quarta-feira, 30 de setembro de 2015

NOSSO CLUBE DE LEITURAS E O CONVITE INESPERADO


Pra terminar, e ainda lembrando algumas passagens pitorescas de nosso inusitado grêmio literário, não tive como esquecer quando, certa vez, fomos convidados a fazer uma apresentação para a turma da primeira série. Chique, não? Se bem que não teríamos que andar muito, pois a tal sala ficava bem do outro lado do corredor.                                       

Esse convite nos foi feito por nossa eterna mestra de português, dona Cinila, que na época, era a professora apenas da referida sala. Mas, ainda antes, gostaria de lamentar a ausência de alguns colegas nessa fotografia, entre eles o protagonista principal destas histórias. Será que, no momento da foto, estaria descansando naquela bela matinha do colégio, que terminava na Travessa Padre Condé? Mas, isso já é outro assunto.

Convite feito, convite aceito, e pra lá nos dirigimos, pasmem, sem um ensaio sequer! Seria barbada, pensávamos nós. Afinal de contas, não haveria o que se preocupar e muito menos ficar ensaiando, pois era uma apresentação pra garotada de primeiro grau, e iríamos, com nossa “vasta” experiência, dar aquele show.  E foi justamente aí que nos estreparíamos mais uma vez!

Quando chegamos, e ainda do lado de fora, percebemos, antes de entrar, que a coisa era bem mais solene do que imaginávamos, e que outras séries e professores haviam também sido convidados. O clima de seriedade reinante não estava nada favorável, principalmente, diante da expectativa de uma bela apresentação daqueles que já estariam na terceira série. Nós, claro!

Quando a mestra nos viu, foi de imediato anunciando nossa presença e nos convidando a entrar. Fazendo nossa apresentação, solicitou a todos que permanecessem em absoluto silêncio e prestassem bastante atenção, pois iriam assistir a uma verdadeira aula de clube de leituras. Para completar, disse que aquela seria uma ótima oportunidade para que pudessem aprender com os mais tarimbados. ”Tamo” lascado, alguém sussurrou no meu ouvido! Pior, é que estávamos mesmo!

Pra variar, não havia até o presente momento, nada ou quase nada programado e muito menos um santo roteiro em minhas mãos. Como iria me orientar, ou simplesmente, dar início à reunião? Só não poderia perder a pose, pois, como “chefe de estado” eleito democraticamente por maioria dos votos mais um, minha obrigação seria a de conduzir serenamente a turma. E foi o que eu fiz, ou pelo menos, tentei fazer.

Silêncio total e, sob uma imensa expectativa da meninada e demais convidados, lá fui eu sentar mais uma vez à mesa. Até então, única certeza que tinha era soltar, em alto e bom som aquela velha e celebre frase: ESTÁ ABERTA A SESSÃO. E assim foi.

Diante de salva de palmas, alguém sorrateiramente aproveitou o momento, e me passou um papel por debaixo da mesa. Fui tomado de certo alivio, pois sabia que, possivelmente, seria o roteiro que teria que seguir.

Gelei de vez ao perceber que nossa última atração seria, nada mais nada menos, do que Lelé Bellini contando piadas. Meu Deus!  Isso é nitroglicerina pura! E se ele resolver contar novamente aquela da CANDINHA SAFADINHA? Pior que eu já havia tomado lugar à mesa, e não haveria como interceptá-lo.

Enquanto algumas atrações iam rolando normalmente, eu ficava tentado com bastante sutileza me comunicar com ele. Pra piorar ainda mais a situação, sentou-se justamente na última carteira e, com a cabeça baixa, possivelmente ensaiando a Candinha, pouco atinava para meus dramáticos apelos. Candinha safadinha não! Candinha safadinha não! Tentava em vão alertá-lo com gestos e sinais, toda vez que olhava pra mim.

Não teve jeito mesmo e, após anunciá-la como última atração, pensei comigo: seja o que Deus quiser. Afinal de contas, uma Candinha a mais, uma Candinha a menos, não fará diferença mesmo. Foi quando, pra minha sorte, ao passar frente à mesa, num último e dramático apelo, sussurrei ventricularmente em sua direção: “Candinha não! Candinha não!” E assim fui salvo na última volta do ponteiro.

Ainda pra terminar, teríamos que ficar e assistir à apresentação da meninada. Não diria que aprendemos com eles, mas foi um verdadeiro passeio, pra não dizer, um humilhante show de bola. Antes tivesse liberado a Candinha! 

Crônica: Serjão Missiaggia
Foto     : acervo do autor

segunda-feira, 28 de setembro de 2015

BELEZAS DA TERRINHA


PRIMAVERA EM SÃO JOÃO.

