quarta-feira, 31 de julho de 2013

MORRENDO... DE RIR


Crianças brincam num velório
A natureza segue e em algum canto
Falam de céu e inferno
No meu celular jogo paciência
Não há mais metafísica
Do que esses risos infantis

Se eu fosse sofrer o que queriam que eu devesse
Se eu fosse me anular a um grau de santidade
Não haveria beleza nem doçura
Nem essa algaravia de infantes
Derrubando o paraíso no chão.

Como deuses excludentes
Impossíveis de coexistir no universo real
A morte chega
E o defunto sai
Não se misturam, não se combinam
E, no entanto, sofremos
Porque os cremos complementares.

Mas, não
A vida não pode ser, e não é,
Esse pousar eterno de corvos nos ombros
A vida é mais do que um mergulho cego
No poço da desilusão.

Vida, meu irmão,
É ir sendo

Doce de leite ebuliente em tacho queimoso
Da paixão
Até que fogo apague.

Poesia: Jorge Marin
Foto: Kit Tynn/Amanda Keeys Photography, disponível em http://www.deviantart.com/art/Flower-Collector-11990154

segunda-feira, 29 de julho de 2013

CASOS CASAS & detalhes




Essa é a Rua Cônego Reis, presente-surpresa do Serjão.  É a minha rua!  Ninguém sabe onde é a Cônego Reis.  Quando me perguntavam onde eu morava, eu sempre dizia: aquela rua ali depois da Rodoviária antes da subida pra Santa Rita.

A Cônego Reis era o mundo pra nós.  Mesmo assombrado pelo fantASMA da doença respiratória, que me proibia de correr, ir na terra, na água e no vento, ainda assim eu saía pela rua com um cartaz em punho: eu, Magela, Toinzin, Zé Lúcio anunciávamos o CIRCO!  No porão da casa da dona Maria Helena, os artistas se exibiam (de verdade!): trapézios feitos de velhas gangorras, corda bamba e até um domador enfrentando uma fera, quando achávamos alguém disposto a fazer o papel do leão.

Dona Doze, minha madrinha, me levava para garantir que eu não faria nenhum “excesso”: a mim, candidato a asmático, só restava a tarefa de apresentar o circo (habilidade que, mais tarde, levei para os shows do Pitomba) e cantar BEIJO GELADO.  Além de mim, também Adilson Ramos, Silvinho, Chrystian & Ralf e José Augusto cantaram essa música.

Cinquenta anos depois, ainda guardo vívidas em mim as impressões da Rua Cônego Reis: o sabor das eugênias do casarão do sô Zé Lobúglio, das canas roubadas dos caminhões que subiam a estrada para Roça Grande, as mangas e goiabas do quintal do meu padrinho Manoel Florindo e, aos domingos, o peso da caixa com o livro de atas da Conferência de Santa Rita de Cássia lá na sede imponente da Sociedade de São Vicente de Paula.  Louvado seja Nosso Senhor Jesus Cristo!

Fotos: Serjão Missiaggia

Texto: Jorge Marin

CASOS CASAS & mistério ???


ATENÇÃO, PESSOAS DETALHISTAS!  QUE LUGAR É ESSE?

ACERTADORES DA SEMANA PASSADA: Finéias Rodrigues e Marquinho Vinícius Amorim acertaram (globo do Ginásio do Sôbi, porém "discostas", ou seja, foto tirada lá daquele quintal onde matávamos aula).

sexta-feira, 26 de julho de 2013

UM PERFEITO (VÔ) CAVALHEIRO - II


Hoje, vamos descrever um fato da vida do Vô Cavalheiro, o primeiro de uma trilogia.  São pouquíssimos em face dos momentos que ele viveu, mas suficientes para deduzirmos um pouco daquela personalidade fascinante...

