Quando
estou em São João, como ocorreu no aniversário do BLOG na semana passada, é
inevitável não cair naquela armadilha de fazer comparações entre a vida em
nossa cidade e a vida em outros locais.
Por diversas
vezes, já comentamos aqui sobre a dificuldade de ter que se adaptar a outras metrópoles,
pois, seja onde for, sempre bate aquela baita saudade e só conseguimos dizer,
numa mistura de Dorothy (do Mágico de Oz) e do saudoso Zé Lobão ao voltar da
Europa: “não há lugar melhor no mundo do que aquela curvinha antes do trevo de
São João”.
Experimentei
muitas vezes essa saudade de São João quando, ainda jovem, ia até Juiz de Fora
visitar meus amigos Nilson Baptista, Camilo Pontes, Veroaldinho do Couto, Júlio
e Geraldo Lima, e Marcos e Luís Augusto Dadalti que moravam em uma república
estudantil. A princípio, tudo era uma maravilha: diversão, bares, balada e
agitação. Mas, meus amigos, na hora de dormir, eu não conseguia pregar o olho
de jeito nenhum. A barulhada dos carros, buzinas, motos e sirenes não me deixava
dormir. A ponto de correr à janela e gritar: “socorro, quero voltar pra São
João!”
Mas o
mundo, como dizem, é mesmo uma caixinha de surpresas. Depois de encontros agradabilíssimos
com ex-companheiros no sábado passado, fui dormir embalado em doces lembranças
da nossa terrinha. MAS, eis que... de repente, passou pela rua um carro com uma
música ALTA, mas muito ALTA mesmo! De imediato, pelo deslocamento de ar, os
alarmes de TODOS os carros estacionados dispararam ao mesmo tempo, gerando uma
balbúrdia infernal.
Cessado
inferno, tentei voltar ao sono, quando uma moto com escapamento totalmente
aberto passou “voando” e espalhando seu rugido louco pelas ruas, e logo depois
retornou da mesma maneira escandalosamente ruidosa.
E assim
foi a noite inteira. Quase corri à janela e, a exemplo do que fazia há quase
quarenta anos, gritei: “socorro, quero voltar pra Juiz de Fora!”. No café da
manhã, com aquela cara de maracujá de gaveta, lembrei-me de um detalhe curioso
do dia anterior. Ao visitarmos Roça Grande, deparamo-nos com uma faixa na rua,
informando que o som automotivo é proibido naquele local por força da Lei
Complementar nº 14/2010. Uai, questionei, será que Roça Grande se emancipou de
São João?
Voltando para
minha casa, corri para a Internet e constatei que a tal lei é o nosso Código de
Posturas Municipais, que teve o seu Artigo 51 alterado em 2012, para incluir,
ESPECIFICAMENTE, entre os ruídos que causam desconforto acústico e são,
portanto, EXPRESSAMENTE PROIBIDOS: “aqueles provenientes de carros de som que
estejam circulando, parados ou estacionados na via pública, entre 22 horas e 7
horas”. As multas variam de 50 a 1.000 reais.
Ufa, que
bom, temos leis! Quando voltar a São João, poderei dormir tranquilo. Por via
das dúvidas, acho que irei pernoitar em Roça Grande.
Crônica:
Jorge Marin
Muito oportuna esta postagem Jorge, aja visto que até silicone passei nas gretas das minhas janelas pra segurar a tremedera dos vidros, quando não ficamos quase surdos com alguns carros propaganda que vem de cidades visinhas numa total falta de respeito. Parabens.
ResponderExcluirAcho um absurdo tais situações. Aqui, também,temos o mesmo problema. Há pessoas que têm o descaramento de estacionar o carro na frente de um barzinho ou restaurante e colocar o som no mais alto volume, como se o mundo todo quisesse ouvir aquelas músicas. E os carros de propaganda ? Acho um absurdo. Há lei? Há. Cumpre-se-se?
ResponderExcluirFácil resolver e não precisa de dinheiro
ResponderExcluirMagnífica postagem.Minha casa até treme quando certas motos sobem por ela, se é alta noite acordamos como se o quarto estivesse caído tal o estrondo! Carros de som na maior altura então nem se fala e como disse um amigo anônimo, não é só de cidades vizinhas
ResponderExcluirque temos de aturar, são carros de som de nossa cidade também com propagandas e músicas em alto som. TERIA IMENSA ALEGRIA SE ESTES CARROS BERRASSEM:" OLHEM A DENGUE AÌ, ELA MATA. NAO JOGUEM LIXO NAS RUAS. CADA UM VARRA SEU PASSEIO E APANHE O LIXO DA FRENTE DE SUA CASA. LIXO NO LIXO. Mas acho que isto é utopia. Porque será que os DIRIGENTES não colocam carros de som, de rua em rua com estas ORDENS? Será que vão perder votos na próxima eleição, por acharem uma ordem antipática ?
Anônimo , muito boa a sua colocação. Eu adoraria também ouvir tais anúncios. Estes carros dariam lição de cidadania que é o que estamos precisando.
ResponderExcluirObrigado pelos comentários. Acho que a luta contra a incivilidade é também a luta contra o egoísmo das pessoas, contra a inércia dos poderes públicos e contra a nossa própria preguiça. Se quisermos, verdadeiramente, ser respeitados, é preciso que cada cidadão, com seus vizinhos e sua comunidade façam um barulho mais alto do que o dos carros e das motos e digam: não, não queremos isso aqui! Às vezes funciona.
ExcluirA quem recorrer se não há limites e punições. Resta-nos apenas ficar acordados pela madrugado observando a cada fim de semana o amento da potencia dos aparelhos e dos alto-falantes. Temos crianças, idosos, enfermos, trabalhadores e gostaríamos apenas de uma boa noite de descanso.
ResponderExcluirRealmente os excessos é que incomodam principalmente, se for à noite. A pressão sonora chega a ser tão forte que chega a tremer os vidros das janelas e acionar os alarmes de carros estacionados. “Enfim uma bela diversão para quem os faz”
ResponderExcluirNADA CONTRA, MAS ACHO APENAS QUE CADA UM DEVERIA CURTIR RESTRITO AO SEU AMBIENTE. ENQUANTO ISSO FICA AS PERGUNTAS QUE NÃO QUER CALAR: “SE O QUE VEM ACONTECENDO NO PERIMETRO URBANO NAS MADRUGADAS, NÃO FOR PERTUBAÇAÕ DA LEI E DA ORDEM, O QUE MAIS SERIA? POR QUE ESTA FAIXA SOBRE AS LEIS MUNICIPAIS NÃO É ASSUMIDA FICANDO DE MANEIRA BEM VISIVEL ESTAMPADA EM ALGUN PONTOS DA CIDADE?
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