quarta-feira, 7 de setembro de 2016

QUARENTA ANOS DO NOSSO CONTATO (QUASE) IMEDIATO COM UM OBJETO VOADOR NÃO IDENTIFICADO - FINAL


(continuação)
E para o campo de aviação seguimos novamente, decididos a bater de frente com os hominhos verdes. Era tudo ou NASA, digo nada! 

Tivemos que fazer três ou mais tentativas para subir com todo aquele peso o morro da antiga zona. A Vemaguet, gemendo a cada tentativa, deixava para trás um imenso rastro de fumaça e um insuportável cheiro de óleo queimado. Mesmo assim, no intuito de aliviar o peso, ninguém no meio daquela parafernália se aventurava a descer, receando, talvez, ser DEIXADO PARA TRÁS.

Após algumas tentativas, conseguimos enfim, e mais uma vez, chegar ao campo de aviação. Enquanto aquela coisa permanecia ainda no mesmo lugar, parecendo sempre a nos desafiar, após uma primeira observação com o auxilio de uma pequena luneta, começamos a traçar o plano de abordagem. Foi naquela hora que o mestre astrônomo, bastante surpreso e assustado com aquela visão, começara a encarar a coisa com mais seriedade. 

De imediato, pedindo a palavra, foi logo dando algumas recomendações táticas. Coisas do tipo “se acaso OVNI se mexer, procurar manter a calma e, se possível, ninguém correr”. A seguir, ordenou para que os mais jovens fossem caminhando fora do carro, ou melhor, andando silenciosamente atrás dele. Na Vemaguet, seguiriam somente ele e o motorista que, por sinal, para a infelicidade sua, era o mais desconfiado de todos. E lá fomos nós, caminhando lentamente, passo a passo, AO ENCONTRO DO DESCONHECIDO. 

Naquela escuridão, entre medos e arrepios, só ficávamos a escutar o clicar da máquina fotográfica que, a cada segundo, era disparada pelo amigo astrônomo. Enquanto uma suave brisa batia em nossos rostos, a cada metro que avançávamos, o medo aumentava, sempre mais e mais. Chegou ao ponto de nossa adrenalina estar tão alta, que qualquer movimento ou barulho em falso, por mais simples que fosse, seria o suficiente para detonar uma reação em cadeia, que nem mesmo os irmãos alienígenas saberiam contornar. Seria, uma reação tão desastrosa e imprevisível, que possivelmente, em questão de segundos, despencaria gente para tudo enquanto é lado. O mestre astrônomo, coitado, teria que se virar sozinho, pois, certamente, ficaria abandonado dentro do carro, a mercê dos possíveis ET’s ou mesmo de quem fosse. 

Foi naquele exato momento que nosso motorista, articulando intimamente a possibilidade de outra retirada de emergência, foi logo pedindo que todos entrassem novamente dentro da Vemaguet. O Velho Mestre, não gostando em nada da ideia, ficava a resmungar insatisfeito, dizendo que estava muito abafado, e que não caberia tanta gente dentro do carro. Enquanto resmungava, simplesmente era espremido e sufocado num canto do banco dianteiro da Vemaguet.

Após todos entrarem, nosso motorista, como era de se esperar, afundou novamente o pé no acelerador e, para nossa surpresa e desespero, nos lançou a toda velocidade, AO ENCONTRO DO OVNI!!! Talvez quisesse, de uma vez por todas, acabar com aquela angustiante e interminável tortura e ansiedade. A GRITARIA era geral, e nossos olhos, cada vez mais fixos e arregalados à frente, viam aquele objeto cada vez mais se aproximar. A Vemaguet, de tanto peso e velocidade, começou a cheirar queimado e a tremer sem parar, dando inveja a muito ônibus espacial reentrando na atmosfera. Ela, a Vemaguet, tremendo por fora, e nós tremendo de medo por dentro.

Enquanto isso, a coisa foi se revelando aos poucos. Faltando uns 20 metro para o final da pista, nosso comandante e motorista acelerou ainda mais.  Era tudo ou nada! Uns gritavam, outros tampavam os olhos, alguns até cantavam... Teve gente até se abraçando pra não chorar. 