Nosso bisavô era dono de uma valiosíssima fazenda, ali pelos lados de Descoberto, que administrava com a ajuda dos filhos (eram muitos, uns dez ou onze).  Por motivos não sabidos, vendeu-a (de boca) por uma bagatela.  Quando deu a notícia aos filhos, foi um verdadeiro pandemônio. Queriam forçá-lo a desfazer o trato.

Nesse dia, nosso avô encontrava-se fora, fazendo um carreto para uma distante fazenda para a qual trabalhava. Quando retornou, encontrou a família em polvorosa e, para complicar, o pretenso comprador com a grana nas mãos.
O bisa queria ouvir a opinião de nosso avô, não apenas por ser o filho mais velho, como pelo fato de respeitar sempre suas opiniões.

Ciente do que se passava, sob um silêncio sepulcral de todos, fez apenas uma pergunta ao nosso bisa:
- “Pai, o senhor já empenhou a sua palavra?".  Como a resposta foi positiva, deu também muito contrariado, a seguinte opinião:
- “O senhor fez um lastimável negócio, mas sua palavra e sua honra valem mais que qualquer dinheiro. Agora é tarde e só resta ao senhor assinar a documentação de venda".

Naturalmente, isso trouxe algumas desavenças e inimizades na família, mas, para ele, a palavra dada e a HONRA valiam mais que tudo.

Interessante é que, muitos anos depois, Kico passou uma noite numa fazenda perto de Barbacena, fazendo seu trabalho de técnico agrícola. Conversando com o dono, já bem vetusto, este descobriu que Kico era neto de Cavalheiro Verardo.  Ficou emocionado e confirmou a história (por incrível coincidência era ele o tal comprador!), afirmando que jamais vira alguém tão correto e honrado, que preferiu um mau negócio a ver o pai e a família desonrados.

Na semana que vem, uma verdadeira AVENTURA nos aguarda!

Pesquisa: Serjão, com a colaboração de Antônio Dárcio e Kiko Missiaggia

quarta-feira, 24 de julho de 2013

O PAPA É TOP!


O Papa vai fazendo sua jornada pelo Brasil e - novos tempos! - parece que o que importa mesmo são os valores monetários: visita papal custa R$ 118 milhões,  o carro do papa não é de luxo e uns outros tantos informes econômicos.  Engraçado é que, quando os outros papas aqui vieram, tiveram que contratar um expert em Vaticano, mas, desta vez, o comentário deve ser feito pela Míriam Leitão.  Se as visitas anteriores brilhavam no Lar Católico, hoje o Papa Francisco é primeira página do Valor Econômico.

Isso pode parecer uma brincadeira, mas não é.  É um triste sinal dos tempos que, graças aos cânones do liberalismo, vem transformando cidadãos (e vejo também que fiéis) em consumidores.  Sem moralismo, mas confesso que com uma certa preocupação, vejo que não há outra LEI exceto a lei de mercado.  Parece que não sobrou espaço nem para a Lei de Deus, e muito menos para aquela Lei Paterna, que existia e dava conta da ordem simbólica do convívio social.

Sem uma lei que referencie as condutas, vamos combinar que é muito difícil fugir do egoísmo desenfreado, que leva as pessoas a cometer todo o tipo de atrocidades para proteger aquilo que é SEU, seja o SEU dinheiro, o SEU emprego, o SEU emprego.  E vejam que o pronome aqui não é no sentido de pronome pessoal, mas sim pronome possessivo.

Assim, em nome da proteção do seu patrimônio, e totalmente desvinculadas do tecido social (que se danem os outros!), as pessoas matam o cônjuge que não mais quer ficar ao seu lado, traem os colegas em busca da SUA promoção e jogam um filho ou outro pela janela porque essas pestinhas costumam atrapalhar suas noitadas.

