Deitado na rede, pegando algumas uvas,
diretamente da parreira, tomando uma limonada feita com água de mina e comendo
carambola, pitanga e umas amoras, eu nem queria ser feliz. Na verdade, eu não precisava ser feliz, pois
ali, na varanda da Fazenda Santa Fé, fazíamos aquilo que milhões de pessoas se
matam, às vezes literalmente, para conseguir: viver a vida.
Parece besteira, mas, olhando para trás, para
a paisagem daqueles dias agitados e, ao mesmo tempo, tão tranquilos, tenho a
sensação de que a metáfora do Éden se inscreve em nós em um determinado momento
de nossas vidas. Todas aquelas homilias
em torno de um paraíso e de como, ao buscar uma coisa “fora”, acabamos perdendo
aquilo tudo, talvez seja a mais pura verdade.
A Santa Fé talvez tenha sido o meu PARAÍSO PERDIDO...
Meu inesquecível pai trabalhou por alguns
anos na fazenda e sua dedicação e amor ao lugar era algo impressionante e muito
especial. Lidava com tanto carinho que parecia estar no terreiro de sua própria
casa! Ainda hoje, próximo ao açude,
existe uma passagem chamada Avenida Antônio Missiaggia, homenagem esta prestada
pelo saudoso Tio Gaby em razão de uma amizade sincera e duradoura.
Enfim, a infância se foi, mas nossas idas naquele
santuário ecológico não terminariam. Também num certo período da adolescência,
vieram a acontecer empolgantes e divertidas aventuras. Juntamente com um grande
amigo, pude passar momentos descontraídos e felizes, que dariam com certeza, um
hilariante curta metragem. Diria até que dariam um mini-série que, por sinal, estão
catalogadas aqui mesmo no blog, numa postagem chamada DE SETE A SÓTENTA e
relatam aquelas passagens divertidas e inesquecíveis.
Numa das ultimas
vezes em que estive lá foi realmente emocionante... Uma bela festa que
atravessou o dia, foi organizada pela família em comemoração aos noventa anos
da Vovó Pina. Uma imensa mesa foi colocada na entrada principal da fazenda, onde,
sob a sombra de frondosas árvores, foi servido um delicioso almoço. Mais de cem
pessoas, entre filhos, netos e bisnetos encheram o local de alegria. Além de muita musica, reencontro de familiares
e inúmeros comes e bebes, havia muita energia e descontração.
E assim saímos de la à noitinha... FELIZES DA
VIDA.
Crônica: Serjão Missiaggia
Foto: acervo Serjão Missiaggia
Momentos felizes passamos na Fazenda Santa Fé.Serjão relatou o retrato real vividos naquele recanto maravilhoso! Foram muitos...O jardim ...o pomar...a casinha onde nós meninas brincávamos...ali tudo era mágico para as crianças!
ResponderExcluirParabéns Ségio pela descrição do tempo vivido e que deixou tantas lembranças.Edna Maria Missiaggia Picorone
Edna, hoje, depois de ter vivido tudo aquilo, fico pensando por quê tamanho investimento em trabalho, preocupação, sacrifício para, no fim, o grande objetivo ser, exatamente, poder passar por uns momentos como aqueles que vivíamos de graça. É por isso que aquela história do Ataulfo Alves de "eu era feliz e não sabia" acaba sendo uma tremenda reflexão filosófica.
ExcluirVocê me fez viajar no tempo,em doces lembranças ,de brincadeiras sem fim.Momentos especiais com primas ,tios ,vovó e o inesquecivel Vovô Gaby.Bielle.
ResponderExcluirUm outro Gabriel, o Garcia Márquez, explica: “Esta foi a viagem que eu mesmo transformei em legendária por causa de meu defeito incorrigível de não medir a tempo meus adjetivos.” Mas, naquele paraíso, não dava para evitar.
ExcluirFoi isso e muito mais...
ResponderExcluirSaudade de tudo e de todos.
Como disse Bielle, "doces lembranças, momentos especiais" e eternizados em nossos corações.
Mika