Faltando ainda uns 10 metros, fizemos uma curva superperigosa à direita e, passando igual a um foguete pelo local, tivemos apenas alguns segundos para visualizar. A velocidade era tanta, que, enquanto íamos, já estávamos voltando. O tempo de observação foi mínimo, mas suficiente para começar a nos revelar o tão esperado MISTÉRIO...
Foi quando alguém sentado no banco de trás manifestou-se naquela confusão, fazendo a mais inesperada das observações:
-       Hiiiiiii!!!!!! Tem placa... E acaba com nove!
-       Tem o quê??? - gritou o velho astrônomo.
-       Sei lá! Acho que foi ilusão de ótica! - retrucou um de nós!
-       Com placa ou sem placa, não sou eu quem vai voltar pra ver! – bradou o nosso motorista, batendo em retirada a uns cem por hora. 

Daí pra frente, creio que vocês já imaginam. Diante de uma decepcionante, mas aliviada surpresa, o que aconteceu, realmente, é que nos deparamos, frente a frente, com uma KOMBI, isto mesmo!!! UMA KOMBI!!! Estava ela há mais de duas horas estacionada naquele lugar, de luz acesa. Provavelmente, um casal de namorados que, certamente alheios e indiferentes a tudo e a todos, tranquilamente se amavam. Do lado de fora, ao relento, é que a coisa realmente pegava fogo, pois alguns lunáticos malucos corriam desenfreadamente, atrás do nada, para chegar a lugar nenhum. 

Vendo de que realmente se tratava, nossa decepção foi tanta, que um profundo silêncio tomou conta de todos naquele momento. Ninguém falava nada e muito menos olhava para o outro. Enquanto a Vemaguet ia, aos poucos, perdendo velocidade, já se podiam escutar algumas tímidas risadas. 

O velho astrônomo, ainda mais decepcionado e pulverizado de poeira, tossindo sem parar, não mexia um único fio de cabelo. Estático, olhando duro para frente, com a cabeça branca de sujeira, resmungava baixinho, algumas palavras, que mais pareciam:
- ME DEIXEM EM CASA POR FAVOR!  

Imagino que, provavelmente, seus pensamentos, naquele instante, eram de absoluta e profunda preocupação. Acaso uma notícia dessas vazasse, seria para ele um verdadeiro escândalo, principalmente perante seus colegas e antigos alunos da comunidade científica brasileira. Imaginem... PROFESSOR, CIENTISTA E ASTRÔNOMO SAIU DE SUA CASA À NOITE PARA FAZER CONTATOS IMEDIATOS COM UMA KOMBI. E o subtítulo: NA RETAGUARDA, SEGUIU COM ELE UM BANDO DE RAPAZES MALUCOS QUE NÃO TINHAM O QUE FAZER”. Coitado!!! 

Quando o levamos para casa, era de dar pena, pois, assim como nós, estava de poeira da cabeça aos pés. Quando tirou os óculos para limpá-lo, havia até um círculo branco em volta de seus olhos. Sem dar uma única palavra, e sem mesmo olhar para trás, foi rapidinho entrando pelo portão, amparado pelo filho. Mais tarde é que ficaríamos sabendo que ele, na verdade, achou tudo o maior barato e que tinha se divertido bastante. 

Na realidade, éramos nós que, para ele, NÃO FAZÍAMOS PARTE DESTE MUNDO (palavra de astrônomo).

Para finalizar, ainda teríamos uma última surpresa, pois nosso amigo astrônomo, após revelar os negativos, observou que não saiu absolutamente nada. Interessante que ele era extremamente hábil e experiente em fotos de altíssima dificuldade e precisão. Entre os mais místicos, o MEGAEFEITO MAGNÉTICO da nave teria levado as fotos a se queimarem, e o que houve mesmo, naquela noite, foi a MATERIALIZAÇÃO do objeto voador não identificado em uma KOMBI. 

Crônica: Serjão Missiaggia
Foto     : fotomontagem de Jorge Marin em foto de Marcus Martins

2 comentários:

  1. Kkkkkkk, tenho que rir dessa estória, pois, na verdade, conheço todos os atores acima citados.. Que vergonha!!!!! Realmente faltava o que fazer.... Estudar e trabalhar ninguém queria...
    Mas, uma coisa pude notar: o autor desse texto pode escrever um livro no nível do Sidney Sheldon e não ficarei surpresa se o mesmo virar um best-seller....

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    1. Silvana,

      Se todo mundo ficasse só estudando e trabalhando, não teríamos estas histórias para contar hoje.

      E aguarde, pois vem aí, Serjão Sheldon com o livro: "Lembranças da Meia-Noite, Atrás da Fábrica".

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