Foto: Serjão Missiaggia

CASOS CASARÕES & seus detalhes misteriosos ???


QUEM SABE ALGUMA CURIOSIDADE SOBRE ESSE PRÉDIO ???

ARVOREDO DA SEMANA PASSADA - Evanise Rezende e Rita Knop Messias foram as primeiras a reconhecer aquela árvore maravilhosa em frente à Policlínica.

Foto: Serjão Missiaggia

CASOS CASAS & mistério ???


QUE LUGAR É ESSE ???

ACERTADORES DA SEMANA PASSADA - Marcelo Oliveira, Maninho Sanábio e Luiz Carlos Moura foram os primeiros a reconhecer a árvore que fica perto do campo do Operário, na subida do Hospital. Quanto à espécie de árvore, segundo o Serjão, que, além de fotógrafo, é assessor para assuntos botânicos do Blog, NÃO é nem ficus e nem eucalipto, ok?

Foto: Serjão Missiaggia

sexta-feira, 25 de setembro de 2015

TÓCHICOS - O Início da Dependência


Meu primeiro contato com as drogas ocorreu quando eu era ainda muito jovem, bem jovenzinho mesmo. Lembro-me que, meio cansado e abatido, fui levado pela minha mãe a um lugar onde um homem idoso (que depois vim a saber que era o senhor Dario Medina), ferveu umas coisinhas numa pequena caixa de metal.

A princípio, achei bonito, pois a chama azul parecia muito com a do nosso novo fogão a gás que a minha mãe me proibia de brincar perto. Mas, meus amigos, quando o homem tirou as coisinhas lá de dentro, é que fui ver o tamanho da agulha! Já fiquei assustado, mesmo sem saber onde é que iriam enfiar aquela pequena espada.

Mas, aí é que o trem complicou de vez, pois, num golpe espetacular, minha mãe me deu uma gravata (digna do lutador Ted Boy Marino), baixou minhas calças, e o velho passou um algodãozinho gelado e tascou aquela agulhona na minha bunda. E, o pior de tudo, eu ainda não havia aprendido nenhum palavrão pra gritar naquela hora!

Passado o meu choro, e descendo a Rua do Totó meio capenga, percebi que a minha chieira estava passando e tive vontade até de correr. Minha mãe me segurava pela mão e disse que iríamos pra casa comer o meu prato favorito, que era pão com linguiça e tomate.

Depois desse episódio, ainda tive contato com muitas outras drogas, umas boas, outras nem tanto. Minha mãe parecia extasiada, pois parecia que, finalmente, sua asma teria cura e, o que é mais importante, eu não iria sofrer o que ela sofreu quando criança.

E assim, juntos, fomos viajando no mundo das drogas. Tão logo aprendi a ler, descobri que o sô Dario consultava o nome daquelas coisas que, graças a Deus, não apresentavam muitas injeções, num livrão chamado “productos medicinaes, compendiados em o Pharol Medicinal”.

Sei que quase todos vocês também já tiveram experiências com drogas, como: os xaropes Benadril e Ambenil (tão gostosos que sempre arrumávamos uma tosse para tomá-los), o Elixir Paregórico (da mesma forma, sempre reclamávamos de dor de barriga), pastilhas Milma e Malvona, Vick Vaporub à base de cânfora, o Chophytol feito de alcachofra, as Pílulas da Vida do Dr. Ross, as Pílulas de Lussen (que faziam o xixi ficar azul). E mais: Pondicilina, Optalidon, Astringosol, Peitoral Pinheiro, e o nojento Colubiasol (eca!).

Um dia, já maiorzinho, e consumidor frenético de drogas, ouvi minha tia Ceição dizer que, na missa, o padre Oswaldo havia dito que havia uns remédios, iguais a esses nos quais “nadávamos”, que eram do mal: eram os “tóchicos” que, segundo ela, obrigavam as pessoas a cometer pecados.

Pensei: puxa, que pena! Logo agora que eu havia descoberto a dimetilaminofenildimetilpirazolona! Era uma droga que o pai tomava: a Cibalena! Semana que vem, podem voltar, que tem mais drogas aqui.

Crônica: Jorge Marin

quarta-feira, 23 de setembro de 2015

NOSSO CLUBE DE LEITURAS


Continuando então com alguns causos pitorescos de minha incrível turma de 1972, contarei um pouco sobre nosso famoso clube de leituras. Mas, ainda antes, gostaria de abrir um pequeno parêntese pra ratificar o quanto alegre e descontraída era esta pequena sala. É bem verdade que, se por um lado poucos pegavam firme nos estudos, por outro, éramos bastante unidos, divertidos e, acima de tudo, respeitosos com os mestres e, principalmente, com aquela que seria nossa segunda casa.