É inegável que a conquista das liberdades individuais e a afirmação da igualdade de todos os seres humanos é uma conquista indiscutível da sociedade humana.  No entanto, algumas restrições têm que ser lembradas e, urgentemente, aplicadas.  Uma é que, quando se fala em igualdade, isso não quer dizer que todos somos iguais.  Pelo contrário, é porque somos todos diferentes que as diferenças têm que ser respeitadas.

A outra restrição é quanto à liberdade individual.  Há um limitador para esta, que é a Lei, mas não a LEI NATURAL.  Esta última é a lei da selva, a lei do mais forte.  Não confundi-la com o contrato social que regula os direitos e, pasmem, os DEVERES. 

Não confundam “comitiva do Francisco e aquela gente toda” com “eu digo que eu existo e o resto que se... exploda!”

Crônica: Jorge Marin

segunda-feira, 22 de julho de 2013

CASOS CASAS & detalhes




Essa é a Rua Governador Valadares...  É uma rua curtinha e, muitas vezes, esquecemos de mencioná-la quando nos lembramos das ruas de São João.  No entanto, sua importância estratégica é marcante.

Num tempo em que tínhamos dois cinemas, era intenso o zunzunzum (não se assustem!  A palavra é daquele tempo) do Cine Brasil para o Cine Rádio e vice-versa.  Íamos no Cine Brasil: lá estava passando Ben-Hur, com Charlton Heston e Stephen Boyd.  Nossa!!!  Mas são TRÊS horas de projeção.  Aí corríamos para o Cine Rádio e lá estava passando La Violetera com Sarita Montiel.  Era uma competição e tanto.

Algum tempo se passou e já contamos aqui no BLOG sobre os ensaios do Pitomba no Operário.  E qual era o trajeto?  Rua Governador Valadares!
Matando aula no Ginásio para ir na Pracinha do Botafogo?  Rua Governador Valadares!  Sem contar que aquele escurinho já foi bem providencial para muitas emoções.

Rua Governador Valadares, uma rua, muitos sonhos...

Fotos: Serjão Missiaggia
Texto: Jorge Marin

CASOS CASAS & mistério


PESSOAL, QUE LUGAR É ESSE? - Acho que muita gente vai acertar.

ACERTADOR DA SEMANA - O pessoal do Garbosa na Rede acertou a paisagem: casas do Bairro Jujuba e, ao fundo, a montanha dos Núcleos.

sexta-feira, 19 de julho de 2013

UM PERFEITO (VÔ) CAVALHEIRO - I


Nestes mais de 160 anos vividos (nós três), convivemos com toda espécie de pessoas, algumas admiráveis, outras crápulas da pior espécie. Podemos garantir, sem querer puxar a sardinha para nosso lado, que pouquíssimas pessoas conhecemos possuindo a honestidade, a simplicidade, a generosidade, a criatividade, a inteligência e a sabedoria de nosso avô materno. Nosso pai foi uma dessas pouquíssimas pessoas, mas aqui estamos tratando apenas de nosso avô.

Pra começar, vamos falar de sua generosidade e capacidade empreendedora.
Quando arrendaram a Fazenda São Francisco, poderiam apenas buscar lucro, pois além de não serem proprietários sabiam que o arrendamento não seria longo. Encontraram a fazenda num estado lastimável: as casas dos colonos caindo aos pedaços, todas de sapé e barro batido, repletas de barbeiros, pulgas e até mesmo cobras. Logo que puderam, construíram uma olaria e começaram a reformar todas as casas com tijolos e telhas. Estradas e pontes não passavam de trilhas e pinguelas. Nas enchentes, a fazenda ficava totalmente isolada por semanas. Imediatamente, nosso avô começou a construir estradas, pontes e aterros.

Aquele amontoado de pobres casebres começou a se transformar numa pequena vila. Até um campo de futebol nosso pai criou, formando um time que disputava jogos com outras fazendas. Camisas foram compradas, chuteiras e meias. Os domingos tornaram-se uma festa. Falando em festa, vez por outra organizavam uma, principalmente em junho, julho e finais de ano. Nas festas, nosso curral, que era enorme, ficava apinhado de colonos, muitos vindos de outras fazendas.

