quarta-feira, 31 de outubro de 2012

DE VOLTA À TABACARIA


De pé, em frente a tabacaria, espero o futuro
Sei que a morte vem antes pois não há mais tabuleta
E nem versos, e nem sinal do Esteves
Ou dos que estiveram por aqui.
É noite e o neon acende em línguas alienígenas
E a razia de drogados pirados e putas se instala
Não há motivos para a paz
E o céu, que já estava vazio, se apaga de vez
Com um eclipse e uma elipse de sujeitos (anjos?)
Já ocultos.

Miro um nirvana que não há como solicitar
Preciso de um silêncio que não sei como descrever
E anseio a paz de campos tão álvaros
Que pessoa alguma caligrafaria.

No entanto, que voz usar para pedir o que se não tem para dar?
Por qual meio obter o que não há a não ser no ar?
Dos mundos que pensamos das luzes com que nos alucinamos
Qual estrada seguir para não chegar ao já aprendido?
Cansado, ferido no ego por um diagnóstico
Atropelado por um discurso pedante e metafísico
Tento me equilibrar em sinédoques
Enquanto metalepses midiáticas denunciam meus cabelos brancos.

Não sou santo,
Fluxos de paixões viajam pelo meu peito
Na mão, um jeito de protesto
E, nos lábios cerrados, um ódio presente.

Mas o sinal amarela
O neon apaga
Passa, pela madrugada, um pedreiro
Caieiro?
E o silêncio lentamente se acaba...

Poesia: Jorge Marin
Foto:     Arto Revonkorpi, disponível em http://browse.deviantart.com/?q=TOBACCO+SHOP&offset=24#/d3mf02

segunda-feira, 29 de outubro de 2012

CASOS CASAS & detalhes

No dia 14 de julho de 1895, a cidade de São João Nepomuceno daria um passo que deveria colocá-la na vanguarda do progresso.  Naquela data era inaugurada na cidade a COMPANHIA FIAÇÃO E TECIDOS SARMENTO.  Seu fundador, o empresário de Rio Novo Daniel Sarmento já era proprietário da imponente Casa Sarmento & Cia, situada na Rua Coronel José Dutra, que, devido à existência daquela casa comercial ficou para sempre conhecida como RUA DO SARMENTO.
Para se ter uma ideia da importância daquela indústria, basta dizer que em São João, até então, não havia energia elétrica que, a princípio passou a servir a fábrica e a casa do Sr. Daniel.
Apesar de tantas realizações, já que foi também vereador e prefeito (agente-executivo), o Sr. Sarmento faleceu com apenas 44 anos de idade.  Mas, mesmo após sua morte, a indústria continuou se expandindo, chegando a ter mais de mil empregados.  A fábrica era tão grande e tinha uma influência tão determinante que o governador de Minas Antônio Carlos Ribeiro de Andrada, em visita à indústria cunhou a célebre frase: "Ouvi dizer que São João era uma cidade com uma grande fábrica, mas hoje descubro que, na verdade, trata-se de uma fábrica com um grande cidade dentro de si."
Outra frase marcante, esta só para mim, foi quando a fábrica faliu.  Meu pai, que trabalhava na fiação, chegou em casa chorando e falou para a minha mãe, que trabalhava nas bobinas:
- É, a fábrica faliu!  E a minha mãe comentou, cabisbaixa:
- Acho que São João vai acabar.

Fotos: Serjão Missiaggia
Texto: Jorge Marin




sexta-feira, 26 de outubro de 2012

LUTO

Hoje o BLOG está de luto: faleceu em Juiz de Fora, aos 59 anos, o sogro do Jorge Marin, sr. Geraldo Ferreira.  Ex-vendedor de cerveja, ficou conhecido em São João Nepomuceno, no início dos anos 90 como o GERALDO DA SKOL.  Seu sepultamento ocorrerá no sábado, dia 26, no Cemitério Municipal de Juiz de Fora, às 14 horas.  Paz à alma do que se foi e consolo à família.

quarta-feira, 24 de outubro de 2012

SALVE (ME) JORGE!


