sexta-feira, 29 de junho de 2018

CAOSamentos



Chegando aos sessenta anos, é grande a lista de cerimônias da qual participamos. E uma coisa que é sempre revestida de grande pompa e afetos é o tal do casamento.

Momento de lágrimas, significados e exaltação pública, o matrimônio, além de um dos maiores cerimoniais religiosos, é tido como um tipo de organizador da sociedade, já que forma novas famílias.

É verdade que, ultimamente, tenho me assustado com os preços astronômicos que esse tipo de cerimônia tem atingido. As pessoas têm gasto cada vez mais dinheiro para casar. E, de forma assustadora, parecem encarar toda essa grana e energia despendidas como um tipo de investimento que, além de mostrar a todos o quanto “somos belos e felizes”, ainda busca ASSEGURAR a felicidade plena dos noivos.

Mas, será possível garantir a felicidade para um casal somente porque resolveram se unir em matrimônio? Acho isso particularmente complicado porque a maioria das pessoas acredita que sim, que “seremos felizes para sempre”, quando a realidade mostra o contrário, ou seja, que o início do casamento, na maioria das vezes, é um tempo de profunda decepção, ansiedade e angústia.

É claro que, com a maturidade, as pessoas começam a perceber, mas nem sempre e nem todos, que a dinâmica do relacionamento a dois implica em renúncias, negociações e muita paciência. Afinal, são duas pessoas que se propõem a viver juntas pelo resto de suas vidas. E, vamos combinar, isso é muito tempo!

Não pretendo aqui desestimular quem esteja pensando em se casar, mas chamar a atenção para um fato muito curioso dos tempos atuais. Enquanto na época em que eu era jovem o casamento era uma coisa “natural”, hoje uma grande parte da população prefere não se casar (na União Europeia, cerca de 33% dos lares são habitados por pessoas sozinhas).

Quem está certo? Quem se casa na esperança de constituir uma família ou quem prefere o celibato?

É lógico que as pessoas são livres para escolher, e cada escolha gera um tipo de consequência. No entanto, acreditar que demonstrações públicas de afeto e ostentação possam garantir uma existência feliz é tão lógico quanto achar que uma bela árvore de natal vai garantir o melhor presente do Papai Noel.

Crônica: Jorge Marin

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