Foto de Caroline Quirk
NA SEMANA PASSADA, como bem recordam,
encontramos nossos intrépidos exploradores pitombenses subindo pelo morro dos
Marimbondos, DE OLHO naquelas janelinhas iluminadas e misteriosas, que ficavam
a brilhar lá no alto.
Em volta, a ESCURIDÃO era TOTAL pois, naquela
época, era tudo bem mais deserto, e o movimento de carros ocorria só uma vez ou
outra. Não havia uma única casa no meio do caminho e muito menos uma santa
alma, que pudesse descontrair e compartilhar com os garotos aquele momento
decisivo.
A Dkw Vemaguete mais parecia uma peneira furada,
pois, enquanto subia engasgando morro acima, aspirava a poeira, que sufocava e
pintava todo mundo de amarelo.
Quando lá chegaram, viram que pouca coisa havia
mudado, e que a visão do OBJETO continuava a mesma.
E dessa forma, só na tocaia e observando ao
longe, ficaram por um bom tempo. Como se fosse um campo de batalha, de um lado
a expedição Pitomba e, na outra extremidade, a COISA.
Foi aí, neste exato momento, que começaram a
perceber, não sem um certo incômodo, que, para ver melhor, a única solução
seria uma APROXIMAÇÃO mais arriscada...
Já não havia conversa entre os rapazes, ninguém
àquela altura era contra ou a favor de coisa alguma. O que havia era um sentimento, forte e
profundo, de que uma força sobrenatural E IRRESISTÍVEL, os conduzia a seguir,
mais e mais em frente. E foi o que fizeram.
Sílvio Heleno achou por bem fazer a aproximação
de traseira, isto é, de marcha ré. Segundo ele, tratava-se de uma tática
evasiva, na qual teriam mais agilidade no caso de uma possível fuga de
emergência.
E assim o veículo foi acionado: enquanto, passo
a passo, faziam a aproximação, a adrenalina de todos ia a mil e os corações
batiam descompassadamente.
Após percorrerem mais ou menos uns 50 metros,
Sílvio Heleno, ameaçando um pequeno descontrole emocional, não suportou toda
aquela tensão, soltou um grito: AAAAAAAHHH! e pisou fundo no acelerador.
O que ocorreu foi que a Vemaguete descreveu uma
inacreditável curva de traseira e virou num ângulo de quase 180 graus, por
pouco não caindo barranco abaixo, bem em cima da antiga sede do Tiro de Guerra.
Saíram numa velocidade que só Deus sabe e que,
diga-se de passagem, somente foi conseguida porque o carro estava de morro a
baixo.
Uma nuvem de poeira, naquele momento, tomou
conta de todo o interior do carro. Pareciam envoltos em uma espessa neblina. A cabeleira afro do Zé se destacava ainda mais
no escuro, parecendo um turbante amarelo.
Descendo de lá feito um foguete, passaram pelo
centro da cidade, sob os olhares curiosos de algumas pessoas que ainda se
encontravam na praça. A partir daquele momento, a população já começava a ficar
com a pulga atrás da orelha, pois já deveriam ser umas onze horas da noite e,
nessa época, as coisas eram bem diferentes, sendo que, qualquer zunzunzum
naquele horário, era motivo para despertar uma baita atenção. Além disso, a lembrança da bomba explodida
ainda estava na memória, e no imaginário, popular.
- Gente! Vamos pedir ajuda ao Jesse? – sugeriu o
Sílvio Heleno.
Jesse Marcel, amigo da galera, estudava
Astronomia, seguindo os passos do pai, que igualmente era astrônomo no Rio de
Janeiro.
Para lá se dirigiram... A expedição passaria a ter embasamento
científico.
Aguardem...
(Crônica original: Serjão Missiaggia /
Adaptação e releitura: Jorge Marin)
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