Voltando então com o causo, tudo começou quando me vi, repentinamente, eleito presidente do clube leituras. Para ser sincero, sabia de antemão que haveria eleição para compor a diretoria, mas não tinha conhecimento que eu estaria incluído numa lista de pretendentes ao “cargo máximo”. Ainda mais surpreso fiquei quando, dias depois, lá estava meu nome estampado no quadro negro como presidente eleito. É agora que me lasquei de vez, pensei!

Os demais integrantes do diretório eram fantásticos e me traziam tanta segurança que, na estreia, já ocupando meu lugar a mesa, ainda não havia um santo papel em minhas mãos, para que pudesse dar início àquela que seria a nossa primeira reunião. Minhas secretárias, já um tanto apavoradas, na tentativa de terminar a o roteiro de apresentações, ficavam a me sinalizar a todo o momento, pedindo que eu fosse enrolando um pouco mais, pra que, desta forma, elas pudessem ganhar um pouco mais de tempo.

Assim, a única coisa que me veio à cabeça naquele momento foi convidar nosso mestre de português pra compor a mesa. Diga-se de passagem, grande amigo e excelente professor.   Foi quando, diante de salvas de palmas, alguém aproveitou o momento para arremessar o esperado roteiro em cima de mim. Um tanto aliviado, pois pelo menos já haveria um script a seguir, anunciei em alto e bom som que aquela que seria nossa primeira atração, ou seja, o Guilherme Belini pra contar piadas.

Como já conhecia a figura de longas datas, pensei comigo: “isso não vai dar certo”, enquanto vinha ele todo empolgado, subindo no tablado, com uma pequena listinha na mão. “E vem coisa cabeluda aí”, tornei a pensar.

Por incrível que pareça, sua apresentação até que começou bem light e nosso professor de português, que, na época, já estaria prestes a terminar o seminário, permanecia “relaxadamente” ao meu lado, fazendo algumas anotações.  Na verdade, estava mesmo era de “oreia” em pé em tudo que fazíamos, pois tinha plena consciência que, de uma hora pra outra, tudo poderia sair de controle.

Piada vai, piada vem, e a coisa começou a esquentar de vez. Percebia-se nitidamente que, além de certa inquietação, uma repentina mudança de cor para um tom avermelhado começava chamar a atenção no rosto de nosso professor. Meio desassossegado na cadeira, enquanto não parava de olhar o relógio, ficava num incansável cruza e descruza de pernas.  

Enquanto isso, nosso contador de piadas, cada vez mais empolgado, ao começar a sapecar uma daquelas bem apimentadas, seria interrompido repentinamente pelo mestre que, após um salto da cadeira, gritou bem alto: Pode parar! Pode parar!  Vamos parar com isso enquanto é tempo! E a piada da CANDINHA SAFADINHA, infelizmente, teve mesmo que ficar pela metade.
Sob uma calorosa salva de palmas, fui rapidinho anunciando a segunda atração.

Dias depois, fomos convidados a fazer uma apresentação pra turma da primeira série e, pra variar, alguns “pequenos” contratempos também aconteceriam. Semana que vem eu conto.

Crônica: Serjão Missiaggia
Foto     : Facebook                                

segunda-feira, 21 de setembro de 2015

BELEZAS DA TERRINHA - Especial DIA DA ÁRVORE


DELÍCIA DE SOMBRA!!!

Foto: Serjão Missiaggia

ÁRVORES ARVOREDOS & seus segredos - Especial DIA DA ÁRVORE


QUEM CONHECE ALGUMA HISTÓRIA DESSA ÁRVORE ???

CASARÃO DA SEMANA PASSADA - o Bistrô Carolina, na praça em frente à Matriz, foi reconhecido por muita gente. Os três primeiros a acertar foram:

1) Rita Knop Messias - "Quem morou foi Carolina Fan e seu clã. Frequentei muito, pois eu e os mais velhos tínhamos tia Osória e tia Filinha em comum";

2) Maria da Penha Santiago - "Eu com grandes amigas"; e

3) Maíza Knop - "Já frequentei e hoje frequento sempre!!! Lugar que gosto muito, todos meus amigos, me sinto em casa no Carolina Bistrô".

Foto: Serjão Missiaggia

CASOS CASAS & mistério ??? - Especial DIA DA ÁRVORE


QUE ÁRVORE É ESSA AÍ ??? - ONDE FICA ???

