quarta-feira, 17 de fevereiro de 2016

DETALHES PERDIDOS


Passando pela cozinha da minha casa, tive a grata felicidade em perceber minha atenção despertada por um minúsculo fato que, simplesmente, era o de um aroma de leite fervido que exalava do velho fogão. 

Momento raro de observação que me levou, naquele instante, a questionar sobre tantas coisas puras que nos passam despercebidas e que nossa já calejada sensibilidade não notam mais. 


É interessante como algumas observações para determinadas pessoas podem ser fúteis e até cômicas, mas quão maravilhoso e significante é saber contemplar e cativar pequeninas coisas. 


O velho abraço apertado, o ato rotineiro de um simples aperto de mão, fascínio ao respirar o ar puro de uma manhã de céu azul envolvida em cerração, bate-papo na varanda, um olhar nos olhos, ou mesmo ser um pouco daquela criança das pipas e dos inocentes casos de assombração. 


Enfim, uma infinidade de sentimentos e pormenores do cotidiano que o tempo quase sufocou, mas que ainda enraizados resistem fielmente.


Submergem, às vezes, por necessidade ou sobrevivência, mostrando-nos sempre, que a pressa que o tempo nos impõe e que a competição, muitas vezes, desenfreada, jamais será capaz de inibi-los. 


Indiferentes para alguns, sublimes e indispensáveis para outros, mas que, com certeza, ajudam, e muito, a nos aproximarmos da verdadeira felicidade. 


A vida, além de bela, tem como essência maior a extrema facilidade de ocultar toda sua beleza e mistérios, em infinitos detalhes e atos excepcionalmente singelos.

Crônica e foto: Serjão Missiaggia

Nota do autor: quando estava remetendo esta postagem para publicação, essa fêmea de sabiá, que fez um ninho bem no alto do meu pé de caqui e chocou dois filhotinhos, resolveu fazer o seu ritual de proteção do ninho, onde enquanto um deles sai pra buscar alimento, o outro fica de plantão.

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