Começou a nova novela das nove!  Esta notícia, para mim, é o mesmo que dizer que vai ter uma briga de galos no Bairro São Benedito, ou seja, eu não tenho o menor esboço de curiosidade.  No entanto, como vivemos em sociedade e, o que é pior, conectados, começam a aparecer notícias e polêmicas e chamadas de um assunto sobre o qual não tenho o menor interesse.
Eis a polêmica: o blog de um bispo está conclamando o seu rebanho a boicotar a novela global porque a trama faria apologia a uma entidade do candomblé ao louvar o São Jorge que, no sincretismo, corresponderia à figura de Ogum.
Para combater as forças do mal, o dedicado bispo manda que sua emissora de TV reprise uma novela sobre o Rei Davi.  E tem mais: ainda segundo o líder evangélico, ao incluir no elenco da tal novela uma moça assumidamente homossexual, a trama iria fazer também uma apologia àquela “abominação”.
Pensando nessas imbecilidades todas, sou abordado na rua por uma moça com uma propaganda eleitoral dos candidatos do segundo turno: ela também se diz evangélica e explica que tenho que votar naquela pessoa porque a outra, não sei como ela sabe, tem uma conduta sexual imprópria.
Meu Deus, eu, do fundo do coração, não me importo nem um pouco que as pessoas sejam idiotas, mas, por que todo mundo resolve me tratar como um idiota?
Será que eu não tenho discernimento, aos 55 anos, para escolher a minha própria religião, ou não escolher religião nenhuma?  Será que eu não posso assistir uma referência artística a uma entidade de uma religião séria sem me transformar, automaticamente, em um macumbeiro destinado ao fogo dos infernos?  E, finalmente, será que, antes de votar no meu candidato, ou candidata, a prefeito (ou prefeita), vou ter que olhar no buraco da fechadura, para ver como cada um deles faz “a coisa”?  Só espero que nenhum dos dois, ao ser eleito, resolvam fazê-la conosco.
Mas, sendo tudo isso tão ridículo e até risível, por que a preocupação?  Por que refletir sobre o assunto?
Vou dizer o porquê: é que, por trás desses recadinhos estúpidos, e dessa notinhas vinculadas no Facebook, sobressai a figura tenebrosa da INTOLERÂNCIA!  Hoje, mandam não assistir a uma novela e a turba aceita; depois, mandam não votar no sexualmente incorreto, e o rebanho não vota.  Finalmente, como aconteceu em Bangladesh no mês passado, mandam incendiar o templo de outro religião, e a galera vai lá... e arrasa.  Sabem como é, o pastor mandou.  Como se a pessoa não estivesse morrendo de vontade de dar uma bordoada no cara “do outro time”!  Ou queimar aquela imagem!  Ou rasgar uma meia dúzia de livros heréticos.
Me ajudem aí, pessoal.  Se você querem extravasar a sua agressividade, a sua raiva, o seu ódio e a sua frustração, vão em frente!  Quebrem e queimem tudo e aproveitem para distribuir uns sopapos e uns rabos de arraia!  Mas, por favor, não se escondam atrás de uma religião, de uma conduta sexual supostamente correta ou até mesmo de uma pretensa limpeza da corrupção.
As palavras estão aí para apontar um caminho, não para justificar covardias!  Para quem não tem inteligência própria, o silêncio ainda é o melhor caminho.

Crônica: Jorge Marin
Foto: Disponível em http://www.exercitouniversal.com.br/

segunda-feira, 22 de outubro de 2012

CASOS CASAS & detalhes (DOCUMENTO HISTÓRICO)


Estávamos preparando uma postagem sobre o CINE BRASIL, mas, às vezes, revirar o passado nos traz algumas surpresas, como esta casa:





Tentando descobrir do que se tratava esse brasão, acabamos nos deparando com um VERDADEIRO MONUMENTO do Sindicalismo Brasileiro.  Muito antes do Governo Vargas, em 1930, que é tido como o nascedouro do movimento sindical, JÁ existiam no Brasil as chamadas "sociedades de socorro mútuo", que eram associações formadas voluntariamente por operários com o objetivo de prestarem auxílio (inclusive financeiro) aos seus membros em caso de necessidade.  Ou seja, bem antes dos chamado anarco-sindicalismo, de orientação marxista, existiam essas associações de classe, principalmente de origem italiana e francesa, que promoviam essa prática mutualista.
Bem, mas qual foi o destino dessa nossa centenária associação?  Pois bem, em março de 1942, o Governo Vargas, alegando prejuízos políticos e econômicos causados pela guerra, especialmente com o bombardeio do navio "Taubaté" na costa brasileira e o não cumprimento do ressarcimento dos danos gerados por este acontecimento por parte da Alemanha, RESOLVEU CONFISCAR, não somente os bens de alemães, mas também de japoneses e ITALIANOS.  Assim, foram CONFISCADAS, no Estado de Minas Gerais, a Sociedade Operária Italiana de Belo Horizonte, a Sociedade Beneficente Italiana Stela de Italia de Poços de Caldas, a Casa d'Itália de Juiz de Fora, e, finalmente, a SOCIEDADE PRINCIPE DI NAPOLI DE SÃO JOÃO NEPOMUCENO, esta que está na foto.