ACERTADORES DA SEMANA PASSADA - muita gente reconheceu, mas a verdade é: quem, em São João, não conhece o Heleno de Freitas? Mas o causo "extraoficial" mais interessante foi trazido pela Mika Missiaggia Velasco:
- "Não sei se é verdade, mas sempre ouvíamos dizer que ele (o Heleno) pegava uma moto e partia desde a rua do Sarmento, hoje Calçadão, subindo em disparada todo o morro do São José. Será verdade? Herilene de Freitas ou Helenise de Freitas devem saber se é verdade ou não."

O "causo" foi confirmado pela Rosana Maria Girardi Reis que disse ter escutado muitas histórias do Heleno de Freitas, contadas pelo seu pai, o Floretinho.

Foto: Serjão Missiaggia




sexta-feira, 18 de setembro de 2015

LEIO. LOGO, DUVIDO!


Tô eu tranquilo em minha humilde residência, exercendo aquele sábio costume mexicano que se chama siesta após o almoço, quando toca o interfone. Atendo, já meio contrariado, quando uma voz pergunta:
- Aí é o apartamento do seu Sebastião? – e, já impaciente, respondo:
- O Sebastião é no 502.
Mas o cara lá embaixo não desiste:
- Aqui no meu documento de entrega diz que ele mora no 401!

Nessa hora, confesso que, um pouco sem paciência, desligo e fico pensando: o que será que esse despertador de aposentados pretende? Será que ele quer que eu suba lá no apartamento 502 e traga o Sebastião para morar comigo? Ou será que ele quer que eu mude meu nome para Sebastião para que, conferindo com o seu documento de entrega, ele possa entregar a encomenda que eu não pedi?

Pode parecer bizarro, mas um grande problema atual, talvez um dos maiores, é a tendência que temos em acreditar no que está escrito. Antigamente, talvez tal costume fosse até justificável pois, como a maioria das pessoas não sabia ler, quando algum douto leitor falava, todos acreditavam.

Mas, nos dias atuais, me parece uma bizarrice. Cito um exemplo: um dos temas mais discutidos, a questão da condenação do homossexualismo na Bíblia, é respaldada num trecho do Levítico (originalmente um manual de normas de uma das tribos de Israel): “Não se deite com um homem como quem se deita com uma mulher; é repugnante”.

Essa máxima é citada como se fosse uma condenação eterna. No entanto, quem se dá ao trabalho de conferir a escritura, antes de condenar, vai ver que esse capítulo 18 é um manual que recomenda aquelas pessoas com as quais não devemos nos envolver sexualmente. São as seguintes: a sua mãe (bem freudiano, não é?), a sua madrasta, a sua irmã, a sua neta, a sua tia, a sua nora, a sua cunhada, uma mulher e a filha dela ao mesmo tempo, uma mulher menstruada, a mulher do próximo, o citado outro homem e um animal.

Nós, casados, só podemos fazer sexo com a nossa própria esposa e, mesmo assim, para reprodução. A esposa é descrita, em Provérbios 5:19, como: “amável corça, graciosa cabra-montesa. Que os seus seios o satisfaçam todo o tempo. Que o amor dela sempre o extasie”. Por aí, também dá pra ver que teremos problema, pois, ao exortar a nossa amada, após concluídas as tarefas do dia, para nos extasiar como “está escrito”, dizendo:
- E aí, cabra-montesa, vai rolar? – possivelmente, teremos algum tipo de concussão.

A própria Bíblia, nos Salmos 14 e 53, diz “Deus não existe!”. Quando leio esse trecho, até meio profano, sou despertado da minha viagem pelo barulho estridente do interfone. É o tal entregador:
- O sô Sebastião já chegou? - corro para a Bíblia e procuro, avidamente, aquela parte dos raios caindo sobre a terra. Acho que é no Pentateuco.

Crônica: Jorge Marin
Foto: cena da peça Hermanoteu na Terra de Godah, da Companhia de Teatro Melhores do Mundo, disponível em http://portalpopcorn.com.br/her%C2%ADma%C2%ADno%C2%ADteu-na-terra-de-godah-retorna-ao-citi%C2%ADbank-hall/ 

quarta-feira, 16 de setembro de 2015

CUTUCADA FATAL DO SÔBI


Semanas atrás, ao observar a imagem dessas relíquias de carteiras, numa postagem de nossa amiga Delma Oliveira, não tive como deixar de lembrar um causo pitoresco, que aconteceu naqueles bons tempos de ginásio. E a coisa teria transcorrido mais ou menos assim:

Era inicio da década de setenta e eu, no terceiro ano ginasial, fazia parte de uma pequena sala. Além de reduzida no número de alunos, era também pequenina em seu espaço físico. Por sinal, uma turminha fantástica e que muito me marcou, pois, além de ser uma classe bem agitadinha e quase na sua totalidade ecologicamente incorreta, era muito divertida.