Quando lá chegaram, existiam apenas três engenhos de cana, movidos a cavalo.  Em pouco tempo foi construído um grande engenho, movido a motor a óleo.  Muitos fazendeiros vizinhos traziam sua cana para transformá-la em açúcar.  Até hoje trazemos, na ponta da língua, o gosto da garapa e da puxa, além daquele cheirinho gostoso de açúcar.
Chegaram a comprar um caminhão pequeno e um automóvel, a famosa fubica.
Tudo isto e muito mais em pouquíssimo tempo.

Nosso avô era de uma criatividade e inteligência fenomenal. Ótimo marceneiro, ótimo ferreiro, ótimo artesão de couro. Conhecia profundamente os mistérios da agricultura, passando ensinamentos preciosos para os colonos. Recuperou muitos animais na base do álcool e do canivete, como se fosse experiente veterinário.

Era tão inteligente e criativo que, sem nunca ter visto um motor de carro, conseguia, na base da curiosidade, intuição e inteligência, consertar muitos defeitos que nossos velhos “fords 28" sempre apresentavam.

Temos de reconhecer que era, às vezes, muito quixotesco, lutando contra moinhos de vento.  Mas sua fidalguia era, com certeza, real.
(CONTINUA)

Pesquisa: Serjão, com a colaboração de Antônio Dárcio e Kiko Missiaggia

Foto: acervo da Família Missiaggia

quarta-feira, 17 de julho de 2013

OS PERVERSOS SEMPRE VÃO PARA O CÉU


Quarta à noite era o dia de ouvir histórias.  Minha mãe pegava algum livro grande e, sentados na enorme cama de casal, líamos enquanto esperávamos que meu pai voltasse da fábrica.

A verdade é que, aos cinco anos de idade, todo livro é enorme.  E como eram fantásticas aquelas ilustrações!  Trinta e cinco janelas para o mundo, O livro da juventude e, o meu preferido, a Bíblia Ilustrada.  Este último, além de me encantar causava, às vezes, um grande medo.

Minha mãe sabia do que eu tinha medo, e lia, e relia só as histórias da Bíblia das quais eu gostava: uma delas, a de Absalão, filho do Rei David, me deixava eletrizado e minha mãe tinha que contá-la várias vezes.

Às vezes, eu adquiria uma certa coragem e pedia pra mãe que me mostrasse aquela página do medão: era o Inferno!  Num braseiro, literalmente infernal, montes de pessoas sem roupa eram espetadas e torturadas pelos demônios, enquanto um demoniozão grandão, meio homem meio cobra, passeava feliz pela paisagem assustadora.

É pra lá que vão as pessoas más – dizia minha mãe.  E eu só queria saber de rezar e ficar bem quietinho e obediente, pois ela também dizia que quem fosse pra LÁ (a gente nem falava a palavra “inferno”), ia ficar para sempre.  E para sempre parecia ser muito tempo!

Hoje, minha mãe já foi para o Céu e eu nem sei onde foi parar aquele livrão da Bíblia Ilustrada.  Ainda que eu o encontrasse, provavelmente não seria tão grande como nos anos 60.  Absalão é personagem de minissérie e o Inferno...  Bem, esse local ainda mexe muito com minha imaginação.

Fico pensando: hoje as pessoas são tão perversas, mas tão perversas, que talvez ir para aquele local (que hoje seria como um baile funk turbinado) até que seria uma aventura muito excitante pra eles.

Será que a população de perversos aumentou?  Ou será que o medo do Demônio os fazia ficar mais contidos?  Maquiavel sempre dizia que preferia ir para o Inferno; e explicava: “lá gozarei da companhia de papas, reis e príncipes.  No céu, só terei por companhia mendigos, monges, eremitas e apóstolos”.  Eu ainda não vejo o tal lugar com bons olhos.  Cruz credo!