Fotos: Serjão Missiaggia
Texto: Jorge Marin

sexta-feira, 19 de outubro de 2012

O GNORIMOPSAR CHOP II


NA SEMANA PASSADA, comecei a contar para vocês sobre o meu Gnorimopsar Chop.  Na época, pedi que não consultassem o Google para não estragar a surpresa.  Hoje, quem consultar o Google vai achar, sabem o quê?  Pois é... a nossa crônica da semana passada.  Mas, para aqueles que conseguirem aguentar a curiosidade, vou dar uma dica.   O meu amigo Gnorimopsar Chop é da família Icteridae.  Ficou mais fácil?

Mas, voltando ao meu terreiro, percebi logo que o meu novo amigo era cheio de manias.  Por exemplo, tinha ódio de vassouras.  Nunca descobri o motivo, mas só sei que insistia em BRIGAR COM ELAS.  E, se fosse piaçava então que a coisa “pegava fogo”.   Ficava tão irritado que parecia que iria desmaiar.
Morria de medo daquelas escadas de pedreiro e, quanto maiores fossem, pior seria seu medo.  Debatia a ponto de se machucar!
Até a presença de gato no terreiro ficávamos sabendo.  E se chegasse alguém que não fosse da família, ele ficava bastante agitado e anunciava de imediato.
E assim, à medida que o tempo ia passando, mais amigo e inteligente ele ficava.  Nosso apego a ele foi aumentando mais e mais e cada dia que passava, coisas novas ia aprendendo.  Um autodidata com certeza!
Se, por um lado, sempre foi um cagão nato (cagão de cocô), por outro, era superlimpo e adorava tomar banho.  E teria que ser em água límpida e com sua banheira bem limpinha.  O tanto de vezes que fazíamos a troca da água era o tanto de banhos que tomava.  Debatia-se como louco dentro d’água e ficava a molhar tudo ao seu redor.  Não estava nem aí para aqueles que estivessem em sua volta e, quem não quisesse se molhar, tinha simplesmente que sair de perto.
Adorava se agarrar em minha camisa para puxar a caixa de fósforos de meu bolso.  Após abri-la COM UMA HABILIDADE SEM IGUAL, sacava alguns palitos e comia a cabeça de pólvora.  Ainda bem que este bicho não era chegado a Puns!  Já imaginou gases expelidos cheirando a salitre, enxofre etc?
Outra coisa que gostava muito era de subir em nossas cabeças pra catar caspas.  O danadinho fazia uma assepsia em nossos cabelos de dar inveja a muitos produtos existentes no mercado.
Certa vez, ao recebermos algumas visitas o deixamos solto na mesa.  Ficaram maravilhados, pois, inspiradíssimo naquele dia, além de comer inúmeros palitos de fósforos, ainda ficava a tombar os copos pra beber o resto dos líquidos. E assim, brincando sobre a mesa, sempre escorregando no liso da madeira, ficava aos olhares cada vez mais admirados e incrédulos das pessoas.  Foi quando aproveitei para fazer uma de minhas apresentações de adestramento.
Após dirigir-me ao cômodo mais distante da casa e me esconder debaixo da cama, fiquei a chamá-lo: TIIIICO-TIIIICO.  E não é que em poucos segundos ele me achou?  Como se não bastasse, ainda foi caminhando lentamente para próximo de onde eu estava e, após se aproximar, abaixou a cabeça e, retorcendo o pescoço, solicitou afago.
Aliás, nesse terreno de “afagos”, o Gnorimopsar é um caso à parte.  Semana que vem eu conto...

quarta-feira, 17 de outubro de 2012

A BOCA DA EXISTENCIALISTA



Tenho amado tanto
Que não há mais função para o punhal
Sorvo com doçura os venenos e as poções
E compartilho com os espíritos errantes
A certeza da vertigem das horas

Tua pele é a substância existencial
De que são feitos os meus sonhos
A boca fonte dentada de sortilégios
É o umbral do paraíso e os olhos
Quando neles me perco
Me perco

Chego contigo à liberdade
E tudo é uma razia de neons adormecidos
No meio de palmeiras e promessas
De copos-de-leite
Tua roupa é um convite a solstícios
E um beijo molhado denuncia o tempo como virtual
E ele para!

