sexta-feira, 3 de fevereiro de 2017

SOBRE AS PESSOAS QUE FICAM À SOMBRA


A morte de Dona Marisa Letícia Lula da Silva traz à nossa mente algumas questões, principalmente ao vermos o abraço de Fernando Henrique a Lula.

Ambos são ex-presidentes da república, líderes políticos de renome internacional e, embora com seus 85 e 71 anos respectivamente, continuam na cena política.

Do outro lado, as suas esposas, ambas falecidas, uma ontem e a outra em 2008, que, embora tivessem sido, à época do mandato dos maridos, primeiras damas, pouco apareceram mais do que isso.

Uma socióloga e professora, a outra babá e operária de fábrica. No entanto, com um traço comum em ambas. Eram as mulheres DELES. Só isso.

Ao ver a notícia da morte clínica em quase todos os jornais (exceto o Globo, que nem comentou), me lembro daquela frase “por trás de um grande homem sempre há uma grande mulher”. Isso é uma grande mentira: na verdade AO LADO de um grande homem, há sempre uma grande mulher.

Da mesma forma, que, atualizando o ditado para os tempos atuais, poderíamos dizer que ao lado de uma grande pessoa (homem ou mulher), há sempre outra grande pessoa (homem ou mulher), não necessariamente de diferentes gêneros.

É muito difícil verificar na história mundial, a existência de um grande líder, ou rei, ou protagonista de qualquer natureza, sem a presença de uma pessoa que apoie, que lhe faça sombra, que “segure a barra” enquanto o outro brilha, ou que lhe receba quando derrotado, cansado ou morto.

Essas pessoas magníficas, generosas e extremamente competentes passam, muitas vezes, despercebidas. E, o que é mais assustador, isso não ocorre APENAS nas áreas de poder, nos palácios ou nos grandes palcos.

No dia a dia, na luta diária, nas casas, casebres, casarões, há sempre uma figura que fica à sombra, que funciona como um levantador (ou levantadora) no vôlei, que limpa a sujeira, que reserva uma porção maior de comida para os filhos, que acorda primeiro, que só dorme depois de recolhidas todas as roupas, lavada a louça e trancada a porta.

Mãe? Pai? Avô? Irmã mais velha? Não importa a parceria. Essas pessoas, arrimos, quebra-galhos, paus para toda obra são fenômenos inexplicáveis. Anjos genéricos que são notados apenas e tão somente quando seu voo incessante para.

Um desses anjos, a nossa querida dona Marisa, que agora se vai, quem sabe verá enfim a luz que viu tão pouco durante a sua luta diária?

Crônica: Jorge Marin
Foto     : Ricardo Stuckert 

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