Crônica: Jorge Marin

segunda-feira, 15 de julho de 2013

CASOS CASAS & detalhes





Eram momentos de absoluta delícia aqueles vividos aos quinze anos, ou um pouco mais ou um pouco menos.  Sabíamos de tudo e queríamos conquistar tudo: a aventura se passava como se não tivesse fim.  Os amores seriam eternos e as dores efêmeras, quem fazia o bem seria feliz e quem mentisse jamais triunfaria.

Tão certos estávamos da beleza dos nossos atos que corríamos, voávamos e, cansados, deitávamos no chão nas tardes de chuva e tocávamos um violão faltando uma corda, tomávamos café e tacávamos pitombas nas meninas que desciam da última aula.

Vivíamos como se a morte não existisse, curtíamos a fundo a felicidade, pensávamos que não havia outra cidade além desta aqui, e éramos eternos, mais que eternos...  na subidinha do morro do ginásio do Sôbi!

Fotos: Serjão Missiaggia

Texto: Jorge Marin

CASOS CASAS & mistério


AÍ, PESSOAL!!!  QUE LUGAR É ESSE?

ACERTADOR DA SEMANA PASSADA: Nilson Batista (de novo!) reconheceu o prédio, em frente à Policlínica, onde funcionava a máquina de fubá do sr. Acélio Barbosa.

sexta-feira, 12 de julho de 2013

E O VENTO VAI LEVANDO - parte II (final)


Bom, já que chegamos até aqui, vamos continuar aquele assunto mortal da semana passada.  Duvido que alguém não tenha ido a algum velório e, na hora do sepultamento, não tenha ficado, pelo menos com o “rabo do olho”,  naquele monte de nomes estampados nas lápides.  Rapaz... Tem mais gente conhecida lá do que cá!  Pior é que aqueles nomes, que antes nos pareciam estranhos, começam a ficar cada vez mais íntimos.

Isso quando, na hora do sepultamento, não aparece um engraçadinho pra ficar sussurrando no ouvido daqueles que vão caminhando ao seu lado: “É PESSOAL, E A FILA SÓ VAI ANDANDO!”  Aí um olha pro outro o outro, olha pro um e, numa ligeira introspecção, a maioria vai mesmo é simulando uma falsa indiferença.  Nessa hora é fácil fingir não estar escutando, difícil mesmo é não deixar de dar aquela espiadela básica em alguns nomes daquela turma que está ali descansando.

Num outro logradouro público (mais feio que este nome só mesmo NOSOCÔMIO), deparei-me com uma placa indicando que ali outro homenageado teria sido um velho conhecido meu. Pouco mais a frente foi à vez de um vizinho, outro freguês, alguns políticos e dessa forma vai.

Aí, enquanto vou seguindo por essas minhas andanças fotográficas, fico imaginando como poderia ser o mundo mais fraterno e melhor, se as pessoas tivessem a real consciência de quão rápida é essa nossa passagem aqui nesta terra de Deus. TUDO É VAIDADE E VENTO QUE PASSA (Eclesiastes)

Não haverá privilegiados nesta fila da vida e o negócio é irmos, enquanto caminhando, nos divertindo a cada dia e, se possível, carregando a leveza de uma consciência tranquila diante de uma missão que está sendo dignamente cumprida.

                                          PRA PENSAR...

O tempo é incrivelmente rápido e o simples ato de pensar já faz parte do passado.
Habitamos um presente que não é mais presente... Apenas lembrança.
Com saudade, recordo agora, quando há pouco, bem pouco,
Num passado não muito distante, pensei... PRA PENSAR...