Mas,era justamente em função desse perfil que, vez ou outra, a coisa também ficava “braba” pro nosso lado.

Já havia carteiras mais modernas do ginásio, inclusive aquelas individuais, mas nossa salinha ainda permanecia com as mais antigas. Foi quando, certa vez, juntamente com meu inseparável parceiro de assento (só não direi que era o Lelé Bellini), descobri que alguns parafusos meio frouxos começavam a aparecer naquela em que sentávamos. Aí, um olha pra um e o um olha pra outro e resolvemos, repentinamente, no intervalo entre uma aula e outra, fazer o óbvio, ou seja, fazer o desmonte da referida carteira. O desafio seria desmontá-la e remontá-la em tempo hábil e, se possível, retirando todos os parafusos.

Já próximo de começar a aula seguinte, que, coincidentemente, era de geografia com nosso eterno e saudoso mestre Sôbi, praticamente já havíamos retirado quase todos, inclusive aqueles que compunham e davam sustentação à parte dianteira da carteira. Nossa intenção seria de reparafusá-la ainda antes que o mestre entrasse

Mas, qual não teria sido nossa surpresa quando, assim do nada, ele adentra pela sala um pouco mais cedo?  Na tentativa de despistar, não tivemos outra alternativa a não ser a de apoiar o tampo com as coxas e ficar segurando as laterais com as mãos. Do contrário, ela desarmaria toda.

Enquanto o suor começava a escorrer pela testa, para piorar ainda mais a situação, o mestre, num daqueles dias de muito humor, começou a percorrer e a brincar de fazer cócegas em seus anjinhos. Vez ou outra, ele gostava de fazer isso, pois se divertia muito. A brincadeira consistia em chegar sorrateiramente por detrás de algum aluno e, numa súbita cutucada próxima às axilas, fazê-lo, no susto, dar aquele salto.

E meu suor aumentava mais e mais, pois, cosquento assumido, sabia que chegar minha vez seria questão de minutos.

E num deu outra, quando, após uma bela cutucada debaixo do braço direito, me vi diante de um pinote de quase meio metro, largar as laterais e ainda no reflexo chutar o tampão pro alto. E a carteira, literalmente, desabrochou-se, espalhando toda pelo chão. Quando demos por nós, estávamos simplesmente sentados no banco e sem a parte frontal da carteira. E o que é pior, diante do Sôbi!

Pra nosso espanto, o mestre, simplesmente, caiu em gargalhadas. Confesso que nunca o havia visto rir tanto. Com certeza, imaginou que teríamos sido apenas vitima da brincadeira ou de uma carteira que, possivelmente, já deveria estar precisando de uma boa reforma.

Recolocamos os parafusos imediatamente no lugar, pois, na aula seguinte, haveria prova, e aqueles buracos dos tinteiros eram fundamentais pra que pudéssemos ter visão das colinhas, que ficavam estrategicamente apoiadas sobre nossos joelhos.

Acabei de me lembrar de nosso inusitado CLUBE DE LEITURAS. Contarei na próxima semana!

Crônica: Serjão Missiaggia
Foto     : Facebook da Delma Oliveira 

segunda-feira, 14 de setembro de 2015

BELEZAS DA TERRINHA


CIDADE E MONTANHA

Foto: Serjão Missiaggia

CASOS CASARÕES & seus detalhes misteriosos ???


QUEM VIVEU UM BOM MOMENTO AÍ ???

CASARÃO DA SEMANA PASSADA - a casa próxima à Capelinha de Nossa Senhora Aparecida foi reconhecida pela Maíza Knop que disse ter sido, por muitos anos, a casa de seus avós. Ângela Márcia Moraes se lembrou de ter brincado muito no quintal da casa.

Foto: Serjão Missiaggia


CASOS CASAS & mistério ???


QUEM CONHECE ALGUMA HISTÓRIA DESSE CIDADÃO QUE ESTARIA COMPLETANDO 95 ANOS ???

ACERTADORES DA SEMANA PASSADA - obviamente todos conheciam o local da foto (Trombeteiros), mas pedimos a explicação da cena, e as melhores foram:
-"O cavalo tá esperando o Oscar pra tentar ganhar um ingresso pro baile" - Sílvio Heleno Picorone
- "Se a foto foi em um domingo, o cara parou de bobeira pra usar o wifi de graça do Coronel. Agora, se foi dia de semana, ele deu um pulinho na Energisa pra reclamar de algo" - Maninho Sanábio.

