros automotivos, muito dos quais nossos amigos, são pessoas ÉTICAS que, de maneira digna e honesta, RESPEITANDO ACIMA DE TUDO O PRÓXIMO, vão se divertindo ou mesmo ganhando o pão de cada dia.  

Ruídos sempre existirão, sendo que a maioria provocada mesmo por necessidades naturais do cotidiano, enquanto outros, aí já nos referimos novamente aos EXCESSOS, simplesmente, pela total FALTA DE RESPEITO E INDIFERENÇA PARA COM O PRÓXIMO, ante a benevolência ou mesmo ausência de REGRAS CLARAS no que tange às POSTURAS do lugar.

Num momento em que tanto se exalta a busca por uma GARBOSA MELHOR PRA SE VIVER, temos ainda que conviver com os EXESSOS DE ALGUNS, vendo nossas privacidades serem invadidas, sem que nada possamos fazer ou que façam por nós.

Crônica: Pitomba Blog

segunda-feira, 5 de março de 2018

BELEZAS DA TERRINHA


A MESMA PRAÇA...

Foto de hoje: Serjão Missiaggia
Trat.imagem: Jorge Marin

TODA CASA TEM UM CASO


QUEM SABE ALGUM CASO DESSA CASA???

Foto de hoje: Serjão Missiaggia
Trat.imagem: Jorge Marin

Beth Itaborahy Casa do Antônio Cavalheiro. Ainda mora lá a Lúcia, sua esposa.
Pitomba Página Beth Itaborahy foi a primeira a reconhecer a casa.

CASOS CASAS & mistério???


ONDE FICA ESSE JARDIM???

Foto de hoje: Serjão Missiaggia
Trat.imagem: Jorge Marin

Ana Emília Silva Vilela Na casa que foi do Sr. José Leite.

sábado, 3 de março de 2018

CASAR OU ADOTAR UM CACHORRO2

Acontece de alguém da minha família me pedir opinião sobre o casamento. Não falo quem é, pois essa coisa de querer casar se transformou num tipo de maldição. Se for mulher, a galera vai cair matando, dizendo que não é mulher moderna, pois mulher moderna não procura casamento, mas sim construir sua carreira independente da dependência masculina. Se for homem, a coisa é ainda pior, pois vai chover um bando de mulheres modernas, loucas pra arrumar um marido.

Mas, enfim, seja por que motivo for, a loucura acontece, e a pessoa se casa. O que esperar do casamento? Explico para a pessoa desejosa de matrimônio que é aqui que a maioria dos problemas acontece. Nas expectativas.

Quando conversamos com nossos pais, ou nos famosos cursos de noivos, as pessoas dão algumas dicas que, elas próprias, sabem que é MENTIRA, tipo “agora seremos felizes juntos” ou “dois corações batendo como um” ou uma que é perigosíssima: “ele (ou ela) vai te fazer feliz”.

Gente, não é nada disso. Ninguém faz ninguém feliz; pode até fazer rir, mas chega um momento em que faz chorar também. E isso é plenamente lógico. Primeiramente, porque qualquer pessoa (Ouviram? Qualquer pessoa) que viva ao nosso lado a maior parte do tempo vai nos causar um sentimento de incômodo tal, que, quando perguntados quem é a pessoa mais chata do mundo, inevitavelmente responderemos que É, SIM, aquela pessoa! Se perguntar para o marido, ele dirá que é mulher; se for a mulher, ela dirá que é o marido, e se for o filho, ele dirá que são os pais.

Lógico que as pessoas mentem e vão, a princípio, dizer que não, que “amo o momozinho vinte e quatro horas por dia”. Mas ninguém arriscaria um detector de mentiras.

O casamento é uma instituição construída para dar errado, e o que acontece é que realmente dá errado. E não poderia ser de outra forma, ao juntarmos, pra viver juntos, duas pessoas que antes só se encontravam para fazer coisas deliciosas, num esquema novo, quase empresarial de fazer investimentos, dividir neuroses, querer que a sua vontade prevaleça sem ferir o outro e ainda criar filhos a partir de pensamentos e culturas diferentes.

No entanto, acontece de as pessoas não só conseguirem se suportar um ao outro mas também conseguirem permanecer casadas e, o que é mais impressionante, tornando-se uns seres humanos de melhor qualidade. A isso, na falta de uma explicação lógica (que não tem) chamam amor. Mas, seja o que for, é bem diferente do que dizem os livros, é bem mais complicado do que dizem as tias e, cá pra nós, dá um trabalho...

Crônica: Jorge Marin

BRIGADU, GENTE!

BRIGADU, GENTE!
VOLTEM SEMPRE, ESTAMOS ESPERANDO... NO MURINHO DO ADIL