Crônica: Serjão Missiaggia, junho/2013.
Foto: Enyalia, disponível em http://browse.deviantart.com/art/Gates-of-Hades-55424967

Adendo:
Conheci duas pessoas que, enquanto em vida, além de serem vizinhas, se odiavam e andavam se bicando o tempo todo.  Como alternativa para amenizar a situação e se tentar uma paz momentânea, o único recurso usado pelos familiares era sempre manter uma BOA DISTÂNCIA entre elas.

Bem... Até aí nada demais, se não fosse pelo irônico fato que pude observar, acidentalmente, ao comparecer ao sepultamento de uma de minhas tias.  Acredite que quiser, mas, como algo combinado ou simplesmente ironia do destino, ali, naquele campo santo, permaneciam descansando os dois... juntinhos, PRÓXIMOS um do outro, ou seja, lado a lado e, mesmo naquele local, VIZINHOS PARA SEMPRE!


Enfim SÓSsegados!!!  

quarta-feira, 10 de julho de 2013

MINHAS FÉRIAS NA INTERNET


Enfim... as férias escolares chegaram!

E, com elas, as incontáveis possibilidades de correr, brincar, soltar papagaio, nadar no ribeirão e jogar futebol na rua até onze horas da noite.

Será???  Bom, isso tudo era no meu tempo de criança, pois, nos dias de hoje, criança em férias dentro de casa é um grave problema social.  Mães têm de ir ao trabalho e não sabem onde deixar os filhos, as avós anunciam que estão com grave doença (que, naturalmente, só vai sarar quando as aulas voltarem) e os financeiramente melhorados aproveitam para mandar os pimpolhos para os famosos “clubes de férias” onde atarantadas recreadoras entopem as crianças de hambúrgueres e refrigerantes.

Alheio a toda essa bagunça, meu filho, tranquilo, está no YouTube curtindo vídeos sobre videogames.  Ali ficará, pelo menos, pelas próximas dezesseis horas pois, naturalmente, hoje deve dormir.  Culpado por ele não ter aqueles “prazeres de infância” que eu tive, convido-o para irmos na pracinha, andar de bicicleta, jogar xadrez, brincar de adedonha, sei lá.  Mas ele permanece irredutível: pai, deixa eu curtir meus vídeos e DEPOIS em brinco COM você.

Pronto, o problema então sou EU.  Depois que ele acabar o programa “maneiro” dele, vai quebrar o meu galho e brincar dessas coisas que ele deve achar bem estúpidas.  Minha primeira reação é a de todo pai desesperado: sai dessa Internet, minino! Cê vai ficar meio pirado o dia inteiro em frente ao computador!  Vai fazer alguma coisa real!

No entanto, paro, e começo a pensar que, afinal de contas, talvez eu esteja errado.  No momento em que estou cobrando uma postura menos virtual de suas férias escolares, milhões e milhões de pessoas, vizinhos, parentes, desconhecidos em todos os continentes, estão full time, no Facebook.  Pessoas acordam, ligam o computador, fazem xixi e, com pasta na escova, já acessam o “marvado” do Face.

Tem um conhecido meu aqui do bairro que diz que, atualmente, as pessoas preferem ESCREVER do que FALAR apenas por um único motivo:
- É o medo do OLHO, Jorge!  No Face, você escreve o que quer e, no máximo, a pessoa faz um comentário que você ignora e apaga.  Mas, SE VOCÊ FALA, paradoxalmente no face to face, o outro te olha, te julga e te responde.  Isso pode ser muito dolorido para a maioria das pessoas.

De repente, na grade da cobertura, pousa um passarinho velho conhecido.  Chamo: vem aqui meu filho, que você vai ver um pássaro lindo, que tenho certeza de que você NUNCA viu!  Ele para, pelo menos por alguns minutos, sua viagem virtual, e vem admirar o pássaro inédito.

Olha, elogia, admira as penas, pergunta o nome do bicho e, antes que eu fale, o próprio penoso se apresenta: BEM TE VI!  Como não temos medo de olho, falamos juntos: bem te vi também!  E rimos...