Num cinema sem tela
 Estamos tão próximos
Que confundimos a posse dos gozos
Enquanto espelhos inúteis reforçam o silêncio
Sabemos de uma chuva por ouvir trovões
E a paz dos corpos suados só é quebrada
Pelo tictac de um relógio velho.

Poesia: Jorge Marin

segunda-feira, 15 de outubro de 2012

CASOS CASAS & detalhes

































De volta ao Largo da Matriz.  Vamos falar sobre a entrada para São João Nepomuceno.  Certamente, quando aqui chegaram, vindo das bandas de Capela Nova e Lamin, Antônio Dutra Nicácio, Domingos Henriques de Gusmão, Guarda-Mor Furtado e Ferreira Marques utilizaram muito esse largo para tentar adivinhar como ficaria a futura cidade.  Passar por esse local, é como voltar ao passado: um tempo de bravura e pioneirismo, mas, ao mesmo tempo, de inocência, respeito a Deus e convívio com a Natureza.
Por isso, quando falam nos dias atuais, em arrancar essas pedras, cortar essas árvores e passar uma betoneira asfaltando tudo, podem ter certeza: são pessoas totalmente insensíveis e pobres de espírito.  Os moradores do Largo da Matriz, e de toda a cidade, deveriam rejeitar essa ideia como um crime histórico.  Não falo aqui para protestar nem brigar, mas trazer pra cá os estudantes, os filhos, os netos.  Vamos construir sim uma nova entrada para São João, mas que seja uma entrada A PÉ, UM PASSEIO, repisando os passos de nossos fundadores, curtindo a sombra de cada árvore, sob a luz do sol e a inspiração divina de nossa Igreja Matriz.  Da mesma forma que o Rei Roberto Carlos: "não sou contra o progresso, mas apelo pro bom senso."

Fotos: Serjão Missiaggia
Texto: Jorge Marin

sexta-feira, 12 de outubro de 2012

O GNORIMOPSAR CHOP

Relendo dias atrás a excelente crônica de meu amigo parceiro Jorge Marin, intitulada Maritacaataca, me lembrei de um pequeno e grande amigo que tive na infância.    
Foi a mais pura verdade, e bem como sugere o titulo desta croniqueta, eu tive mesmo a felicidade de ter um Gnorimopsar Chop.  Por favor, não vejam no Google, senão perde a graça.
Já dizia o velho ditado: Quem não tem cão (e eu nunca tive um) caça com gato, por sinal, também, nunca tive um gato, sobrando então esta difícil missão para meu pobre Gnorimopsar Chop.
Seu nome era Tico.
Extremamente sistemático brincalhão e amigo. Superdesconfiado, bravo, medroso e muitas vezes antissocial. Interessante como os animais assimilam algumas macacuias de seus donos. Com meu Gnorimopsar Chop não poderia ser diferente.
Também, o coitadinho veio a ser meu VIRA-LATA EMPENADO por modestos vinte e um ANOS!  Segundo alguns estudiosos, isto é coisa rara, mas que daria tempo suficiente pra aprender alguns de nossos tiquezinhos nervosos.  Aí não teve mesmo escapatória pro meu pobre amigo...
Lembro-me como se fosse hoje de sua chegada.  Eu ainda menino, mais ou menos com meus dez a onze anos, vi meu mano chegar de viagem com uma caixa de sapatos toda vazada em pequenos furos. Mas confesso que fiquei bastante decepcionado. Sua aparência em nada me agradou. Aquela coisa pelada e branquela, recém-chegado da cidade de Pains, era algo muito distante do que imaginava ser. E ainda tive, nas primeiras semanas, três vezes ao dia, que tratá-lo dando alimentos pela boca. E como o danadinho gostava de fazer cocô.   
O tempo foi passando e meu já inseparável amigo começava a se transformar num belo e inteligente ser. Tornou-se um membro efetivo da família e já reconhecendo cada pessoa começava a manifestar suas preferências. E quando cismava com alguém? Aí era um caos!
Corria pelo chão tentando alcançar os pés daqueles que para ele seriam estranhas. Minha namorada que o diga, pois por um bom tempo sofreu muito com seus ataques. Alguns achavam que poderia ser ciúme, mas dito pelo não dito, o negocio era subir numa cadeira e torcer pra que ele desistisse da perseguição.  Para acalmá-la eu dizia que nenhum Gnorimopsar Chop gosta de Gata (e era a mais pura verdade!).
Em compensação para aqueles aos quais era mais acostumado fazia um show à parte. Na verdade, apegou-se mesmo, plenamente, somente a mim e ao meu pai.
Ficava no terreiro como verdadeiro cão de guarda e, mesmo estando distante, sabíamos tudo que se passava no local.  Desenvolveu uma linguagem própria pra cada movimento ou passagem de pessoas, sendo que, conseguíamos perfeitamente identificar vários objetos que acaso estavam sendo carregados por alguém.
(continua)