Foto: Serjão Missiaggia

sexta-feira, 11 de setembro de 2015

O DIREITO DE SER TRISTE


Recebo um convite para participar de um seminário num hotel de Juiz de Fora, onde poderei, através de técnicas adequadas, desenvolver a minha autoestima. O evento, pelo que se descreve, vai juntar alguns dos papas da ativação neuronal ensinando a ativar o cérebro para, entre outras coisas, a pessoa gostar mais de si.

A verdade é que eu já gosto de mim, apesar de algumas escolhas malfeitas na juventude, como, por exemplo, não ter me tornado rico. Além disso, naquele tempo, quando eu era adolescente lá em São João Nepomuceno, essa coisa de se destacar sobre os outros era chamada de vaidade, e era pecado mortal.

Diziam que Lúcifer, um dos anjos mais resplandecentes das hordas celestes (ele era o “portador da luz”, daí o nome), caiu em desgraça a partir do momento em que, contemplando-se no espelho, se achou tão belo quanto Deus e usou o pronome “eu”.

O espelho, como se sabe, e a madrasta da Branca de Neve não me deixa mentir, é aquela ferramenta que, sempre, nos diz que somos os mais belos, embora um detalhe muito importante deva ser adicionado: mais belos do que uma pessoa que me é próxima.

E é aí que o bicho pega, pois somos capazes de aceitar a beleza ou o sucesso de uma pessoa na Dinamarca, mas a compra de um carro novo pelo cunhado nos incomoda profundamente. Por isso, temos a compulsão de tentar provar para nós mesmos, e para o mundo se possível, que estamos superbem, superfelizes e realizados. Ou, conforme o tal curso, com a autoestima lá em cima!

Mas, afinal de contas, qual o propósito disso tudo? Ao nos compararmos com os outros, é inevitável que encontremos pessoas melhores do que nós em determinados aspectos, ou em muitos aspectos, assim como pessoas que julgamos menos brilhantes do que nós.

Será que esse fato faz com que os outros sejam o nosso inferno como queria Sartre? Ou será essa diversidade um motivo a mais para viver plenamente a vida. Pois não se trata de “aceitar” ou “suportar” pessoas mais ou menos brilhantes. A questão até de sobrevivência é saber que nossa existência na terra depende da presença de sujeitos totalmente diferentes de nós.

Então, não é o caso de, por exemplo, aceitar gays, tolerar fanáticos religiosos, deixar de criticar pessoas que não gostam de trabalhar e ser bom com os pobres. A vida é uma negociação dura e constante. Melhorar a autoestima, num momento em que todos estão em crise, só vai te transformar num maníaco bobão. Sentir-se triste e abatido, num momento de dor, é um direito seu.

Crônica: Jorge Marin
Foto     : frame do filme Luzes da Ribalta 

quarta-feira, 9 de setembro de 2015

ÚLTIMA FORMAÇÃO E HINO DO PITOMBA


Essa foto retrata, quase que fielmente, a útima formação do Pitomba. Infelizmente, na oportunidade, não tivemos a presença do ZÉ NELY e PAULINHO, além dos nossos amigos e importantes colaboradores CAPANGA e IKO VELASCO.
  
Foi naquela ocasião que o grupo começou a compor suas próprias canções e alguns instrumentais. Músicas como GEN NINI, ROSA DE JERICÓ, FLORES MORTAS, VERDE E TEMPO, fizeram muito sucesso, sendo que CANTO LIVRE, de construção coletiva, teria sido a composição que mais nos marcou.
   
A apresentação mais importante dessa nova fase foi a que fizemos nos Trombeteiros em 1978, quando, pela primeira vez e ao vivo, apresentamos a nova formação, juntamente com músicas e instrumentais de nossa própria autoria.

Enquanto belos textos iam sendo intercalados entre as canções, um incrível visual ia sendo simultaneamente projetado no fundo do palco. O show foi todo ele gravado em fita de rolo, que para a época, foi algo bastante inédito.

Alguns fatos marcantes aconteceram naquela apresentação. Um deles, numa ação também ousada para a época, foi quando, pela primeira vez, juntamos toda aparelhagem da cidade, e fizemos uma ligação em série, o que nos proporcionou uma incrível potência.

Ao contrário dos dias atuais, onde até caixa de fósforos tira fotografias, lamento apenas que nenhuma imagem tenha sido capturada naquela oportunidade. 

                                                  PITOMANIA

 Sempre seremos o que nunca fomos,
Sempre pensamos ser o que nunca podemos,
Nosso mundo é irreal,
Nosso som não é normal.

No mundo de sonhos em que vivemos,
Pirados se somos, nem mesmo sabemos,
Mas somos um só, onde é que estamos,
Até o compasso, sempre juntos erramos.

Nascemos mortos, mas... Morremos vivos,
Tudo se foi e nem partimos.