Crônica: Jorge Marin
Foto: Thy-Noth, disponível em http://browse.deviantart.com/art/Vacation-52946541

segunda-feira, 8 de julho de 2013

CASOS CASAS & detalhes




Essa é a Rua Cavalheiro Verardo.  Como é o nosso avô, reunimos para lembrar alguns causos.  E aquilo que era pra ser só um texto para acompanhar as fotos, virou uma "conversa pra mais de metro".  Aí resolvemos juntar tudo, fazer uma "ata" e publicar aos poucos.  É uma história fascinante!

Para os leitores de CASOS CASAS, queremos dizer que essa casa amarela foi ele mesmo - o vô Cavalheiro - que desenhou e construiu com as próprias mãos, e que a referida Rua somente EXISTE por ele ter cedido uma faixa de seu terreiro.  Dizem que era realmente uma sumidade.

O que podemos garantir, sem querer puxar a sardinha para o nosso lado, é que, mesmo naqueles tempos, pouquíssimas pessoas possuíam a honestidade, a simplicidade, a generosidade, a criatividade, a inteligência e a sabedoria de nosso avô materno.

O passeio, hoje, termina aqui, mas não deixem de ler, em breve, os relatos da vida desse desbravador, um dos grandes empreendedores de nossa cidade.

Fotos: Serjão Missiaggia
Texto: Missiaggias, os netos.  

CASOS CASAS & mistério


MAIS UM DESAFIO DE SEGUNDA-FEIRA: aí, pessoal!  Que lugar é esse?

ACERTADORES DA SEMANA PASSADA: Heloísio Rodrigues, Maria Augusta Mendonça, Edna Missiaggia Picorone e, como não podia deixar de ser, Nilson Batista acertaram o desafio anterior: a antiga torrefação de café do ex-prefeito Marcelino Barbosa, onde funcionou, mais tarde, a fábrica de tampinhas em que trabalhou nosso saudoso baterista Zé Neli.

sexta-feira, 5 de julho de 2013

E O VENTO VAI LEVANDO - Comentários

Serjão, dou a sugestão para vc substituir a placa da rua do devedor por essa abaixo:


com abraço de,
César Brandão 

E O VENTO VAI LEVANDO - parte I


Nesta desgastante tarefa de ficar andando por nossa terrinha fotografando para o blog, algo bastante curioso vem, ultimamente, chamando minha atenção. O fato é que comecei a descobrir, in loco, quão o tempo é veloz e que este profundo dito popular que diz “A FILA SÓ VAI ANDANDO” é bem mais sério que imaginava. Por sinal, é a única FILA na qual ninguém importa de esperar e que, quanto mais lenta estiver, melhor será.

E como é estranho ficarmos percorrendo ruas e vielas nos deparando a todo o momento com nomes de parentes, vizinhos, amigos ou, simplesmente, antigos conhecidos nossos, estampados nas diversas placas espalhadas pelo bairro!  Confesso que era bem mais leve e agradável quando, num passado não muito distante, além de não sermos pessoalmente conhecidos ou íntimos dos ilustres homenageados, no mínimo, cem anos nos separavam deles.

Pra terem uma ideia, existe um busto na pracinha em frente à minha casa que foi erguido em justa homenagem à memória de um ilustre médico são-joanense. Profissional competente e dedicado, que não só me viu nascer, como também, por muitas vezes, ainda criança, fui a ele me consultar.  Se antes havia uma enorme sensação de temporalidade me separando da totalidade dos homenageados de nossas praças e afins, hoje percebe-se nitidamente o começo das exceções.  

