Preocupa-me
o ódio.
Mês
passado, um grupo de colegas aposentados me parou na porta da loteria para
questionar minhas posições políticas.
“A gente
sabe que não adianta tentar mudar a sua posição porque você é ‘de esquerda’
mesmo, e a gente ‘até’ respeita a sua opção, MAS...”
E, na
esteira desse MAS, fui obrigado (ou melhor, permiti-me) ouvir um bando de
asneiras sobre “reportagens” da revista Veja, e alguns slogans contra o
governo, algumas bravatas do tipo prendo-e-arrebento de triste memória.
À medida
que eu ia me tornando mais tranquilo, buscando argumentar com aqueles
conhecidos, mais eles me acusavam, chegando a me chamar de tolo, inocente e
outras coisas parecidas. Ou seja, queriam me doutrinar. Explicar o quanto eles
e as pessoas que eventualmente eles apoiavam eram DO BEM, e as pessoas que eu,
inocentemente, havia apoiado eram DO MAL.
Por isso,
preocupa-me o ódio.
Porque o
ódio não é somente um terrorista que te abraça e te explode dentro de uma
lanchonete americana. O ódio é, acima de tudo, uma pessoa que se julga O
ESCOLHIDO, O ILUMINADO, O ABENÇOADO e que, porque julga que você não é nada
disso, quer porque quer te mudar.
Isso vale
para a política, para a religião, para questões de gênero e até para questões
familiares. Nas festas de fim de ano, por exemplo, é muito comum um parente que
mora fora vir dizer: “olha, meu amigo, eu não tenho nada com isso não, MAS...”
E lá vem o ódio travestido de bons conselhos.
Por isso,
minha gente, o que eu gostaria de ver em 2016: menos pessoas certas, boas,
bem-comportadas e limpinhas dizendo em quem devemos votar, ou para qual deus
rezar, ou com quem fazer sexo, ou como viver nossas vidas.
Espero um
2016 raso, seco, rico em emoções e pobre em conversa fiada, rico em ouvir com
atenção e pobre em falar sem pensar. Um 2016 mais reflexivo e menos verborrágico,
mais culto e menos espetacular, mais sério e menos moralista.
Um 2016
cheio de lucidez, para mim e para todos vocês!
Crônica:
Jorge Marin
Foto : Christina Prieto, disponível em http://travel.nationalgeographic.com/travel/traveler-magazine/photo-contest/2012/entries/148076/view/
Ótima equação: mais sensatez e menos estupidez!
ResponderExcluirO mundo anda tão complicado... Desnecessário criar mais problemas.