Falso ou verdadeiro, quando tocamos, ficamos por inteiro. (REFRÃO)

Crônica e hino: Serjão Missiaggia
Foto                : acervo do autor

segunda-feira, 7 de setembro de 2015

BELEZAS DA TERRINHA


MATRIZ, SEMPRE UMA BOA LEMBRANÇA

Foto: Serjão Missiaggia

CASOS CASARÕES & seus detalhes misteriosos ???



QUEM CONHECE ALGUMA HISTÓRIA DESSE CASARÃO ???

CASARÃO DA SEMANA PASSADA - a casa na Rua Comendador Francisco Ferreira, ao lado do antigo Cine Brasil, foi reconhecida por várias pessoas: Evanise Rezende, Marcelo Oliveira, Zezé do Couto Ciscoto e Aline Manuella Costa Cardilo que disse ser a antiga casa da família Girardi.

Nei Ângelo e Luiz Carlos Moura lembraram-se da sua tia Cotinha que, na varanda, tentava identificar qual era o neto da dona Esmeralda, perguntando:
- Você é de quem?

O Luiz Carlos, acostumado a caminhar pelas ruas da Garbosa, ainda deu a lista dos vizinhos:
- Rua onde morava o sr. Bermudes, o Dr. José de Castro Azevedo, a Megraf e a família Furlan. Boas lembranças!

Foto: Serjão Missiaggia

CASOS CASAS & mistério ???


QUEM AÍ EXPLICA ESSA CENA SANJOANENSE ???

ACERTADORES DA SEMANA PASSADA - o Maninho Sanábio acerta todas, mas, desta vez, nos deixou perdidos: ele disse, sobre o mistério da semana passada, que "essas caixa d'água ficam no final da rua onde o sr. Roney, pai do Marcelão, morava. Agora, esse telhadinho na frente, o bicho pegou kkkk... Vou dar um chute, telhado do prédio onde fica a padaria Moderna no final da Rua Nova".

Ele está certo, pois os telhado são mesmo da Rua André Gotti, aquela primeira à direita de quem desce o morro da Matriz. Porém, não sabemos sobre o telhadinho da frente, mas, confiando no conhecimento do Maninho, podemos afirmar que é mesmo o telhado da padaria e que a resposta está EXATA.

Alguns minutos depois da resposta do Maninho, a Evanise Rezende, que também acerta todas, informou: "meu morrinho, telhado da casa do Manoel do Pimpa e Denise Abreu".

Foto: Serjão Missiaggia

sexta-feira, 4 de setembro de 2015

O VEADO


Véspera de feriadão, sou obrigado a remarcar alguns pacientes de segunda para hoje. Entre eles, esse moço aí do título. E, antes que me condenem pela incorreção no uso do termo, quero dizer que tem um motivo que vocês verão mais adiante.

Ele chega sempre uns cinco minutos adiantado e, tenso, não se senta: fica consultando o celular, passando mensagens e andando de um lado para o outro. Não o chamo imediatamente assim que chega a hora marcada e esses dois minutos de espera parece que lhe são séculos de sofrimento.

Com respiração ofegante, finalmente entra no consultório e, enquanto não fecho bem as duas portas, não começa a falar. Ainda gagueja um pouco:
- O... pastor disse que acha des... necessário eu ficar fazendo análise.
Pergunto:
- Você contou que estava? – ao que ele responde:
- Não, foi a minha (pausa) mãe.

Apesar da designação preconceituosa, devo dizer que é um moço elegante, altivo. Usa roupas discretas, embora o tênis seja um tanto estrambótico, pois, apesar de lembrar uma botina, é excessivamente colorido (diz ele que o modelo é Air Royal).

O motivo que o trouxe até aqui, a queixa principal era uma demanda da mãe que, segundo ele, estaria inconformada pelo fato de, aos vinte e dois anos, ainda não ter uma namorada. “Nem beijar na boca, eu beijei”, confidencia-me, e baixa os olhos como se isso fosse a maior vergonha do mundo.

- Acredita que eu nunca fiquei com uma menina? – pergunta. Devolvo:
- E com meninos?
- Como assim? – desconcerta-se.
- Você disse que nunca ficou com uma menina e eu perguntei: e com meninos? – repito.
- Sim – responde, e é como se tentasse falar alguma coisa, mas a voz não saía. Tento ajudá-lo:
- E???
- Foi bom – conclui.

Percebo o motivo do xingamento que, segundo ele, lhe fizeram na faculdade e, como não conseguia articular o nome, escreveu numa pequena folha de papel a palavra “veado”, assim mesmo com esse “e”.

Está mais calmo, mas insiste na questão:
- Eu preciso arrumar uma namorada. Só assim minha mãe vai ter paz e, quem sabe, entrar na igreja de cabeça erguida. Será que vai demorar?