Crônica: Serjão Missiaggia

quarta-feira, 10 de outubro de 2012

SE EU FOSSE PREFEITO


(Paródia para ser cantada com a música "Por você" do Frejat):
Se prefeito
Eu esqueceria um pouco o progresso
Eu plantaria
Um monte de fulô
Implantaria na cidade
o bom humor

Eu aceitaria
A cidade como ela é
Esqueceria o asfalto
Do inferno
Construiria até uma fábrica
De bloquetes

Se prefeito
Eu deixaria de crescer
Se prefeito
Libertaria o Grupo Coronel
Explodiria o barracão
Lá do São José

Eu trocaria
Os carros por vida
Reabriria
A sinuca do Cida
E plantaria uma floresta
Dentro do Stidum

Se prefeito! Se prefeito!
Se prefeito! Se prefeito!

Se prefeito
Sei que faria esta cidade alegre
Reativaria aquela casa
Dos patos
Incentivaria as confecções
E os sapatos

Eu implantaria
O ensino como ele é
Aumentaria as mestras
Daqui
Reabriria até o Ginásio
Do Sôbi

Eu tombaria
O muro do Adil
Recriaria
O Cine Brasil
Construiria dia a dia
A velha São João

Se prefeito! Se prefeito!
Se prefeito! Se prefeito!

Paródia: Jorge Marin e Serjão Missiaggia

segunda-feira, 8 de outubro de 2012

CASOS CASAS & detalhes



















Num dia em que a cidade viveu um dia anormalmente agitado e angustiado, resolvemos trazer um pouco de paz e saudosismo, embora não seja este o traço que define o Blog.  Mas é impossível observar essas duas fotos E NÃO SE LEMBRAR DOS PATINHOS!  Quem já passou por aqui sem assobiar para os patinhos?
Aproveitamos também para relembrar a figura alegre, atenciosa e inesquecível do Dr. Írio Vieira Lima.  Ginecologista e obstetra que trouxe ao mundo milhares de sanjoanenses (inclusive este cronista!), o Dr. Írio foi o primeiro chefe do Posto de Saúde (estadual) de São João e dá nome ao Pronto Atendimento Médico e Odontológico local.  Médico dos antigos IAPB, IAPI, SANDU, IPSEMG e INAMPS, além do nosso querido Tiro de Guerra 04-151.
O médico, chamado de herói da medicina por nossa poetisa Déa Verardo Loures, foi homenageado quando da inauguração do PAM com os versos: "e hoje estamos recordando / De um herói homem valente / Dr. Irio Vieira Lima / Que pela vida seguira / Passo firme... Sempre em frente!... / Cumprindo fielmente / O juramento de Hipócrates / O Pai da Medicina."

