quarta-feira, 26 de novembro de 2014

PROPAGANDA ENGANOSA


Ainda antes de terminarmos com esta seção sobre “meninices”, não tive como deixar de lembrar outro fato interessante que aconteceu ali no inesquecível BECO (Rua Carlos Augusto da Veiga), conhecido ainda hoje como o Beco do amigo Arruda.

E foi justamente no terreiro de sua casa que um episódio, um tanto dantesco, veio acontecer.

Tudo começou logo após acabarmos de assistir àquele desenho animado do Popeye e irmos brincar no terreiro. Éramos três, e, como não poderia deixar de ser, incorporar o velho marinheiro Popeye e suas aventuras era o grande barato do momento.

Foi quando, de cima de uma goiabeira, pude perceber que um de meus coleguinhas, ao se aproximar do canteiro da dona Terezinha, começou a comer desvairadamente uma quantidade enorme de folhinhas de espinafre. Acredito que a intenção era ver “in loco” o efeito mágico daquela hortaliça.

Naquele momento, outro amiguinho, após atravessar a cerca de bambu que limitava com o terreiro de sua casa, apareceu carregando uma enorme e resistente corda bacalhau.  Em seguida, aquele que estava comendo o espinafre, abraçou-se ao tronco de um pé de manga e, com imponência e ares de super- herói, disse para aquele que chegou carregando a corda:
- Agora pode me amarrar!  

E foi o que aconteceu, ou seja, enquanto nosso projeto de Popeye ainda comia as últimas folhas que havia carregado no bolso, várias voltas com aquela resistente corda eram dadas em seu corpo. Como toque final, um baita nó cego.

Bem... as primeiras tentativas em vão de se escapulir dali já anunciavam que algo de muito errado deveria haver com o espinafre da dona Terezinha, ou, na pior das hipóteses, que a quantidade ingerida não teria sido suficiente. Arranques pra cá, solavancos pra lá, e vários vermelhidões pelo corpo já começavam a trazer certo desespero ao heróico prisioneiro.

O espinafre não fazia efeito e muito menos a corda se afrouxava. Arrebentar então, nem pensar!

Como a coisa não se manifestava, o nosso maldoso, porém bem intencionado Brutus, simplesmente atravessou a cerca e foi embora. Alguns tímidos pedidos de socorro já começavam a ecoar debaixo da velha mangueira naquela tarde noite de domingo. 

Como eu já imaginava que sair dali seria apenas uma questão de tempo, ou não, me despedi e cacei também o rumo de casa. Enganei-me redondamente, pois, somente no outro dia, é que ficaria sabendo que o nosso jovem Popeye teria sido encontrado quase duas horas depois.

Detalhe:  amarrado, apavorado e com um monte de folhas de espinafre ainda  no bolso.

Crônica e foto: Serjão Missiaggia.

3 comentários:

  1. kkkkkkkkkkkkkkkkkk..... Rachei de rir aqui gente

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  2. Que triste desilusão!
    Se fosse nos dias de hoje, com essa criançada tão bem informada juridicamente naquilo que lhes convém, talvez até rolasse um processo contra o Popeye por propaganda enganosa e/ou indução à lesão corporal, ou outros termos pomposos.

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    1. Nos dias atuais, provavelmente pela sua silhueta esbelto-raquítica, a heroína da história seria a Olívia Palito, justamente por não comer nada, nem espinafre.

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BRIGADU, GENTE!

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