Com o devido respeito, cheguei certa vez a passar por uma rua cujo nome era o de um freguês meu que, mais ou menos há uns trinta anos, havia levado uma enceradeira (bons tempos dos tacos!) em caráter de urgência para que eu pudesse arrumar. Alegando, ou melhor, implorando, pedia pra que eu quebrasse seu galho, pois estaria chegando visita em sua casa.  E, com a mesma urgência em que consertei, ele sumiu e nunca mais apareceu pra me pagar. O famoso DEUS LHE PAGUE, literalmente!
(conclui na semana que vem)

Crônica: Serjão Missiaggia

quarta-feira, 3 de julho de 2013

CONVERSA FIADA


Ainda sobre as manifestações.  Um amigo se preocupa: começam a surgir vítimas inocentes.  Sei disso: meu compadre, tentando cumprir seu trabalho antes que uma avenida fosse interditada em Conselheiro Lafaiete, teve seu caminhão apedrejado.  Um menino foi baleado por engano em Santa Luzia.  Coisas desse tipo, tudo muito triste.

Verdade seja dita: antes das manifestações, vítimas inocentes também tombavam...  Nas filas de espera dos postos de saúde sem médico, nas esquinas da periferia dominada pelo tráfico, nos apartamentos solitários de aposentados com seus salários aviltados.

A diferença é que, no segundo caso, nada disso é noticiado.  É normal.

É normal viver assim com sobras, com esmolas, com caridade.  E, das migalhas de um sistema que, até o momento em que estou escrevendo esta crônica, arrecadou R$ 793.934.773.926,18 !

Assusta ver muitos aventureiros e loucos (muitos até contratados) quebrando e arrasando tudo.  Mas assusta muito mais uma presidenta dizendo que vai fazer um plebiscito.  Um plebiscito pra quê?  Será que não está muito claro que o povo JÁ disse NÃO?

NÃO à situação atual, aos desmandos, à corrupção, ao clientelismo político.  Enfim, à conversa fiada!!!

E assim, entre o medo de uma pedrada e o horror do SUS, vamos levando a vida.  É claro que não desejamos o caos e as manifestações fanáticas que, por exemplo, levaram Collor ao poder.  Mas também não queremos a conversa fiada, o blá-blá-blá, o atestado de idiotice cívica.

Um amigo pitombense defende a ideia de uma lei propondo a proibição da reeleição em TODOS os níveis no país.  Já seria um bom começo.  E que esse projeto seja votado no Congresso, com voto aberto e transmitido pela TV Globo.  Quem sabe?

Ah, aquele valor dos impostos já bateu a marca dos R$ 793,960 trilhões.

Crônica: Jorge Marin

segunda-feira, 1 de julho de 2013

CASOS CASAS & detalhes






Não há nada mais sanjoanense do que descer e subir a Rua do Sarmento.

Desde que o grande empresário Daniel Sarmento veio de Rio Novo e abriu a Casa Sarmento & Companhia, até os dias de hoje, não há como sair de casa e não dar, pelo menos, uma passadinha lá na Rua do Sarmento.

O pessoal, às vezes, tem mania de chamar as ruas de artérias.  Mas, no caso da Rua do Sarmento, ela não é artéria: é o próprio coração de São João Nepomuceno!

Quem não se lembra dos bancos da praça, do Bar Central, do Santinho, do Hudson, da Tipografia, da Casa Leite?

E quem aí, com mais de 40, não frequentou a Sinuca do Cida e não deu aquela esticada de olho pra ver as meninas que passavam ali em frente à Galeria do Mangueira?

A Rua do Sarmento foi, é e, se Deus quiser, sempre será assim: alegre, charmosa, romântica e agitada.  Quem vive aqui, sabe.

Fotos: Serjão Missiaggia
Texto: Jorge Marin

CASOS CASAS & mistério


QUE LUGAR É ESSE, GENTE?

ACERTADOR DA SEMANA PASSADA - Nilson Magno Batista (de novo!) reconheceu o adro da Igreja Matriz.

BRIGADU, GENTE!

BRIGADU, GENTE!
VOLTEM SEMPRE, ESTAMOS ESPERANDO... NO MURINHO DO ADIL