Fotos: Serjão Missiaggia
Texto: Jorge Marin







sexta-feira, 5 de outubro de 2012

ANIVERSÁRIO DO POETA


Aí galera! Hoje é aniversario deste nosso grande poeta e escritor chamado Jorge Marin! Aquele cara das poesias, crônicas, cordéis, textos, alem de comandante e administrador desta incrível nave chamada Pitomba Blog. Vai rolar aquele festão e estamos todos convidados! Um forte abraço no amigo e desnecessário dizer do orgulho em tê-lo como parceiro.
Serjão e Família

DE SETE A SÓ-TENTA - FINAL


Semana passada, falávamos no chororô de véi, mas, justiça seja feita, até que estamos nos saindo muito bem.  Embora insistam em dizer que depois dos 50 é a melhor idade, isso é uma grande mentira: todo mundo sabe que a melhor idade é a juventude.  Mas nós, os coroas de hoje, com nossas camisetas de Led Zeppelin, bermuda e chinelão, podemos dizer que estamos vivendo o melhor momento das nossas vidas.  Embora transtornos aconteçam...

Ontem, por exemplo, fui à casa de um de meus amigos pra levar alguns CAQUIS.  O cara tava saindo do banho e tomou outro de perfume.  Não era o Vitess, mas ardeu meu nariz de tão agressivo. Na verdade, desenvolvi uma sensibilidade a cheiros de dar inveja a muito cachorro. Perfume forte então nem se fala!  Chego a ficar com dor de cabeça.  Na oportunidade convidou-me para saborear uma bela torta de atum tendo como sobremesa um delicioso PUDIM.  E como iria dizer a ele que ultimamente estaria mais devagar com comidas pesadas e de ter adquirido certa intolerância a lactose?  Depois seria aTUUUUNs e PUUUUNdins pra todo lado.  Confesso que não foi fácil!  Pra terminar, combinamos fazer uma boa caminhada, é claro, depois da digestão.
E assim dessa forma por aí vai. Não é muito raro escutarmos, nas rodinhas,  coisa tipo  Joanetes Inflamados, Bico de Papagaio incomodando, Espinhela caída, Labirintite ao levantar rápido da cama, discreta Artrose no joelho, Triglicérides e colesterol LDL um pouco alto, taxa de Glicose no limite, Ácido Úrico descontrolado, Libido pedindo socorro, Insônia moderada além do famoso estresse, estresse, estresse. Tudo isso pra não falar das receitas milagrosas e da moda tais como Gérmen de Trigo, Quinoa, Linhaça (e tem que ser dourada) levedo de Cerveja e muitas outras.
E não adianta darmos uma de durão, pois, assim como o tempo, esta máquina divina e tão perfeita em que habitamos, também envelhecerá. Detalhe: Não há privilegiados. Em alguns casos, a genética ajuda muito e umas boas recauchutadas também, mas o máximo que iremos conseguir será apenas adiar, um pouco  mais, o inevitável.  Ainda acho que o bom astral, o riso constante aliado a uma vida equilibrada, tanto no plano físico como espiritual, será sempre o melhor remédio.  E se o negocio é se livrar dos tais RADICAIS livres é bom sermos radicais e afastarmos da nossa vida, mágoa, inveja, falsas aparências e outras coisas que ficam a nos roubar preciosas energias. Tentar manter aceso um pouco daquele lado criança que sempre existiu em cada um de nós, tem efeito milagroso, pois  além de não custar absolutamente nada e ser isento de contra-indicação, não causa nenhum efeito colateral.

ENFIM, ESPERO QUE VOCE NÃO SEJA APENAS MAIS UM DAQUELES QUE PINTAVA O SETE, E QUE HOJE... SÓ TENTA.

Crônica: Serjão Missiaggia
Foto: BeyondTheHorizon, disponível em http://browse.deviantart.com/photography/?qh=&section=&q=elderly+enjoying#/d1fyl4u