Sem perceber, encerro a sessão um minuto mais cedo. Ele sofre, mas admiro a sua coragem de vir. Pela persiana, entreaberta, prenuncio grandes turbulências.

Crônica: Jorge Marin
Foto: frame do filme “Brokeback Mountain”

quarta-feira, 2 de setembro de 2015

BRINCADEIRA DANÇANTE: A BATIDA DE LIMÃO


Então, pra terminarmos com esta série de postagens, em que, a pedido de alguns leitores, relembramos um pouco sobre as BRINCADEIRAS DANÇANTES ao som do Pitomba, contarei, de forma resumida, aquela que, para nós, foi a mais famosa.

Tudo aconteceu em 1972, quando, para comemorar o aniversário de dois componentes do grupo e de um amigo, nos apresentamos naquele varandão da casa de meus primos, bem ali na subida do morro do hospital. E, pra variar, alguns fatos pitorescos e até mesmo catastróficos vieram a acontecer.

Naquela apresentação, alguns componentes passaram o dia fazendo batida de limão, sendo que, a cada minuto, era feita a prova da dita cuja. Experimenta daqui, experimenta dali, e este pequeno descuido veio a nos causar um terrível desastre na hora do show (Meus queridos tios que o digam!).

Para começar, e sem prévio aviso, foi colocada uma corda, separando o palco da pista de dança. A intenção seria organizar melhor o ambiente em função da grande multidão que não parava de chegar. Acho até que teria sido uma excelente ideia, se não fosse pelo simples detalhe de ter dificultado a chegada de alguns componentes aos instrumentos. Principalmente, aqueles que passaram o dia experimentando a tal batida.

Durante a apresentação, nosso técnico em iluminação, com tanto lugar para se aliviar, foi resfolegar seu excesso, em forma de vômito, justamente em cima da tumbadora, ou melhor, num surdo que fazia a vez de tumbadora. Nosso amigo, e não menos componente simbólico do grupo, fingindo estar fazendo percussão e sem que percebesse, ficava a bater no referido instrumento, espirrando aquele negócio para tudo enquanto é lado. Pouco depois, já desmaiado, foi levado para um dos quartos da casa.

Outro colega, que também passou o dia na alquimia da tal batida, foi contratado para gravar o baile; só que, enquanto passeava como um peru tonto pela pista de dança, ficava a rodar o fio do gravador como se fosse laçar alguém. Possivelmente, nem mesmo estaria mais se lembrando da missão que lhe fora conferida.

O baterista executou somente a primeira música, por sinal a única que todos conseguiram tocar juntos. Nessa música, mesmo sentado, o referido instrumentista conseguiu dar um chute na caixa de tarol, que, após passar pelo conjunto e sair rolando pela pista de dança, por muito pouco não desceu escada abaixo.

Nosso solista, um tanto assustado e sem saber o que estaria acontecendo, olhou para  trás e  perguntou:
- O que é isso, minha gente?  - Ao que alguém, lá atrás, respondeu de imediato:
- Escorreguei numa casca de banana!

Nosso guitarrista, ao invés de observar que um baterista, por estar sentado, jamais escorregaria numa casca de banana, simplesmente balançou a cabeça e disse:
- Ainda bem!

Logo depois, para outro quarto da casa, foi encaminhado o baterista, totalmente arriado.

E, já que falamos em escada, muitos foram aqueles que, ao descerem do terraço, não mais retornaram, pois, mesmo que quisessem, jamais conseguiriam encarar o caminho de volta.  Quem subia não descia, e quem descia não conseguia subir mais.

Para agravar ainda mais a situação, estávamos naquela noite estreando nossa poderosa luz estroboscópica de fabricação caseira. Usando uma lâmpada fluorescente de 60wats, deixamos o ambiente tão alucinante, que parecia que o terraço iria decolar de uma hora para outra. Em função disso, teve uma pessoa da família que, ao chegar lá em cima para conhecer a banda, teve que ser amparada e trazida imediatamente de volta a civilização, de tão tonta que ficou,.

O conjunto terminou o baile com dois componentes apenas, e na companhia de um casal de solitários que insistiam em continuar na pista de dança. Coincidência ou não, nenhum dos quatro sobreviventes teria ajudado  a fazer a “mardita” batidinha de limão.

Enfim, um final de noite com muitas baixas e com o pé de boldo do terreiro sem uma folha sequer.

Na próxima semana, faremos um pequeno histórico da última e derradeira formação do grupo.

Crônica e foto: Serjão Missiaggia
Foto-edição   : Jorge Marin

BRIGADU, GENTE!

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