quarta-feira, 3 de outubro de 2012

FILMES QUE (INFELIZMENTE) EU NÃO VI NO CINE BRASIL

MEIA-NOITE EM PARIS


Eu andava meio desligado do cinema.  O mundo anda tão depressa e são tantos bits, zaps, carros de som e toques de celular que a gente meio que mergulha na Matrix e se acha... perdido.
Quando assisti a este filme de Woody Allen, “Meia-noite em Paris”, percebi muitas coisas em comum com o estilo do BLOG e dos nossos seguidores: o protagonista Gil (vivido por Owen Wilson, sem histrionismos) adora arte, literatura, Paris na primavera e tem uma certeza, quase uma obsessão: a de que a vida nos anos 20 na capital francesa era o máximo de glamour e liberdade, da mesma forma que nós, pitombenses, reverenciamos ao anos 70.
Aliás, a abertura do filme é espetacular, com uma sucessão de cenas parisienses tão belas e iluminadas, que nos faz esquecer o passado do diretor de fotografia, o iraniano Darius Khondji, responsável por filmes sombrios como Seven e Aliens, a Ressurreição.
Gil e sua (oficialmente) amada Inez (Rachel McAdams) estão em Paris, com os pais da moça, para comprarem alguns objetos para o enxoval dela e o que se percebe é que, enquanto Gil é um sonhador e nostálgico, Inez é seca, prática e consumista como convém a uma mulher moderna.  O sonho dele é morar em Paris; o dela é morar num bairro chique de Nova Iorque, como seus pais.
Como tais valores são inconciliáveis, numa noite em que Inez vai dançar com um amigo chato e pedante (não no ponto de vista dela), Gil resolve dar um passeio noturno e acaba se perdendo na cidade.  Cansado de tentar fazer os franceses prestarem informações em inglês, senta-se nas escadarias de uma igreja e, ao soar das doze badaladas, é convidado pelos passageiros de um Peugeot antigo a participar de uma festa na noite parisiense.  Só que com um detalhe: a festa está acontecendo em 1920!
Desse ponto em diante, o filme é um desfile de personagens da arte mundial: Scott e Zelda Fitzgerald, Hemingway, Gertrude Stein (ótima performance de Kathy Bates), Picasso, Dali, Cole Porter (ao vivo) e Luis Buñuel que recebe, de Gil, uma dica sobre um possível filme (O Anjo Exterminador) e fica totalmente bolado em saber por quê aquelas pessoas não saem da sala.  Na verdade, eu também sempre desconfiei que ele não sabia.
As festas se sucedem e os personagens se entrelaçam com Hemingway dando conselhos para Gil que, por sua vez, se apaixona pela namorada de Pablo Picasso, Adriana, chegando a roubar um par de brincos de sua noiva para levar para o passado.
No final o que o nosso personagem percebe é que, na verdade, assim como a sua inquietação, também os personagens dos anos 20 têm um desejo secreto: viver na Belle Époque do século anterior.  Avançando nos mecanismos do tempo, descobre-se que os artista do final do século XIX iriam curtir mesmo era a Renascença.
Quando percebe que a volta no tempo, ou a insatisfação com o momento presente, irão se perpetuar, Gil retorna a Paris do presente e ainda tem tempo de levar um papo com algumas mulheres do século atual, inclusive a mulher do ex-presidente francês.
Para mim, Woody Allen faz uma direção irretocável, chique e emocionante.  Quem não gosta desse gênero de filme, não há nada a fazer.  Mas quem gosta, adora.

Crítica: Jorge Marin
Foto: frame do filme divulgado em http://meneguelliandre.blogspot.com.br/

segunda-feira, 1 de outubro de 2012

CASOS CASAS & detalhes



Hoje estamos atendendo a uma "encomenda" da Rosa Furiati e mostrando essa maravilha que é o São José.   Maravilha sem exagero nenhum, porque o Morro do São José não é só paisagem ou ponto turístico ou comunidade.  O São José, para quem chega a São João Nepomuceno, é uma metáfora.
Ao subir pela Rua do Sarmento, é como se, ao olhar para o alto, tivéssemos algo para reverenciar.  Um amigo meu costumava dizer: é o Santo, velando por nós!  Gosto da frase, pois velar é o mesmo que ficar de vigília, ou de alerta, assim como o Cristo Redentor no Rio.
Mas, eu acho que vai um pouco mais além: acho que o São José representa o Sagrado.  Isso em tempos onde a dimensão sagrada é tão desvalorizada.  Nada mais é sagrado hoje em dia: nem família, nem Estado, nem Igreja.
Não faço apologia de nenhuma religião, mas acho que o Pai não pode deixar de existir, e fazer parte das nossas vidas: seja ele o nosso próprio pai, ou um Pai que escolhemos cultuar ou, como no caso do São José, o pai terreno do Filho do Pai.

Fotos: Serjão Missiaggia
Texto: Jorge Marin

BRIGADU, GENTE!

BRIGADU, GENTE!
VOLTEM SEMPRE, ESTAMOS ESPERANDO... NO MURINHO DO ADIL